
Para quem n�o o conhecia, espanto. Mas para quem o acompanha nas redes, nada de novo. A p�gina de Janones no Facebook alcan�ou esta semana 48,7 milh�es de diferentes formas de engajamento, como curtidas, coment�rios e compartilhamentos; quase o mesmo resultado do presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que teve 55,3 milh�es de engajamentos. O resultado deste parlamentar mineiro nesta plataforma, advogado de 36 anos, nascido em Ituiutaba, no Tri�ngulo Mineiro, foi quase cinco vezes superior ao de Jair Bolsonaro e ao de Joe Biden, candidato democrata � Presid�ncia dos Estados Unidos.
Ao estilo deputado-rep�rter, ou rep�rter-deputado, Andr� Janones protagoniza lives “quentes”, no momento dos fatos, apresentando a sua interpreta��o ao seu p�blico. E n�o poupa a pol�mica. Estreante na pol�tica, em menos de dois anos de mandato j� registrou ao vivo grandes embates saboreados pelos 6,8 milh�es de seguidores em seu principal canal, a p�gina do Facebook; por 1,4 milh�o de seguidores no Instagram; e 1,1 milh�o de seguidores no Youtube. Ainda iniciante no Twitter, tem ali apenas 63 mil seguidores.
Num desses momentos de confronto espalhados a todo o Brasil, em fevereiro de 2019, sob a indigna��o da trag�dia de Brumadino, Janones bateu de frente com o ent�o presidente da Vale, Fabio Schvartsman e com o ex-secret�rio de Estado do Meio Ambiente, Germano Vieira, aos quais chamou de “bandidos” durante audi�ncia da C�mara dos Deputados. E o fez ap�s consultar os seus seguidores. “Fui o porta-voz. Disse o que me pediram”, explica. Tal v�deo alcan�ou 15 milh�es de visualiza��es s� no Facebook e pelo Instagram, 25 milh�es de compartilhamentos.
N�o menos popular s�o as pe�as produzidas no “quadro” Fiscal do Povo. De colete e c�mara em punho, ao estilo Pol�cia Federal em a��o, Andr� Janones invade reparti��es p�blicas em cidades do interior onde recebe den�ncias de corrup��o. Cada um destes alcan�a, em m�dia, entre 5 e 6 milh�es de visualiza��es. “Fun��o do deputado � fiscalizar. E assim eu estou popularizando o nosso trabalho”, avisa.
O sr. esperava a repercuss�o que obteve com esta live de 1º de setembro, em que convoca a popula��o para um tuita�o em defesa da manuten��o do valor de R$ 600 para o aux�lio emergencial?
Confesso que n�o estou entendendo toda essa repercuss�o. Vi os jornais considerando-a a maior live durante a pandemia, com 3,5 milh�es de visualiza��es. A maior live da pandemia que eu fiz teve 20 milh�es de visualiza��es: foi em 26 de mar�o, quando entrei ao vivo para anunciar assim que a C�mara tinha acabado de aprovar a lei que instituiu o aux�lio emergencial. Tenho uma com 12 milh�es de visualiza��es na porta do Congresso, em 15 de junho, sugerindo ao presidente que cobrasse dos grandes devedores da Previd�ncia para que assim prorrogasse o aux�lio, este v�deo fiz em 15 de junho. E tenho mais de 20 v�deos que est�o na faixa entre 10 e 15 milh�es de visualiza��o. E a maior live de meu mandato, at� agora, teve 32 milh�es de visualiza��es, foi no final do ano passado, quando abriram processo de cassa��o do meu mandato. Considerando a minha rela��o com a popula��o, o crescimento � cont�nuo, n�o aconteceu esta semana. O que teve de diferente esta semana � que as principais lideran�as do pa�s come�aram a olhar para nosso trabalho. Mas n�o houve uma “explos�o” esta semana.
