
Na filmagem, de pouco mais de 20 minutos, Lula afirma que o Brasil passa por crise sanit�ria, social, econ�mica e ambiental nunca vista, da qual as maiores v�timas s�o os pobres, negros e popula��o vulner�vel.
"Teria sido poss�vel, sim, evitar tantas mortes", afirma Lula, para quem Bolsonaro transformou o coronav�rus em uma "arma de destrui��o em massa".
Mais adiante, o ex-presidente explica que escolheu o 7 de Setembro para divulgar o v�deo porque Bolsonaro aproveita o momento para, "sorrateiramente, cometer um crime de lesa-p�tria".
"Um crime politicamente imprescrit�vel, o maior crime que um governante pode cometer contra seu pa�s e seu povo: abrir m�o da soberania nacional."
Segundo Lula, Bolsonaro subordina o Brasil aos Estados Unidos "de maneira humilhante" e amea�a envolver o pa�s em aventuras militares contra pa�ses vizinhos. A submiss�o do Brasil aos interesses militares de Washington foi escancarada pelo pr�prio presidente ao nomear um oficial general das For�as Armadas Brasileiras para servir no Comando Militar Sul dos Estados Unidos, sob as ordens de um oficial americano", argumenta. Confira o v�deo:
As comemora��es do 7 de Setembro foram discretas devido � pandemia de coronav�rus. Por�m, na cerim�nia sem desfile, Bolsonaro voltou a causar aglomera��o ao cumprimentar apoiadores.
Houve tamb�m manifesta��es a favor e contra o governo na Esplanada dos Minist�rios. Um pronunciamento do presidente � esperado para as 20h, em rede nacional de r�dio e televis�o.
Leia a fala de Lula no Dia 7 de setembro:
“Minhas amigas e meus amigos.
Nos �ltimos meses uma tristeza infinita vem apertando meu cora��o. O Brasil est� vivendo um dos piores per�odos de sua hist�ria.
Com 130 mil mortos e quatro milh�es de pessoas contaminadas, estamos despencando em uma crise sanit�ria, social, econ�mica e ambiental nunca vista.
Mais de duzentos milh�es de brasileiras e brasileiros acordam, todos os dias, sem saber se seus parentes, amigos ou eles pr�prios estar�o saud�veis e vivos � noite.
A esmagadora maioria dos mortos pelo Coronav�rus � de pobres, pretos, pessoas vulner�veis que o Estado abandonou.
Na maior e mais rica cidade do pa�s, as mortes pelo Covid-19 s�o 60% mais altas entre pretos e pardos da periferia, segundo os dados das autoridades sanit�rias.
Cada um desses mortos que o governo federal trata com desd�m tinha nome, sobrenome, endere�o. Tinha pai, m�e, irm�o, filho, marido, esposa, amigos. D�i saber que dezenas de milhares de brasileiras e brasileiros n�o puderam se despedir de seus entes queridos. Eu sei o que � essa dor.
Teria sido poss�vel, sim, evitar tantas mortes.
Estamos entregues a um governo que n�o d� valor � vida e banaliza a morte. Um governo insens�vel, irrespons�vel e incompetente, que desrespeitou as normas da Organiza��o Mundial de Sa�de e converteu o Coronav�rus em uma arma de destrui��o em massa.
Os governos que emergiram do golpe congelaram recursos e sucatearam o Sistema �nico de Sa�de, o SUS, respeitado mundialmente como modelo para outras na��es em desenvolvimento. E o colapso s� n�o foi ainda maior gra�as aos her�is an�nimos, as trabalhadoras e trabalhadores do sistema de sa�de.
Os recursos que poderiam estar sendo usados para salvar vidas foram destinados a pagar juros ao sistema financeiro.
O Conselho Monet�rio Nacional acaba de anunciar que vai sacar mais de 300 bilh�es de reais dos lucros das reservas que nossos governos deixaram.
Seria compreens�vel se essa fortuna fosse destinada a socorrer o trabalhador desempregado ou a manter o aux�lio emergencial de 600 reais enquanto durar a pandemia.
Mas isso n�o passa pela cabe�a dos economistas do governo. Eles j� anunciaram que esse dinheiro vai ser usado para pagar os juros da d�vida p�blica!
Nas m�os dessa gente, a Sa�de p�blica � maltratada em todos os seus aspectos.
