
Aconselhado por militares, que montaram uma opera��o de guerra para salvar o mandato presidencial, Jair Bolsonaro se distanciou daquela figura explosiva, tida a criar conflitos e criticar outras institui��es, dando lugar a um comportamento mais discreto, equilibrado e moderado nos �ltimos dias.
Preocupado com o futuro pol�tico do governo, o mandat�rio voltou a falar em um “entendimento” com Legislativo e Judici�rio, na �ltima quinta-feira, ap�s semanas de ataques. Diante da mudan�a de postura, a expectativa do Pal�cio do Planalto � de que o Executivo possa, mesmo em meio � pandemia do novo coronav�rus, avan�ar em agendas mais propositivas.
Preocupado com o futuro pol�tico do governo, o mandat�rio voltou a falar em um “entendimento” com Legislativo e Judici�rio, na �ltima quinta-feira, ap�s semanas de ataques. Diante da mudan�a de postura, a expectativa do Pal�cio do Planalto � de que o Executivo possa, mesmo em meio � pandemia do novo coronav�rus, avan�ar em agendas mais propositivas.
Outros movimentos de Bolsonaro contribu�ram para a mudan�a de ares no alto escal�o – desde fatos mais simples, como a redu��o de conversas matinais com apoiadores no Pal�cio da Alvorada, que lhe passaram a fazer cobran�as mais duras, o que o irritou com facilidade, at� decis�es mais importantes, como o n�o atendimento ao apelo da ala ideol�gica para manter no Minist�rio da Educa��o algum “aluno” de Olavo de Carvalho, optando por um nome indicado por militares para substituir Abraham Weintraub.
Paralelamente � transforma��o do presidente, o governo teve “vit�rias” fora do Pal�cio do Planalto que foram avaliadas como um ponto de inflex�o para Bolsonaro: a aprova��o do novo marco legal do saneamento b�sico no Senado – que est� pronto para a san��o presidencial – e a inaugura��o de um dos trechos do Projeto de Integra��o do Rio S�o Francisco.
Ao concluir obra que presidentes passados n�o conseguiram, Bolsonaro animou aliados e ganhou pontos com a popula��o de mais baixa renda, que ser� a principal beneficiada com as medidas.
Ao concluir obra que presidentes passados n�o conseguiram, Bolsonaro animou aliados e ganhou pontos com a popula��o de mais baixa renda, que ser� a principal beneficiada com as medidas.
No meio pol�tico, fica a d�vida de at� quando o presidente manter� esse perfil mais sereno. O temor � de que tudo v� por �gua abaixo devido ao julgamento da pr�xima ter�a-feira, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de duas a��es que pedem a cassa��o da chapa presidencial, formada por Bolsonaro e o vice, Hamilton Mour�o, em 2018.
O chefe do Executivo declarou publicamente a insatisfa��o com o assunto e chegou a sugerir que as For�as Armadas n�o aceitariam que ele perdesse o mandato por motiva��es pol�ticas.
O chefe do Executivo declarou publicamente a insatisfa��o com o assunto e chegou a sugerir que as For�as Armadas n�o aceitariam que ele perdesse o mandato por motiva��es pol�ticas.
Independentemente do que acontecer, o entendimento entre parlamentares � de que Bolsonaro precisa deixar as intrigas de lado. “Ele � o presidente do pa�s, foi eleito presidente da Rep�blica, ent�o, que ele volte as energias para o governo, para a governan�a. Que ele governe o seu governo e que governe o Brasil. � isso que o Brasil espera do presidente”, comenta o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS).
Para o congressista, Bolsonaro “tem de ser mais proativo” e “deveria brigar menos, tendo mais resolutividade”. “Mais respostas � o que a sociedade espera, e menos brigas. Eu sei que o presidente tem um monte de problemas pessoais e tamb�m com familiares, mas, nesta hora, ele tem de olhar para o Brasil, para os brasileiros, e n�o cuidar dos problemas de fam�lia. Ele tem de cuidar dos problemas da fam�lia Brasil”, defende.
O senador Jayme Campos (DEM-MT) acrescenta que o caminho a ser seguido por Bolsonaro deve ser o “da boa conversa e do bom entendimento”. “Precisamos de uma interlocu��o harmoniosa entre os poderes. Todos n�s buscamos, com certeza, uma tranquilidade para o pa�s, particularmente para a sociedade, que espera um bom exemplo daqueles que s�o os dirigentes maiores do Brasil”, diz.
Atrasado
O cientista pol�tico Murillo de Arag�o, da Arko Advice, afirma que a mudan�a de postura demorou. “Creio que Bolsonaro muda o gesto um pouco atrasado. Com o in�cio da pandemia, o governo teria de se reinventar pela dificuldade que encontrava no Congresso. Come�ou a mudar h� cerca de 40 dias, quando iniciou conversas com partidos e abriu espa�o pol�tico. Tamb�m ocorreram v�rios atritos, abriu-se um front Judici�rio para ele”, destaca.
O especialista analisa que o chefe do Executivo aprofunda o figurino de entendimento civilizado com os poderes e que o modelo do “novo Bolsonaro” deve durar algum tempo. “Ainda que tenham os desentendimentos comuns, n�o vejo uma ruptura dram�tica do relacionamento a curto prazo. “Com essa nova postura, ele poder� colher melhores resultados e gerar uma rela��o melhor na Esplanada.”
A advogada Vera Chemim, mestre em direito p�blico administrativo pela Funda��o Getulio Vargas (FGV), aposta que Bolsonaro deve seguir ouvindo os militares e controlando o contato da ala ideol�gica, que mais contribui para as dissid�ncias e derrotas pol�ticas do presidente.
“O �nico bra�o do governo prudente e cauteloso � representado pela ala militar, cuja finalidade nos �ltimos tempos tem sido apagar os inc�ndios provocados pelo chefe do Executivo, especialmente os relacionados ao desprezo pela pandemia”, lembra.
“O �nico bra�o do governo prudente e cauteloso � representado pela ala militar, cuja finalidade nos �ltimos tempos tem sido apagar os inc�ndios provocados pelo chefe do Executivo, especialmente os relacionados ao desprezo pela pandemia”, lembra.
“A fala de Bolsonaro dirigida aos outros poderes, com um tom completamente diferente do habitual, acena para um ambiente de pacifica��o institucional e aparentemente livre de matizes pol�tico-ideol�gicas extremadas, pr�prias da ala radical de direita”, complementa.
Aglomera��o em Araguari
Em meio ao avan�o da pandemia do novo coronav�rus no pa�s, o presidente Jair Bolsonaro voltou a provocar aglomera��o ontem durante visita a Araguari, no Tri�ngulo Mineiro. A cena foi transmitida pelas redes sociais do presidente. Ao pousar na base da Pol�cia Rodovi�ria Federal, Bolsonaro tirou a m�scara para cumprimentar de longe apoiadores que o aguardavam na rodovia.
O presidente segurou o equipamento de seguran�a e chegou a passar a m�o no rosto. A viagem n�o constava da agenda oficial do presidente. De acordo com a assessoria, tratava-se de compromisso privado. Uma fonte ligada � Presid�ncia afirmou que Bolsonaro visitou o Batalh�o Mau� na cidade.
O presidente segurou o equipamento de seguran�a e chegou a passar a m�o no rosto. A viagem n�o constava da agenda oficial do presidente. De acordo com a assessoria, tratava-se de compromisso privado. Uma fonte ligada � Presid�ncia afirmou que Bolsonaro visitou o Batalh�o Mau� na cidade.