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Estado de Minas POL�TICA

Timothy Power: 'nenhum partido ou lideran�a sair� grande da pandemia'


18/07/2020 12:45

Para o diretor da Escola de Estudos Globais de Oxford e especialista em institui��es pol�ticas brasileiras, Timothy Power, nenhum partido ou l�der do Pa�s sair� fortalecido da pandemia do novo coronav�rus, como ocorreu em outras na��es. Alguns, inclusive, j� perderam for�a, como o presidente Jair Bolsonaro e o governador do Rio, Wilson Witzel.

Ao Estad�o, Power disse ver as elei��es municipais de 2020 como um teste para a uni�o da oposi��o, mas entende que o pleito deste ano n�o ser� capaz de projetar lideran�as nacionais. Segundo ele, se partidos de oposi��o pretendem construir uma frente democr�tica, dever�o unir tamb�m PSDB e MDB. A seguir, os principais trechos da entrevista.

O presidente Jair Bolsonaro ficou conhecido por minimizar a pandemia. Ter sido contaminado pode provocar uma mudan�a, como ocorreu com o premi� do Reino Unido, Boris Johnson?

No Reino Unido, voc� tem um sistema de sa�de que j� tinha muito prest�gio e que ganhou ainda mais. O governante n�o tinha muita escolha, tinha que se alinhar com esse prest�gio. No Brasil, as pessoas n�o falam assim do SUS (Sistema �nico de Sa�de). A resposta � mais dif�cil e as circunst�ncias variam muito entre regi�es. N�o vejo nenhum partido e nenhuma lideran�a que sai grande disto. Quem chegou mais pr�ximo foi o (ex-ministro da Sa�de Luiz Henrique) Mandetta. (O governador do Rio, Wilson) Witzel sair� pequeno. Bolsonaro � o principal (atingido). Hostilizou profissionais, a ci�ncia, e recomendou rem�dios sem comprova��o cient�fica.

Pesquisas recentes apontam apoio ao presidente de cerca de 30% da popula��o. A pandemia pode mudar isso?

Bolsonaro foi eleito por conta de v�rias crises - de corrup��o, econ�mica e de seguran�a. Alguns dos fatores que facilitaram sua elei��o continuam, mas a pandemia � muito mais importante. Agora, a mem�ria da Lava Jato est� mais difusa, e a corrup��o � vista como algo mais sist�mico do que relativo a um esc�ndalo espec�fico. Associ�-la ao PT n�o � mais t�o convincente como h� cinco anos. Essa crise, assim, perde utilidade para Bolsonaro. Com a sa�da do (ex-ministro da Justi�a S�rgio) Moro, o presidente est� pensando em como mudar a narrativa, mas ainda n�o construiu uma nova. Qualquer presidente tem que explicar por que quer ser presidente, e hoje ele n�o tem uma resposta convincente para essa pergunta. Mesmo assim, com uma base mobilizada e sob certas circunst�ncias, ele consegue facilmente se reeleger. Isso depende da fragmenta��o de outras for�as e tamb�m do antipetismo.

Como o sr. avalia a atua��o da oposi��o neste um ano e meio de governo? Que l�deres enxerga?

N�o tem sido f�cil identificar novos nomes. A renova��o, nos �ltimos dois anos, se deu no baixo clero da C�mara, com movimentos como Acredito e Renova. Mas esses movimentos n�o produziram nomes nacionais. Vamos ver se nas elei��es municipais alguns deles se elegem prefeitos. Por enquanto, vemos os caciques em todos os partidos. Os nomes s�o previs�veis.

As elei��es municipais podem contribuir para apontar l�deres?

As elei��es municipais s�o muito fragmentadas. N�o existe, no momento, nenhuma prefeitura que seja o grande cassino da pol�tica nacional. Os grandes presidenci�veis n�o est�o concorrendo para prefeituras. Uma quest�o muito importante seria a unidade das for�as opositoras. O mais interessante n�o ser� contar o n�mero de votos ou prefeituras de cada partido, mas medir a heterogeneidade das coliga��es e como est�o se formando as fam�lias ideol�gicas. Isso � como uma pr�-estreia de coliga��o para 2022.

Como est�o se formando as fam�lias ideol�gicas?

As conven��es partid�rias se dar�o mais para frente. Essas decis�es se d�o no �ltimo momento. Mas, para dar um exemplo, tivemos uma entrevista com Fernando Henrique (Cardoso), Ciro (Gomes) e Marina (Silva), que geralmente n�o aparecem no mesmo palco. Faltou Lula, que, junto com o PT, est� mais distante das for�as de centro-esquerda. Essa divis�o � muito importante e vem das duas dire��es. H� for�as como PDT e PSB, que n�o querem se alinhar com PT, e no PT h� elementos que se recusam a cooperar com PSDB e outras for�as, por mem�ria do impeachment. Para derrotar Bolsonaro em 2022, esses blocos ter�o de encontrar um caminho para andar de m�os dadas.

Que partidos precisam embarcar nesse bloco para que ele se viabilize?

Para uma alian�a minimamente vencedora, seria necess�rio ter o MDB e o PSDB. Isso seria um requisito m�nimo, o que j� � muito dif�cil. Esses partidos s�o fundamentais para a constru��o de maioria e t�m capilaridade, uma organiza��o nacional e penetra��o em quase todos os munic�pios. Para se definir como frente ampla, teria de incluir elementos da centro-esquerda tamb�m, como Rede, Cidadania e o grupo de Ciro Gomes. A presen�a do PT na frente ampla daria mais capilaridade e mobiliza��o, mas convidaria alguns eleitores a deixar de lado o conceito. Mas o partido tem pessoas de prest�gio, como os ex-presidentes Lula e Dilma. Al�m disso, FHC, com quase 90 anos, tamb�m est� muito vis�vel. Acho que Ciro agora entendeu que ele tem de dialogar com Fernando Henrique, porque, para ele, o jogo de eros�o democr�tica de Bolsonaro � muito alarmante.

Uma frente ampla pode abrir m�o do PT?

Em 2020, talvez sim, porque o PT � uma for�a presidencial, e n�o tem a mesma for�a nas elei��es municipais. O partido n�o � t�o fundamental agora como em 2022.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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