A substitui��o da dire��o do Minist�rio da Sa�de por militares sem experi�ncia m�dica ou sanit�ria � apenas a ponta de um iceberg. Em uma escalada autorit�ria, o governo transferiu centenas de militares da ativa e da reserva para a administra��o federal, inclusive em muitos postos-chave, fazendo lembrar os tempos sombrios da ditadura.
O mais grave de tudo isso � que Bolsonaro aproveita o sofrimento coletivo para, sorrateiramente, cometer um crime de lesa-p�tria.
Um crime politicamente imprescrit�vel, o maior crime que um governante pode cometer contra seu pa�s e seu povo: abrir m�o da soberania nacional.
N�o foi por acaso que escolhi para falar com voc�s neste 7 de Setembro, dia da Independ�ncia do Brasil, quando celebramos o nascimento do nosso pa�s como na��o soberana.
Soberania significa independ�ncia, autonomia, liberdade. O contr�rio disso � depend�ncia, servid�o, submiss�o.
Ao longo de minha vida sempre lutei pela liberdade.
Liberdade de imprensa, liberdade de opini�o, liberdade de manifesta��o e de organiza��o, liberdade sindical, liberdade de iniciativa.
� importante lembrar que n�o haver� liberdade se o pr�prio pa�s n�o for livre.
Renunciar � soberania � subordinar o bem-estar e a seguran�a do nosso povo aos interesses de outros pa�ses.
A garantia da soberania nacional n�o se resume � important�ssima miss�o de resguardar nossas fronteiras terrestres e mar�timas e nosso espa�o a�reo. Sup�e tamb�m defender nosso povo, nossas riquezas minerais, cuidar das nossas florestas, nossos rios, nossa �gua.
Na Amaz�nia devemos estar presentes com cientistas, antrop�logos e pesquisadores dedicados a estudar a fauna e a flora e a empregar esse conhecimento na farmacologia, na nutri��o e em todos os campos da ci�ncia – respeitando a cultura e a organiza��o social dos povos ind�genas.
O governo atual subordina o Brasil aos Estados Unidos de maneira humilhante, e submete nossos soldados e nossos diplomatas a situa��es vexat�rias. E ainda amea�a envolver o pa�s em aventuras militares contra nossos vizinhos, contrariando a pr�pria Constitui��o, para atender os interesses econ�micos e estrat�gico-militares norte-americanos.
A submiss�o do Brasil aos interesses militares de Washington foi escancarada pelo pr�prio presidente ao nomear um oficial general das For�as Armadas Brasileiras para servir no Comando Militar Sul dos Estados Unidos, sob as ordens de um oficial americano.
Em outro atentado � soberania nacional, o atual governo assinou com os Estados Unidos um acordo que coloca a Base Aeroespacial de Alc�ntara sob o controle de funcion�rios norte-americanos e que priva o Brasil de acesso � tecnologia, mesmo de terceiros pa�ses.
Quem quiser saber os verdadeiros objetivos do governo n�o precisa consultar manuais secretos da Abin ou do servi�o de intelig�ncia do Ex�rcito.
A resposta est� todos os dias no Di�rio Oficial, em cada ato, em cada decis�o, em cada iniciativa do presidente e de seus assessores, banqueiros e especuladores que ele chamou para dirigir nossa economia.
Institui��es centen�rias, como o Banco do Brasil, a Caixa Econ�mica Federal e o BNDES, que se confundem com a hist�ria do desenvolvimento do pa�s, est�o sendo esquartejadas e fatiadas – ou simplesmente vendidas a pre�o vil.
Bancos p�blicos n�o foram criados para enriquecer fam�lias. Eles s�o instrumentos do progresso. Financiam a casa do pobre, a agricultura familiar, as obras de saneamento, a infraestrutura essencial ao desenvolvimento.
Se olharmos para o setor energ�tico, veremos uma pol�tica de terra arrasada igualmente predadora.
Depois de colocar � venda por valores rid�culos as reservas do Pr�-Sal, o governo desmantela a Petrobr�s. Venderam a distribuidora e os gasodutos foram alienados. As refinarias est�o sendo esquartejadas. Quando s� restarem os cacos, chegar�o as grandes multinacionais para arrematar o que tiver sobrado de uma empresa estrat�gica para a soberania do Brasil.
Meia d�zia de multinacionais amea�am a renda de centenas de bilh�es de reais do petr�leo do Pr�-Sal – recursos que constituiriam um fundo soberano para financiar uma revolu��o educacional e cient�fica.
