
Bolsonaro disse que antes de ser disponibilizada � popula��o, a vacina dever� ser comprovada cientificamente pelo Minist�rio da Sa�de e certificada pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). Ele acrescentou que n�o justifica “um bilion�rio aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem” e “que o povo brasileiro n�o ser� cobaia”.
Desde o in�cio da pandemia, por�m, Bolsonaro negligenciou e hostilizou as argumenta��es e estudos cient�ficos ao defender o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da COVID-19, apesar da aus�ncia de comprova��o da efic�cia dos medicamentos. As declara��es desta quarta, alegando observa��o de regras da ci�ncia para recusar a vacina chinesa, surpreenderam os especialistas e a comunidade cient�fica.
“Fica a li��o, eleger l�deres que partidarizam ci�ncia ambiental, do aquecimento global, de reprodu��o, evolu��o, etc. � pedir pra partidarizarem a ci�ncia que cuida da sua sa�de tamb�m. E jogarem sua sa�de no lixo em favor da ret�rica”, manifestou o bi�logo e pesquisador Atila Iamarino em postagem no Twitter.
Marcelo Gomes, pesquisador em sa�de p�blica da Fiocruz, tamb�m comentou o contrassenso das posi��es de Bolsonaro. “Nessa briga pol�tica vacina AstraZeneca/Oxford/Fiocruz ("do Bolsonaro") x vacina Sinovac/Butant� ("do D�ria"), tem um vencedor e um derrotado claro: o v�rus (v) e o povo Brasileiro (d). � brincar com as nossas vidas”, acusou o cientista nas redes sociais.

Em defesa da cloroquina, mesmo sem comprova��o cient�fica
Estudo publicado em maio pela revista cient�fica The Lancet levou a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) a suspender os estudos com a cloroquina. A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgou uma nota afirmando que o uso de hidroxicloroquina deve ser abandonado em qualquer fase do tratamento de COVID-19. A advert�ncia da SBI tem como base os resultados de dois estudos realizados nos Estado Unidos e no Canad� que constataram que o uso da cloroquina nos est�gios iniciais da doen�a n�o tiveram resultados.
Em julho, Bolsonaro exibiu uma caixa do medicamento em cima da mesa e chegou a tom�-la nas m�os durante pronunciamento numa live pelo Facebook. Na ocasi�o, o presidente se confundiu e trope�ou nas palavras na hora de falar sobre o rem�dio, mas deixou clara a sua posi��o em defesa do rem�dio.
“Se n�o tem alternativa, por que proibir? ‘Ah, n�o tem comprova��o cient�fica que seja eficaz.’ Mas tamb�m n�o tem comprova��o cient�fica que n�o tem comprova��o eficaz. Nem que n�o tem, nem que tem”, disse Bolsonaro.
O presidente tamb�m revelou que tomou o verm�fugo nitazoxadina que, assim como a cloroquina, n�o tem comprova��o cient�fica de que pode ser usado no tratamento do coronav�rus.
Em 22 de julho, ao anunciar que testou positivo para COVID-19, o chefe do executivo destacou que estava tomando hidroxicloroquina e disse que se sentiu melhor ap�s usar o medicamento.
"Tomei a cloroquina e a azitrominicina. O primeiro comprimido ontem (segunda-feira 22/07), foi ministrado e confesso que depois da 0h eu consegui sentir uma melhora. �s 5h, tomei o segundo comprimido de cloroquina e estou perfeitamente bem. A rea��o foi quase imediata. Poucas horas depois, eu j� tava me sentindo muito bem", afirmou.
Em um evento realizado em agosto no Pal�cio do Planalto chamado "Brasil vencendo a COVID-19" o presidente voltou a defender o medicamento. Na data o pa�s chegava a quase 115 mil mortos por COVID-19. Na cerim�nia, Bolsonaro reuniu m�dicos entusiastas da hidroxicloroquina e membros do governo em defesa do uso do composto no combate � doen�a.
“Eu sei que n�o tem (comprova��o cient�fica). Como sempre citei a guerra da Coreia onde os soldados chegavam feridos, n�o tinha ningu�m para doar sangue, e acabaram botando na veia deles �gua de coco. E deu certo. Se esperasse comprova��o cient�fica, o que no futuro poderia se ver que muitas vidas poderiam ter sido salvas com �gua de coco”, disse.
*estagi�rio sob supervis�o da editora-assistente Vera Schmitz