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Estado de Minas Elei��es 2020

Partidos tradicionais perdem for�a na disputa eleitoral das capitais

Cientistas pol�ticos de v�rias regi�es do Brasil dizem que resultado das vota��es deste ano deve repetir tend�ncia iniciada em 2018


27/09/2020 04:00 - atualizado 27/09/2020 07:12

Campanhas eleitorais começa neste domingo, 25 de setembro(foto: TSE/Reprodução)
Campanhas eleitorais come�a neste domingo, 25 de setembro (foto: TSE/Reprodu��o)
� medida que novembro se aproxima, a corrida eleitoral ganha velocidade com candidatos definidos: o registro de candidaturas foi encerrado neste s�bado (25), e a partir deste domingo come�am as propagandas eleitorais. O pleito deve reprisar a tend�ncia de 2018, em que os partidos tradicionais perderam for�a – entre eles, PT e PSDB encabe�am tend�ncia. Isso, nas grandes capitais. J� se verifica, em alguns estados, que nomes tradicionais da pol�tica mudaram para legendas menores em busca de maior ader�ncia. Refor�a essa tend�ncia o poder eleitoral dos evang�licos, ligados, em geral, a candidatos de partidos menores.

Professor do Departamento de Ci�ncia Pol�tica da Universidade Federal do Paran�, Emerson Urizzi Cervi avalia que PT, PSDB e MDB dominaram a cena pol�tica nos �ltimos 20 anos, e agora sofrem com a crise institucional dos partidos. Para ele, quem mais perdeu foram os tucanos. “Desde 2002, perde espa�o e passou a ser um partido estadual, com o governo de S�o Paulo”, diz.

Em S�o Paulo, na �ltima pesquisa Datafolha, Celso Russomanno (Republicanos) apareceu em primeiro, seguido pelo prefeito Bruno Covas (PSDB). A capital � de grande import�ncia para os tucanos. O cientista pol�tico e CEO da Dharma Political Risk and Strategy, Creomar de Souza, afirma que ainda que perca outras capitais, se o PSDB conseguir emplacar Bruno Covas em S�o Paulo ganhar� f�lego para lan�ar o governador do estado, Jo�o Doria, em 2022.



“J� o MDB � uma grande federa��o partid�ria, com uma diversidade enorme de quadros e lideran�as. Isso cria a��es e percep��es sobre o partido e pol�tica que s�o muito mais dependentes de l�gicas personalistas. � fracionado”, destaca.

Emerson Cervi acredita que a tend�ncia nas grandes cidades � que os partidos tradicionais apresentem chapas menores que os partidos pequenos. J� nos interiores, segundo ele, a estrutura��o � diferente. “Tenho impress�o de que os partidos tradicionais v�o continuar tendo for�a, em especial o MDB. Esses partidos do Centr�o, PSD, PSC, no Nordeste tem PP, PSB, PDT, entram com muito mais for�a no interior do que nas capitais”, compara. 

Partido com mais candidatos

Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrados at� ontem no sistema mostram isto: ainda que nas capitais o MDB n�o esteja com for�a, e nem sequer tenha candidatos a prefeito em muitas capitais, � a legenda com mais candidaturas no pa�s. O PSDB est� em quarto, atr�s de PSD e PP, e o PT em sexto no ranking total de candidaturas (prefeito, vereador e vice-prefeito). Para Cervi, as legendas pequenas ligadas a evang�licos t�m cada vez maior capacidade de eleger candidatos. 

Em rela��o ao PT, o cientista pol�tico Creomar de Souza avalia que, entre os partidos tradicionais, � o que ter� a situa��o mais complicada, por ter sofrido mais ataques nos �ltimos anos. J� no caso do MDB e do PSDB, a perda de espa�o deve variar de capital para capital. “O PT � a legenda que mais sofreu no passado recente, mas tamb�m tem maior cristaliza��o. Tende a perder prefeituras, mas tende a ser competitiva”, pondera.

