
No documento de 403 p�ginas, a subprocuradora Lind�ra Ara�jo, respons�vel pela investiga��o em curso desde maio, aponta a exist�ncia de tr�s grupos ocultos instalados na m�quina p�blica e coordenados pelo empres�rio M�rio Peixoto, pelo presidente do PSC Pastor Everaldo, um dos 17 presos na opera��o desta sexta-feira, e pelo tamb�m empres�rio Jos� Carlos de Melo.
Enquanto os dois primeiros s�o conhecidos do p�blico, Peixoto notadamente pela pris�o na Lava Jato e Everaldo pela carreira como l�der religioso e pelos epis�dios caricatos na pol�tica, o nome de Jos� Carlos de Melo n�o emplacou tantas manchetes.
Menos conhecido nos notici�rios, o empres�rio � descrito na den�ncia como uma ‘pessoa de expressivo poder econ�mico’. Ele atuaria nos bastidores como ‘agenciador’ de empresas de diferentes setores interessadas em integrar o suposto esquema de pagamento de propinas em troca de contratos com o governo. Na representa��o do Minist�rio P�blico Federal, s�o citados exemplos recentes de neg�cios firmados na Companhia Estadual de �guas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) e no Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
"Al�m de possuir dinheiro em esp�cie em volume e facilidade, ter o dom�nio sobre empresas contratadas pelo Poder P�blico, Jos� Carlos de Melo conta com fortes rela��es com policiais federais e adota rotina de troca constante de n�meros de telefone", diz um trecho do documento.
Os contatos na PF teriam vazado informa��es sobre a Opera��o Favorito, que investigou suspeitas de irregularidades em contratos da Sa�de do Rio.
As informa��es sobre a atua��o do empres�rio foram obtidas pelos investigadores a partir da dela��o premiada firmada com o ex-secret�rio de Sa�de, Edmar Santos, que sintetizou ainda a ‘carreira’ de Melo nos esquemas. Ele teria come�ado como parceiro de M�rio Peixoto e ganhado autonomia com a ascens�o de Witzel.
"O colaborador esclarece que o relacionamento de Jos� Carlos de Melo com o empres�rio M�rio Peixoto j� existia no passado. Com a assun��o de Wilson Witzel ao governo do Estado do Rio de Janeiro, Jos� Carlos de Melo ampliou seu poder dentro da organiza��o, passando a liderar um grupo pr�prio de neg�cios il�citos", registra o MPF.
O empres�rio pagaria ‘mesadas’ de R$300 mil a Edmar Santos, que confessou os recebimentos em esp�cie, e de R$150 mil ao Secret�rio de Ci�ncia e Tecnologia, Leonardo Rodrigues, em troca da obten��o de contratos para empresas ‘representadas’ por ele.
Pelo menos 162 movimenta��es financeiras de ‘grandes volumes de dinheiro em esp�cie’, frequentemente superiores a R$100 mil, foram identificadas em relat�rios da Unidade de Intelig�ncia Financeira (UIF), o antigo Coaf, e, segundo o MPF, eram feitas pessoalmente ou por meio de familiares e funcion�rios.
Os investigadores suspeitam que o empres�rio tenha usado a Universidade Nova Igua�u, onde exerce o cargo de pr�-reitor administrativo, e o Centro de Assist�ncia Profissional e Educacional, associa��o privada respons�vel pela gest�o da Associa��o de Ensino Superior de Nova Igua�u (SESNI), para ‘in�meras movimenta��es suspeitas’, entre junho de 2016 e janeiro de 2020, que chegam � casa de R$1 bilh�o.
A reportagem busca contato com a defesa do empres�rio. O espa�o est� aberto para manifesta��es. Em nota, o governador afirmou: "A defesa do governador Wilson Witzel recebe com grande surpresa a decis�o, tomada de forma monocr�tica e com tamanha gravidade. Os advogados aguardam o acesso ao conte�do da decis�o para tomar as medidas cab�veis".
Em pronunciamento o governador afastado se disse ‘indignado’ e ‘v�tima de persegui��o pol�tica’. O Pastor Everaldo disse que, em 19 de agosto, encaminhou peti��o ao STJ solicitando para ser ouvido.
Na manh� desta sexta-feira, se disse surpreendido com sua pris�o e com a busca e apreens�o realizadas em seus endere�os. Seu depoimento s� deve acontecer na pr�xima segunda-feira, dia 31.
O ex-senador e ex-deputado Marcondes Gadelha, vice-presidente nacional do PSC, assume provisoriamente a presid�ncia da legenda. O calend�rio eleitoral do partido nos munic�pios segue sem altera��o. O PSC frisou que confia na Justi�a e no amplo direito de defesa de todos os cidad�os.