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Estado de Minas POL�TICA

Damares emperra or�amento de pasta


27/09/2020 07:30

A morte da ju�za norte-americana Ruth Bader Ginsburg, aos 87 anos, comoveu o mundo. Precursora e �cone da luta pelos direitos iguais de homens e mulheres, ela foi citada por lideran�as pol�ticas e sociais e teve silhuetas e acess�rios, como colares e golas adornando a toga preta, reproduzidos nas redes sociais. Sem sintonia com a agenda ideol�gica do governo brasileiro, a magistrada n�o mereceu nem cita��o nas m�dias digitais de Damares Alves, a ministra da Mulher, da Fam�lia e dos Direitos Humanos.

� no Twitter, onde tem 1,1 milh�o de seguidores, e no Instagram, com 1,6 milh�o, que a pastora Damares, de 56 anos, mostra for�a. Com o sil�ncio estrat�gico do chamado "gabinete do �dio", grupo liderado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), ela viu aumentar seu espa�o no governo, aglutinando o n�cleo ideol�gico e a pauta conservadora. Ganhou ainda mais proje��o nessa �rea em junho, quando Abraham Weintraub, dono de um discurso radical, foi demitido da Educa��o.

Meses antes, em abril, a sa�da do ministro da Justi�a, S�rgio Moro, abriu caminho para Damares se tornar o nome mais popular do primeiro escal�o nas redes sociais. Paulo Guedes, da Economia, n�o tem conta nos blogs pessoais. O pico de crescimento no Twitter ocorreu no m�s da queda de Moro, quando ela ganhou quase 129 mil seguidores. A ascens�o coincide com as mudan�as de rumo do presidente Jair Bolsonaro, que, entre os recuos, deixou de atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) - a Corte havia mandado a Pol�cia Federal investigar integrantes do "gabinete do �dio".

De olho na governabilidade e na reelei��o, em 2022, Bolsonaro adotou um discurso moderado, em sintonia com o eleitorado de menor poder aquisitivo, e se aproximou do Centr�o, grupo de partidos que antes ele chamava de "velha pol�tica".

Verbo

Damares lidera uma pasta que, na Esplanada, foi apelidada como "Minist�rio do Verbo". Em outras palavras, sem verba, comparada a outras de or�amentos bilion�rios.

A popularidade e os convites frequentes para participar das "lives" semanais com Bolsonaro, por�m, contrastam com n�meros de sua administra��o. Em 2019 e neste ano, a ministra enfrentou problemas para entregar resultados concretos. Os recursos da Casa da Mulher Brasileira, de atendimento a v�timas de viol�ncia dom�stica, ainda n�o foram desembolsados. S�o R$ 19 milh�es, referentes ao ano passado.

O or�amento extraordin�rio aberto por causa da pandemia do coronav�rus rendeu mais R$ 211 milh�es a Damares. Mas ela s� gastou R$ 44 milh�es, o equivalente a 21%. Aproximadamente R$ 160 milh�es est�o parados h� quase tr�s meses, embora a ministra alardeie nas redes que o dinheiro vem sendo investido. A cifra foi destinada como ajuda emergencial a asilos, em junho, mas nenhum centavo ainda foi repassado.

A previs�o de or�amento em 2021 tem redu��o de R$ 43 milh�es. Atualmente, dos R$ 853 milh�es dispon�veis, Damares s� come�ou a executar de fato 37%. N�o houve movimenta��o no dinheiro reservado para comunidades remanescentes de quilombolas e indeniza��o a parentes de mortos e desaparecidos pol�ticos.

Nos �ltimos dois anos, o minist�rio comandado por Damares recebeu projetos de R$ 204 milh�es em emendas parlamentares individuais, de deputados e senadores, com pagamento obrigat�rio. At� agora, s� desembolsou R$ 8,7 milh�es, o equivalente a 4%. O partido que mais indicou emendas foi o PT. Os mais atendidos, por�m, foram pol�ticos do PSL (R$ 2 milh�es), PL (R$ 1,26 milh�o) e Republicanos (R$ 1,25 milh�o).

Importante ativo pol�tico, a doa��o de equipamentos a conselhos tutelares e a institui��es de idosos, por exemplo, entrou na mira do Tribunal de Contas da Uni�o. A Corte encontrou falhas na distribui��o dos kits e interfer�ncias de congressistas para favorecer seus redutos. T�cnicos do TCU viram brechas para que a doa��o dos kits fosse desvirtuada para "fins eleitoreiros".

Damares tinha como meta equipar mais de 300 conselhos tutelares neste ano. O dinheiro p�blico destinado por deputados e senadores banca a compra e a distribui��o de kits, ao custo de R$ 120 mil cada. Incluiu carro ou barco, computador, impressora, refrigerador, bebedouro, cadeirinha automotiva, smart TV, ar-condicionado port�til e aparelhos celulares.

Holofotes

A ministra tamb�m mostrou tino para os holofotes e a pol�mica. De in�cio, lan�ou a frase "menino veste azul e menina veste rosa", ao associar cores aos g�neros masculino e feminino. Ao assumir temporariamente a Funda��o Nacional do �ndio (Funai), foi ao Aeroporto de Goi�nia denunciar m� gest�o de uma combalida frota a�rea do �rg�o. Ela e Bolsonaro gravaram v�deos. "Isso � um retrato da vergonha que era a Funai no passado. Vou ter que pagar de aluguel milh�es, e a aeronave est� avaliada em R$ 1 mil no leil�o. Absurdo", disse Damares, gesticulando para a c�mera.

Uma inspe��o do TCU concluiu, no m�s passado, que o descalabro se arrastava por quase tr�s d�cadas e n�o era cab�vel punir ningu�m. Restou uma d�vida de R$ 1,1 milh�o com hangares.

No comando de cerca de mil pessoas, Damares tem procurado se desvencilhar de nomes de radicais. A Pol�cia Federal apura se nomea��es na pasta eram uma forma de financiar a atividade criminosa de militantes. A ministra demitiu a ent�o secret�ria nacional de Pol�ticas de Promo��o da Igualdade Racial Sandra Terena, mulher do ativista conservador Oswaldo Eust�quio, um dos alvos da investiga��o por atos antidemocr�ticos.

Sandra Terena disse que Damares alegou necessidade de se afastar da imagem de Eust�quio. Antes de deixar o cargo, a ent�o assessora apresentou den�ncia de malversa��o de recursos em repasses a uma ONG. Damares j� havia exonerado outra ativista associada ao extremismo, Sara Winter, que chegou a ser presa.

Al�m dos militantes, a ministra montou uma equipe de confian�a com nomes do conservadorismo crist�o, como a advogada cat�lica Angela Gandra, filha do jurista Ives Gandra Martins, e Ellen Schelb, mulher do procurador Guilherme Schelb, da Comunidade das Na��es. Pastor da Igreja Batista Crist� de Bras�lia e ex-dirigente da Ag�ncia Brasileira de Intelig�ncia (Abin), Sergio Luiz Cury Carazza tamb�m passou por cargos na c�pula do minist�rio.

Nos bastidores do Pal�cio do Planalto, um nome evang�lico � visto como possibilidade para compor a chapa de Bolsonaro na disputa pela reelei��o, em 2022. O vice Hamilton Mour�o n�o tem presen�a garantida ao lado do presidente. Hoje, por�m, Damares n�o est� no p�reo e seu desempenho na pasta � considerado um obst�culo a voos mais altos. Incentivadora do engajamento pol�tico de mulheres, a ministra sempre negou ter planos eleitorais. Procurada pelo Estad�o, ela n�o quis se manifestar. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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