O professor Emerson Cervi acredita que as elei��es de 2016 foram, talvez, as mais desastrosas para o PT em candidatos, votos e eleitos, e � poss�vel que 2020 se mantenha o mesmo padr�o. “N�o sei se tem condi��es de piorar”, afirma. Para ele, no entanto, n�o � poss�vel dizer que a legenda est� em “em franca decad�ncia”. 

Isso porque, em 2018, o PT teve candidato no segundo turno da elei��o presidencial e conseguiu eleger a maior bancada na C�mara dos Deputados. “Est� se transformando cada vez mais em um partido legislativo nacional. O PT nunca foi forte em elei��es municipais, apesar de j� ter ganho a Prefeitura de S�o Paulo. Ele � forte em elei��es nacionais. Em 2018, o PSDB perdeu for�a, o MDB perdeu for�a, e o PT n�o”, afirma. 

Campanha em S�o Paulo

Em S�o Paulo, o cientista pol�tico Marco Ant�nio Carvalho Teixeira, professor da Funda��o Getulio Vargas (FGV) de S�o Paulo, aponta que o PT caminha para seu pior desempenho em S�o Paulo desde as elei��es de Luiza Erundina, no final da d�cada de 1980. “� prov�vel que nem chegue no segundo turno”, afirma. O candidato da legenda, Jilmar Tatto, n�o tem tido expressividade na capital, tampouco apoio interno. O ex-presidente Lula est� tomando dist�ncia da candidatura para evitar se associar com uma derrota, como j� publicado.

Ainda que Russomanno tenha sa�do na dianteira na �ltima pesquisa Datafolha, com o prefeito de SP em segundo e M�rcio Fran�a (PSB) dividindo espa�o com Guilherme Boulos (Psol), Teixeira lembra que Russomanno repetiu cen�rio em 2012 e 2016, quando saiu em primeiro �s v�speras da campanha e n�o chegou nem ao segundo turno.

“N�o h� novidade a�”, ressalta. Segundo o professor, a novidade � a rea��o do eleitorado � presen�a do presidente, quando 46% dos paulistanos rejeitam o trabalho do presidente Jair Bolsonaro, segundo a �ltima pesquisa Datafolha. De acordo com ele, isso pode fazer com que Russomanno repense sua estrat�gia de ter o apoio de Bolsonaro.

Imprevisibilidadede resultados

A imprevisibilidade do pleito neste ano ser� garantida por dois fatores. O primeiro � o presidente Jair Bolsonaro n�o ter uma legenda. Isso pode beneficiar candidatos que se dizem bolsonaristas e prejudicar a oposi��o ao presidente, que ter� mais dificuldade para se posicionar em rela��o a certos advers�rios. 

Esse fator tamb�m neutraliza o que o cientista pol�tico Creomar de Souza chama de term�metro da governabilidade, que � a quantidade de prefeitos e vereadores eleitos sob o guarda-chuva do presidente. O segundo fator � a decep��o de parte da popula��o com o discurso da “nova pol�tica”, que se mostrou, na pr�tica, inexistente.

“A elei��o de Jair Bolsonaro significou a chegada de novos atores no campo de batalha pol�tica. Alguns constru�ram a ideia de que existia um novo jeito de fazer pol�tica, e isso tem se mostrado invi�vel”, aponta o especialista. 

Creomar destaca que na campanha de 2018 houve um ataque � pol�tica que se expressou em ataque aos pol�ticos e partidos tradicionais – e isso tirou a legitimidade de legendas maiores, o que far� com que o pleito atual seja um desafio maior para essas agremia��es.