Uma das caracter�sticas de seu mandato tem sido uma atua��o ao estilo “rep�rter-deputado”, em que o sr entra ao vivo dando as not�cias e tamb�m mobilizando os seus seguidores para alcan�ar trend topics. Causa estranheza no Congresso esse tipo de atua��o?
Fa�o a comunica��o direta com os meus eleitores. Minha promessa de campanha foi de que transformaria a C�mara num verdadeiro Big Brother, as pessoas saberiam tudo o que acontece l� dentro. Tenho mantido essa pol�tica e �s vezes isso gera algum mal-entendido. Por exemplo, em 15 de julho, vot�vamos em plen�rio a emenda que visava obrigar o presidente a pagamento o aux�lio emergencial no valor de R$ 600,00 at� dezembro. Essa emenda introduzia a sutil diferen�a de estar obrigando, diferentemente da mat�ria aprovada, que autorizava o presidente a pagar. Essa emenda foi rejeitada por 309 a 123. Divulguei o nome de cada deputado que votou contra e a favor. E alguns deputados come�aram a falar que era fake news, que todos haviam votado autorizando o presidente a pagar o aux�lio no valor de 600,00. A grande confus�o � que n�o diferenciaram entre facultar e obrigar. Todos os deputados votaram favor�veis a facultar o presidente. Mas o que disse foi que votaram contrariamente a obrigar o presidente a pagar. Esse v�deo deu entre 3 e 4 milh�es. E causou pol�mica. Eu ganho �s vezes a rejei��o da classe pol�tica, mas o meu compromissos � com o eleitor.
O seu partido, o Avante, est� na base de sustenta��o do governo Bolsonaro. Como o sr. se posiciona em plen�rio?
Meu trabalho na C�mara dos Deputados, desde o in�cio, � independente. Eu estou fora da polariza��o. N�o me coloco como oposi��o nem como situa��o. Nem fico em cima do muro. Se fizer o balan�o das minhas vota��es, ver� que votei favoravelmente em 49% dos projetos do governo; em 51% deles votei contra. Praticamente um empate. Estou longe da oposi��o e da situa��o. Esta � a minha fun��o de independ�ncia no parlamento. Quem n�o tem capacidade de reconhecer os acertos do governo, perde a credibilidade para criticar. E vice-versa. Quem s� sabe bater palma perde credibilidade ao n�o reconhecer que o governo erra.
A que o sr. atribui a visibilidade e o sucesso em engajamento nas redes sociais?
A resposta � evidente. H� a falsa impress�o, uma narrativa, de que o pa�s esteja polarizado, de que o Brasil esteja dividido, de que exista uma polariza��o entre direita e esquerda. Mas no Brasil real n�o h� polariza��o. A grande maioria do povo brasileiro n�o dedica o seu tempo nem a atacar nem a defender Bolsonaro, nem atacar nem defender a esquerda. A maioria est� preocupada em colocar comida na mesa. As pessoas n�o querem briga por Bolsonaro nem por Lula. Querem ter o que comer. Este foi o grande diferencial. Eu represento essa popula��o, que quer saber o m�rito dos projetos. As pessoas n�o querem briga por Bolsonaro nem por Lula. Querem ter o que comer. Isso tendo responsabilidade com o meu trabalho, sem arrog�ncia, trazendo para o debate a popula��o que precisa ter voz no Congresso Nacional. E todo esse engajamento � porque eu tenho no mundo real um trabalho real, de apoio e ajuda �s pessoas que necessitam de atendimento jur�dico. Durante dez anos atuei advogado para quem precisava de atendimento na fila do SUS por exame, de cirurgia e de medicamentos. Eu me formei advogado trabalhando como cobrador de �nibus e com bolsa para alunos carentes. Quis devolver isso para a sociedade e tirei um dia da semana para atender gratuitamente. E continuo, agora como deputado, atuando como fiscal do povo, a partir de uma intera��o direta com os eleitores. Ent�o, h� uma atua��o real, agora impulsionada pelas redes sociais.