A Embraer, um dos maiores trunfos do nosso desenvolvimento tecnol�gico, s� escapou da sanha entreguista em fun��o das dificuldades da empresa que iria adquiri-la, a Boeing, profundamente ligada ao complexo industrial militar dos Estados Unidos.
O desmanche n�o termina a�.
O furor privatista do governo pretende vender, na bacia das almas, a maior empresa de gera��o de energia da Am�rica Latina, a Eletrobr�s, uma gigante com 164 usinas – duas delas termonucleares – respons�vel por quase 40% da energia consumida no Brasil.
A demoli��o das universidades, da educa��o e o desmonte das institui��es de apoio � ci�ncia e � tecnologia, promovidos pelo governo, s�o amea�a real e concreta � nossa soberania.
Um pa�s que n�o produz conhecimento, que persegue seus professores e pesquisadores, que corta bolsas de pesquisas e nega o ensino superior � maioria de sua popula��o est� condenado � pobreza e � eterna submiss�o.
A obsess�o destrutiva desse governo deixou a cultura nacional entregue a uma sucess�o de aventureiros. Artistas e intelectuais clamam pela salva��o da Casa de Ruy Barbosa, da Funarte, da Ancine. A Cinemateca Brasileira, onde est� depositado um s�culo da mem�ria do cinema nacional, corre o s�rio risco de ter o mesmo destino tr�gico do Museu Nacional
Minhas amigas e meus amigos.
No isolamento da quarentena tenho refletido muito sobre o Brasil e sobre mim mesmo, sobre meus erros e acertos e sobre o papel que ainda pode me caber na luta do nosso povo por melhores condi��es de vida.
Decidi me concentrar, ao lado de voc�s, na reconstru��o do Brasil como Na��o independente, com institui��es democr�ticas, sem privil�gios olig�rquicos e autorit�rios.
Um verdadeiro Estado Democr�tico e de Direito, com fundamento na soberania popular. Uma Na��o voltada para a igualdade e o pluralismo. Uma Na��o inserida numa nova ordem internacional baseada no multilateralismo, na coopera��o e na democracia, integrada na Am�rica do Sul e solid�ria com outras na��es em desenvolvimento.
O Brasil que quero reconstruir com voc�s � uma Na��o comprometida com a liberta��o do nosso povo, dos trabalhadores e dos exclu�dos.
Dentro de um m�s vou fazer 75 anos.
Olhando para tr�s, s� posso agradecer a Deus, que foi muito generoso comigo. Tenho que agradecer � minha m�e, dona Lindu, por ter feito de um pau-de-arara sem diploma um trabalhador orgulhoso, que um dia viraria presidente da Rep�blica. Por ter feito de mim um homem sem rancor, sem �dios.
Eu sou o menino que desmentiu a l�gica, que saiu do por�o social e chegou ao andar de cima sem pedir permiss�o a ningu�m, s� ao povo.
N�o entrei pela porta dos fundos, entrei pela rampa principal. E isso os poderosos jamais perdoaram.
Reservaram para mim o papel de figurante, mas virei protagonista pelas m�os dos trabalhadores brasileiros.
Assumi o governo disposto a mostrar que o povo cabia, sim, no or�amento. Mais do que isso, provei que o povo � um extraordin�rio patrim�nio, uma enorme riqueza. Com o povo o Brasil progride, se enriquece, se fortalece, se torna um pa�s soberano e justo.
Um pa�s em que a riqueza produzida por todos seja distribu�da para todos – mas em primeiro lugar para os explorados, os oprimidos, os exclu�dos.
Todos os avan�os que fizemos sofreram encarni�ada oposi��o das for�as conservadoras, aliadas a interesses de outras pot�ncias.
Eles nunca se conformaram em ver o Brasil como um pa�s independente e solid�rio com seus vizinhos latino-americanos e caribenhos, com os pa�ses africanos, com as na��es em desenvolvimento.
� a�, nessas conquistas dos trabalhadores, nesse progresso dos pobres, no fim da subservi�ncia, � a� que est� a raiz do golpe de 2016.
A� est� a raiz dos processos armados contra mim, da minha pris�o ilegal e da proibi��o da minha candidatura em 2018. Processos que – agora todo mundo sabe – contaram com a criminosa colabora��o secreta de organismos de intelig�ncia norte-americanos.