Norte e Nordeste

Em Manaus, maior capital do Norte do Brasil, h� a preval�ncia de partidos menores em detrimento das legendas tradicionais. Por�m, os candidatos com maior ader�ncia seguem sendo os mais antigos da regi�o. Para o professor do departamento de Ci�ncias Sociais da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Tiago Jaca�na, os pol�ticos t�m deixado as maiores legendas, que sofreram um forte recha�o nas elei��es de 2018, mas mant�m o privil�gio com a popula��o. Essa proximidade se d� por dois fatores: primeiro, pelo personalismo pol�tico tradicional no pa�s, e depois, os outsiders que se beneficiaram do nome de Bolsonaro nas �ltimas elei��es no estado est�o, em sua maioria, envolvidos com esc�ndalos de corrup��o.

O especialista tra�ou um perfil dos candidatos a prefeito, apontando que o MDB � “super tradicional” na regi�o. A legenda tem o senador Eduardo Braga, que apoia Amazonildo Mendes, do Podemos, que � quem lidera as pesquisas de inten��o de voto. “� um cidad�o conhecido, j� foi governador e prefeito. Ele j� foi filiado a v�rios partidos. � um nome tradicional em partido n�o t�o tradicional”, destaca, afirmando que h� muitos nomes conhecidos que n�o est�o em legendas tradicionais.

Centro-Oeste

Em Goi�nia, a expectativa � que o PSDB continue sem espa�o, como j� � historicamente. O dom�nio na prefeitura � tradicionalmente do MDB. Atualmente, o chefe do Executivo � Iris Rezende, pol�tico com ampla hist�ria na capital, que j� foi governador e senador. Ele resolveu, neste ano, n�o disputar reelei��o e anunciou sua aposentadoria na vida pol�tica aos 86 anos.

O doutor em ci�ncias pol�ticas e especialista em comportamento eleitoral Robert Bonif�cio acredita que os tucanos perder�o tanto prefeituras quanto em n�mero de vereadores. “Sobre o MDB, acho que continuar� sendo um partido relevante no estado como um todo e, em Goi�nia, tem um candidato com chances de vit�ria, Maguito Vilela.”

Como Iris demorou a decidir sobre reelei��o, muitos candidatos a vereador se filiaram ao MDB, em busca de apoio. E ap�s an�ncio, o atual prefeito tamb�m n�o pretende apoiar ningu�m. “Ainda assim, Maguito se vende como o candidato da situa��o, mas sem apoio declarado. Um partido que deve crescer � o de Caiado, o DEM. Apesar de ser grande nacionalmente, em Goi�s, nunca foi bem estruturado. O Caiado sempre foi DEM, sempre foi eleito, mas nunca conseguiu construir um partido forte. Agora, como governador, deve conseguir esse incremento”, avalia.

Sul

Um dos segredos das pequenas legendas para ganhar espa�o nas elei��es municipais no Brasil � a forte ades�o de eleitores a candidatos provenientes do meio evang�lico. E essa configura��o se repete em Curitiba (PR), cidade mais populosa do Sul do Brasil, conforme o professor do Departamento de Ci�ncia Pol�tica da Universidade Federal do Paran�, Emerson Urizzi Cervi. Ele explica que com o fim das coliga��es, os partidos t�m um n�mero maior de candidatos a apresentar. E em Curitiba, apenas dois ou tr�s partidos, “que s�o partidos de de igreja evangelica de direita”, conseguiram passar de 50 candidato a vereador.

“Os partidos tradicionais n�o est�o conseguindo. MDB, PSDB e PT v�o apresentar chapas bem menores que partidos pequenos. Isso em decorr�ncia do fim das coliga��es”, explica. “S� que todo mundo sabia disso. Alguns trabalharam para ter um grande n�mero de candidatos a vereador. Parece que os partidos pequenos ligados a igrejas evang�licas conseguiram melhores resultados do que os partidos tradicionais. Isso tem um pouco a ver, tamb�m, com o momento que n�s estamos vivendo. Eu tenho impress�o de que, pelo menos nas grandes cidades, isso vai se repetir”, pondera.


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