Senador de primeiro mandato, Jorge Kajuru (Cidadania-GO) usa assessores pagos pela Casa para gerir um canal no YouTube que j� rendeu um total de R$ 48.339,72 ao parlamentar desde 2019. A pr�tica, por�m, � questionada por especialistas e pelo Minist�rio P�blico no Tribunal de Contas da Uni�o (TCU).
Conforme o Estad�o revelou no domingo, sete deputados federais transformaram a divulga��o da atividade parlamentar no Congresso em um neg�cio lucrativo no YouTube. Eles usam empresas contratadas com dinheiro da cota parlamentar e assessores para cuidar de canais no YouTube - a plataforma lhes paga por audi�ncia.
Kajuru n�o usa recursos da cota parlamentar na gest�o dos canais, mas admitiu que assessores do seu gabinete, pagos pela Casa, produzem v�deos para as redes sociais e para o YouTube. Kajuru tem 273 mil seguidores inscritos em seu canal.
"Desde que eu nunca use um centavo da cota parlamentar, n�o vejo nada de imoral na manuten��o da parceria que tenho h� mais de 10 anos com o YouTube", afirmou o senador. "Fiz antes de ser eleito e seguirei fazendo assim que encerrar meu mandato, em 2026."
A monetiza��o dos canais, com pagamento de acordo com as visualiza��es dos v�deos em troca da veicula��o de an�ncios do YouTube, s� � feita para quem se inscreveu no programa de parceiros do site, conforme as regras da plataforma. Ou seja, se n�o houve solicita��o, n�o h� inser��o de an�ncios nem arrecada��o de recursos.
Kajuru afirmou que desde que a monetiza��o come�ou no canal, em 2017, o dinheiro arrecadado no YouTube � usado para pagar funcion�rios, doa��es a institui��es e na compra de equipamentos. "Primeiro, eu n�o pago empresa. Segundo, o trabalho de divulga��o das redes sociais � uma das v�rias tarefas exercidas por minha assessoria. N�o tenho assessor exclusivo para redes sociais."
O subprocurador-geral do Minist�rio P�blico no TCU Lucas Rocha Furtado ingressou com uma representa��o para investigar a pr�tica. Segundo ele, no caso dos deputados federais, "a finalidade concreta de parte dos recursos p�blicos da verba de gabinete est� sendo utilizada para interesse pessoal dos parlamentares, especialmente, provendo renda extra em seus patrim�nios pessoais, indo de encontro ao interesse p�blico que deve ser o fim primordial a ser atingido com todas despesas p�blicas a ensejar, poss�vel, conflito de interesse".
Outros
Filho do presidente, o senador Fl�vio Bolsonaro (Republicanos-RJ) tamb�m monetiza v�deos no YouTube. A gest�o do canal � feita desde 2018 pela empresa MK, cujo dono � o senador Arolde de Oliveira (PSD-RJ), aliado do Planalto. Fl�vio n�o respondeu se usa verba p�blica para contratar a empresa. Nas notas fiscais apresentadas por ele ao Senado n�o h� pedido de reembolso para essa empresa pela cota parlamentar. A MK afirmou que � respons�vel pela "gest�o tecnol�gica" de canais no YoutTube e que n�o produz conte�do para publica��o. A empresa n�o comentou sobre a p�gina de Fl�vio.
A Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) das Fake News, em funcionamento no Congresso, identificou 2 milh�es de an�ncios publicit�rios do governo federal em canais que apresentam "conte�do inadequado". Um deles foi o canal de Fl�vio Bolsonaro, que teria veiculado os an�ncios e ao mesmo tempo lucrado com a monetiza��o na plataforma.
Arolde de Oliveira negou que use a estrutura do Senado ou cota parlamentar para produzir o conte�do que posta no YouTube. "A conta � operada somente por mim de forma org�nica." O senador afirmou que pediu monetiza��o para seu canal a partir de 18 de setembro de 2019, tendo recebido US$ 78,93 desde que iniciou a opera��o.
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) tamb�m remunera seus v�deos. Segundo ele, 14 deles foram publicados em seu canal a partir de 2019, o que lhe rendeu uma receita de US$ 12,68. O senador afirmou que administra sua conta no YouTube e nunca utilizou recursos da cota parlamentar ou dinheiro p�blico para pagar servi�os relacionados ao canal. Tamb�m com registros de monetiza��o no YouTube, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR) n�o respondeu � reportagem.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
postado em 16/07/2020 07:41