Ao tirar 40 milh�es de brasileiros da mis�ria, n�s fizemos uma revolu��o neste pa�s. Uma revolu��o pac�fica, sem tiros nem pris�es.
Ao ver que esse processo de ascens�o social dos pobres iria continuar, que a afirma��o de nossa soberania n�o iria ter volta, os que se julgam donos do Brasil, aqui dentro e l� fora, resolveram dar um basta.
Nasce a� o apoio dado pelas elites conservadoras a Bolsonaro.
Aceitaram como natural sua fuga dos debates. Derramaram rios de dinheiro na ind�stria das fake news. Fecharam os olhos para seu passado aterrador. Fingiram ignorar seu discurso em defesa da tortura e a apologia p�blica que ele fez do estupro.
As elei��es de 2018 jogaram o Brasil em um pesadelo que parece n�o ter fim.
Com ascens�o de Bolsonaro, milicianos, atravessadores de neg�cios e matadores de aluguel sa�ram das p�ginas policiais e apareceram nas colunas pol�ticas.
Como nos filmes de terror, as oligarquias brasileiras pariram um monstrengo que agora n�o conseguem controlar, mas que continuar�o a sustentar enquanto seus interesses estiverem sendo atendidos.
Um dado escandaloso ilustra essa coniv�ncia: nos quatro primeiros meses da pandemia, quarenta bilion�rios brasileiros aumentaram suas fortunas em 170 bilh�es de reais.
Enquanto isso, a massa salarial dos empregados caiu 15% em um ano, o maior tombo j� registrado pelo IBGE. Para impedir que os trabalhadores possam se defender dessa pilhagem, o governo asfixia os sindicatos, enfraquece as centrais sindicais e amea�a fechar as portas da Justi�a do Trabalho. Querem quebrar a coluna vertebral do movimento sindical, o que nem a ditadura conseguiu.
Violentaram a Constitui��o de 1988. Repudiaram as pr�ticas democr�ticas. Implantaram um autoritarismo obscurantista, que destruiu as conquistas sociais alcan�adas em d�cadas de lutas. Abandonaram uma pol�tica externa altiva e ativa, em favor de uma submiss�o vergonhosa e humilhante.
Este � o verdadeiro e amea�ador retrato do Brasil de hoje.
Tamanha calamidade ter� que ser enfrentada com um novo contrato social que defenda os direitos e a renda do povo trabalhador.
Minhas queridas e meus queridos.
Minha longa vida, a� inclu�dos os quase dois anos que passei em uma pris�o injusta e ilegal, me ensinou muito.
Mas tudo o que fui, tudo o que aprendi cabe num gr�o de milho se essa experi�ncia n�o for colocada a servi�o dos trabalhadores.
� inaceit�vel que 10% da popula��o vivam � custa da mis�ria de 90% do povo.
Jamais haver� crescimento e paz social em nosso pa�s enquanto a riqueza produzida por todos for parar nas contas banc�rias de meia d�zia de privilegiados.
Jamais haver� crescimento e paz social se as pol�ticas p�blicas e as institui��es n�o tratarem com equidade a todos brasileiros.
� inaceit�vel que os trabalhadores brasileiros continuem sofrendo os impactos perversos da desigualdade social. N�o podemos admitir que nossa juventude negra tenha suas vidas marcadas por uma viol�ncia que beira genoc�dio.
Desde que vi, naquele terr�vel v�deo, os 8 minutos e 43 segundos de agonia de George Floyd, n�o paro de me perguntar: quantos George Floyd n�s tivemos no Brasil? Quantos brasileiros perderam a vida por n�o serem brancos? Vidas negras importam, sim. Mas isso vale para o mundo, para os Estados Unidos e vale para o Brasil.
� intoler�vel que na��es ind�genas tenham suas terras invadidas e saqueadas e suas culturas destru�das. O Brasil que queremos � o do marechal Rondon e dos irm�os Villas-
Boas, n�o o dos grileiros e dos devastadores de florestas.
Temos um governo que quer matar as mais belas virtudes do nosso povo, como a generosidade, o amor � paz e a toler�ncia.
O povo n�o quer comprar rev�lveres nem cartuchos de carabina. O povo quer comprar comida.
Temos que combater com firmeza a viol�ncia impune contra as mulheres. N�o podemos aceitar que um ser humano seja estigmatizado por seu g�nero. Repudiamos o esc�rnio p�blico com os quilombolas. Condenamos o preconceito que trata como seres inferiores pobres que vivem nas periferias das grandes cidades.
