
Preso h� 11 dias acusado de operar o esquema de "rachadinha" no gabinete do ent�o deputado estadual Fl�vio Bolsonaro e de obstru��o da Justi�a, o ex-assessor parlamentar Fabr�cio Queiroz deve ser ouvido nesta segunda-feira (29), no Rio, pela primeira vez desde que seu nome veio � tona, em dezembro de 2018.
Advogados envolvidos na defesa de Queiroz foram comunicados no s�bado de que o ex-assessor ser� interrogado pelos investigadores da Opera��o Furna da On�a, no inqu�rito que apura o vazamento de informa��es sigilosas. Queiroz e Fl�vio foram intimados depois de o empres�rio Paulo Marinho, ex-aliado dos Bolsonaro, dizer que o gabinete foi informado com anteced�ncia da investiga��o.
Desde que o jornal O Estado de S. Paulo revelou as movimenta��es financeiras at�picas no gabinete de Fl�vio na Assembleia Legislativa do Rio, no dia 6 de dezembro de 2018, Queiroz se recusava a depor presencialmente. Ele se limitou a enviar um depoimento por escrito no qual isenta o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro de culpa.
A possibilidade de Queiroz estar pela primeira vez frente a frente com os investigadores � motivo de preocupa��o entre pessoas pr�ximas ao presidente que acompanham o caso. Elas veem o risco de o ex-assessor fazer uma dela��o premiada em troca de prote��o � fam�lia. A mulher de Queiroz, M�rcia, tamb�m teve a pris�o decretada e est� foragida desde o dia 18.
O motivo da preocupa��o � o fr�gil estado emocional do ex-assessor. No tempo em que ficou em Atibaia, Queiroz deixava claro que sabia que mais cedo ou mais tarde acabaria preso. Nas imagens interceptadas pelo Minist�rio P�blico que embasaram o pedido de pris�o, ele aparece sorridente fazendo churrasco, mas o dia a dia do ex-assessor na cidade do interior paulista era bem diferente, segundo pessoas que conviveram com ele.
Queiroz tomava antidepressivos e vivia reclamando das dores e sequelas causadas pelo c�ncer no intestino. "N�o era uma rotina de festa. Era uma rotina normal", disse � reportagem Ana Fl�via Rigamonti, que trabalhava no escrit�rio do ex-advogado de Fl�vio, Frederick Wassef, onde Queiroz foi preso.
Ele passava a maior parte do tempo vendo TV, filmes e s�ries. Pouco falava sobre sua rela��o com os Bolsonaro e se queixava de saudade da fam�lia. Algumas vezes recebeu a visita da mulher e dos filhos. Tamb�m ia ao Rio, com o carro de Ana.
Ao longo de mais de um ano, Queiroz fez apenas um amigo na cidade, Daniel Carvalho, dono da loja de conveni�ncia em um posto de gasolina pr�ximo. Ele ia almo�ar quase diariamente no restaurante montado em um deque no local. Carvalho passou a lev�-lo para consultas m�dicas e passeios.
Fabr�cio Queiroz tamb�m frequentava pizzarias, churrascarias e lanchonetes. Nestas incurs�es, n�o escondia a verdadeira identidade, mas usava bon� e �culos escuros para evitar ser reconhecido.