
As elei��es de 2018 mostraram que uma parte dos brasileiros foi seduzida pela viol�ncia redentora. A ideia de que a ordem pode ser imposta pelo assassinato de desafetos, de bandidos e de opositores pol�ticos nasceu em um Estado - o Rio - que testemunhou, a partir do anos 1960, os estreitos la�os entre grupos de exterm�nio, pol�ticos, milicianos, bicheiros, traficantes de droga e uma pol�cia corro�da pela corrup��o e viol�ncia. Todos fingindo transgredir a lei em nome do bem comum, mas interessados apenas em seus lucros. � essa hist�ria que o jornalista e cientista social Bruno Paes Manso conta em seu livro, A Rep�blica das Mil�cias, dos Esquadr�es da Morte � Era Bolsonaro.
O relato do livro come�a com as explica��es de um miliciano. Depois de passar uma temporada na cadeia, o veterano matador se torna um instrumento para mostrar n�o apenas a sua hist�ria, mas a de como grupos paramilitares surgiram e impuseram sua ordem no Rio com a coniv�ncia de pol�ticos e elogios vindos da fam�lia Bolsonaro at� que esses grupos se constitu�ram em uma nova forma de opress�o armada de popula��es inteiras, achacadas pelos bandidos.
A taxa de seguran�a � a mais tradicional extors�o das m�fias. Aqui ela se instalou pela m�os das mil�cias depois que policiais bandidos perceberam o quanto o dom�nio de um territ�rio era mais lucrativo do que o "acerto" cobrado de traficantes. A ela, os milicianos adicionaram o monop�lio do g�s de cozinha, o gatonet e, recentemente, o tr�fico de drogas, em parceria com o Terceiro Comando Puro (TCP).
Paes Manso mostra como os milicianos se infiltraram nos governos do casal Anthony e Rosinha Garotinho e, depois, na Assembleia Legislativa. Os bandidos deixaram um rastro de corpos de rivais que tentaram entrar na pol�tica, como o subtenente Marcos Vieira de Souza, o Falcon, suposto miliciano e presidente da Portela morto em 2016 em seu comit� de campanha - era candidato a vereador pelo PP -, ou pol�ticos que atravessavam seu caminho, como o vereador de Serop�dica, na Grande Rio, Luciano Nascimento Batista (PCdoB), morto em 2015 pelo miliciano Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Tr�s Pontes, que chefiou a mil�cia Liga da Justi�a, que j� foi liderada pelo ex-deputado estadual Natalino Jos� Guimar�es (DEM).
Em Rio das Pedras, nasceu outro bra�o do imp�rio miliciano, onde atuou o ex-capit�o Adriano da N�brega e seu grupo: o Escrit�rio do Crime. Dele fariam parte o PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM �lcio Vieira de Queiroz - ambos presos como executores da vereadora Marielle Franco (PSOL). Foi em Rio das Pedras que o sargento Fabr�cio Queiroz conheceu Adriano, quando trabalhavam no 18º Batalh�o, respons�vel pela �rea.
Al�m dos neg�cios da mil�cia, o grupo se ligou a banqueiros do jogo do bicho e a pol�ticos e atuou na campanha eleitoral de 2018. Ap�s ouvir milicianos, policiais, traficantes de armas e de drogas, o livro exibe os marcos referenciais em que vivem essas pessoas e como elas conseguiram impor aos moradores do Rio o falso dilema: mil�cia ou tr�fico. � ele que permitiu, diz o autor, � pol�cia e a pol�ticos imporem a viol�ncia como solu��o para acabar com os narcotraficantes armados com fuzis, em vez de se apostar na lei, na democracia e no fortalecimento das institui��es da Rep�blica. N�o podia dar certo. Foi esse ambiente - escreveu Paes Manso - que levou � elei��o de Jair Bolsonaro.
AUTOR: BRUNO PAES MANSO
PRE�O: R$ 51,92
EDITORA: TODAVIA