At� quando conviveremos com tanta discrimina��o, tanta intoler�ncia, tanto �dio?
Meus amigos e minhas amigas,
Para reconstruirmos o Brasil p�s pandemia, precisamos de um novo contrato social entre todos os brasileiros.
Um contrato social que garanta a todos o direito de viver em paz e harmonia. Em que todos tenhamos as mesmas possiblidades de crescer, onde nossa economia esteja a servi�o de todos e n�o de uma pequena minoria. E no qual sejam respeitados nossos tesouros naturais, como o Cerrado, o Pantanal, a Amaz�nia Azul e a Mata Atl�ntica.
O alicerce desse contrato social tem que ser o s�mbolo e a base do regime democr�tico: o
voto. � atrav�s do exerc�cio do voto, livre de manipula��es e fake news, que devem ser formados os governos e ser feitas as grandes escolhas e as op��es fundamentais da sociedade.
Atrav�s dessa reconstru��o, lastreada no voto, teremos um Brasil um democr�tico, soberano, respeitador dos direitos humanos e das diferen�as de opini�o, protetor do meio ambiente e das minorias e defensor de sua pr�pria soberania.
Um Brasil de todos e para todos.
Se estivermos unidos em torno disso poderemos superar esse momento dram�tico.
O essencial hoje � vencer a pandemia, defender a vida e a sa�de do povo. � p�r fim a esse desgoverno e acabar com o teto de gastos que deixa o Estado brasileiro de joelhos diante do capital financeiro nacional e internacional.
Nessa empreitada �rdua, mas essencial, eu me coloco � disposi��o do povo brasileiro, especialmente dos trabalhadores e dos exclu�dos.
Minhas amigas e meus amigos.
Queremos um Brasil em que haja trabalho para todos.
Estamos falando de construir um Estado de bem-estar social que promova a igualdade de direitos, em que a riqueza produzida pelo trabalho coletivo seja devolvida � popula��o segundo as necessidades de cada um.
Um Estado justo, igualit�rio e independente, que d� oportunidades para os trabalhadores, os mais pobres e os exclu�dos.
Esse Brasil dos nossos sonhos pode estar mais pr�ximo do que aparenta.
At� os profetas de Wall Street e da City de Londres j� decretaram que o capitalismo, tal como o mundo o conhece, est� com os dias contados. Levaram s�culos para descobrir uma verdade inquestion�vel que os pobres conhecem desde que nasceram: o que sustenta o capitalismo n�o � o capital. Somos n�s, os trabalhadores.
� nessas horas que me vem � cabe�a esta frase que li num livro de Victor Hugo, escrito h� um s�culo e meio, e que todo trabalhador deveria levar no bolso, escrita em um pedacinho de papel, para jamais esquecer:
“� do inferno dos pobres que � feito o para�so dos ricos…”
Nenhuma solu��o, por�m, ter� sentido sem o povo trabalhador como protagonista. Assim como a maioria dos brasileiros, n�o acredito e n�o aceito os chamados pactos “pelo alto”, com as elites. Quem vive do pr�prio trabalho n�o quer pagar a conta dos acertos pol�ticos
feitos no andar de cima.
Por isso quero reafirmar algumas certezas pessoais:
N�o apoio, n�o aceito e n�o subscrevo qualquer solu��o que n�o tenha a participa��o efetiva dos trabalhadores.
N�o contem comigo para qualquer acordo em que o povo seja mero coadjuvante.
Mais do que nunca, estou convencido de que a luta pela igualdade social passa, sim, por um processo que obrigue os ricos a pagar impostos proporcionais �s suas rendas e suas fortunas.
E esse Brasil, minhas amigas e meus amigos, est� ao alcance das nossas m�os.
Posso afirmar isso olhando nos olhos de cada um e de cada uma de voc�s. N�s provamos ao mundo que o sonho de um pa�s justo e soberano pode sim, se tornar realidade.
Eu sei – voc�s sabem – que podemos, de novo, fazer do Brasil o pa�s dos nossos sonhos.
E dizer, do fundo do meu cora��o: estou aqui. Vamos juntos reconstruir o Brasil.
Ainda temos um longo caminho a percorrer juntos.
Fiquem firmes, porque juntos n�s somos fortes.
Viveremos e venceremos."