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Estado de Minas POL�TICA

'Deixa o cara governar, p�!', afirma Mour�o sobre Bolsonaro

Mour�o avaliou que a condu��o da crise 'talvez' tenha pecado por falta de comunica��o


17/01/2021 16:05 - atualizado 17/01/2021 16:47

Filiado ao PRTB, o general defendeu a aliança do Planalto com partidos carimbados por Bolsonaro como 'velha política'(foto: AFP / EVARISTO SA)
Filiado ao PRTB, o general defendeu a alian�a do Planalto com partidos carimbados por Bolsonaro como 'velha pol�tica' (foto: AFP / EVARISTO SA)
O vice-presidente Hamilton Mour�o � um leitor voraz. Aos 67 anos, recuperado de covid-19, o general est� lendo nove livros, entre eles Capitalismo na Am�rica, de Alan Greenspan e Adrian Wooldridge, que conta a hist�ria dos Estados Unidos. Mas n�o acha que o presidente Jair Bolsonaro ter� o mesmo destino de Donald Trump, que, a poucos dias de deixar a Casa Branca, viu um segundo impeachment aprovado pela C�mara.

"N�o vejo hoje que haja condi��o de prosperar qualquer pedido de impeachment contra o presidente Bolsonaro", disse ele ao Estad�o. "Aqui no Brasil qualquer coisa � impeachment, n�? Deixa o cara governar, p�!"

Apesar do colapso no sistema de sa�de em Manaus e do atraso na vacina��o, Mour�o avaliou que a condu��o da crise "talvez" tenha pecado por falta de comunica��o e criticou o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), que, para ele, acabou "metendo os p�s pelas m�os" no caso da Coronavac.

Filiado ao PRTB, o general defendeu a alian�a do Planalto com partidos carimbados por Bolsonaro como "velha pol�tica", na campanha de 2018. "N�o tem como fugir do Centr�o."

Como enfrentar a trag�dia de Manaus, onde pacientes est�o morrendo sem oxig�nio?

Todo mundo d� pitaco sobre Amaz�nia sem nunca ter pisado l�. Existem dist�ncias envolvidas enormes e uma desconex�o com a �rea central do Brasil. Voc� s� chega a Manaus de barco ou avi�o. A� quando se fala em asfaltar a BR-319, porque � a �nica liga��o terrestre de Manaus com o resto do Pa�s, (dizem) ‘Oh, c�us, ser� a destrui��o da floresta’. Mas esquecem os milh�es de pessoas que moram l�. N�o tem UTI no interior do Amazonas.

O sr. j� teve covid. Ap�s a doen�a, em algum momento considerou que o governo possa ter errado na condu��o da pandemia?

O governo procurou trabalhar nas tr�s grandes curvas: da sa�de, da economia e a social. Fomos muito criticados, mas o tratamento precoce impede que a pessoa adquira sintomas mais graves e v� para o hospital. Talvez (pudesse ter tido) uma comunica��o mais eficiente.

O governador Jo�o Doria tem feito fortes cr�ticas ao presidente e h� uma corrida para ver quem vacina primeiro. O combate � pandemia virou propaganda para a elei��o de 2022?

O governador Doria virou garoto-propaganda da vacina e acabou metendo os p�s pelas m�os. Apareceu na TV para dizer que a vacina tinha um valor ‘x’ de efic�cia, quando n�o era verdade. Em nenhum momento ele compareceu para se retratar. Isso n�o revela boa gest�o.

A rela��o entre o sr. e o presidente tem altos e baixos. Ele disse que n�o o quer mais na chapa, se disputar a reelei��o?

Em nenhum momento ele abordou comigo esse assunto.

Qual � o seu plano pol�tico? Pretende concorrer ao Senado?

O plano � ir para casa. Por enquanto, n�o tem essa hist�ria de Senado.

O presidente da C�mara, Rodrigo Maia, articula um bloco de partidos para tentar derrotar o presidente. Quem ser� o maior advers�rio do governo?

Hoje eu n�o vejo advers�rio para o presidente Bolsonaro. O que � mais destacado como concorrente � o governador Doria, mas eu julgo que o presidente continua vencendo. Talvez o pior opositor para n�s mesmos seja n�o conseguir realizar o que temos de realizar.

E Luciano Huck?

Acho que Luciano Huck � fogo de palha. Na hora H, sai fora.

Que projetos precisam ser aprovados pelo Congresso para ajudar a economia?

A PEC emergencial (proposta de emenda � Constitui��o para ajustar as contas p�blicas) tem de sair. Tamb�m � preciso levar adiante a reforma tribut�ria. Acho que o Congresso ser� sens�vel a isso.

H� mais de 50 pedidos de impeachment de Bolsonaro na C�mara. O sr. n�o teme que, diante dessa crise, o presidente sofra o mesmo processo que Donald Trump sofreu nos EUA?

N�o vejo hoje que haja condi��o de prosperar qualquer pedido de impeachment contra o presidente Bolsonaro, o mais atacado, nos �ltimos anos. Quantos pedidos de impeachment o Sarney, o Fernando Henrique, o Lula tiveram? S� a Dilma, coitada, � que n�o conseguiu sobreviver. E o Collor, obviamente. Aqui no Brasil qualquer coisa � impeachment, n�? Deixa o cara governar, p�!

A aproxima��o cada vez maior do Planalto com o Centr�o n�o contradiz o discurso de campanha, que era de combate � velha pol�tica e ao toma l�, d� c�?

N�o vejo dessa forma. No come�o, o governo buscou o relacionamento com o Congresso na base das bancadas tem�ticas. Mas as frentes parlamentares votam junto apenas para assuntos espec�ficos. A� chegou-se � conclus�o de que era necess�rio reunir um grupo de partidos que apoiassem as pautas principais do governo. E qualquer reuni�o de grupos de partido, no Congresso que temos hoje, passa pelo Centr�o. N�o tem como fugir do Centr�o.

O presidente declarou apoio a Arthur Lira, l�der do Centr�o, para presidir a C�mara. Isso n�o � prejudicial, j� que, se Lira perder, a derrota ser� do governo e quem ganhar poder� virar advers�rio no Congresso?

O presidente sempre diz que melhor que se omitir � tomar uma decis�o. Ele tomou a decis�o de apoiar o deputado Arthur Lira. Por outro lado, n�o vejo que o candidato Baleia Rossi seria prejudicial ao governo. � um parlamentar equilibrado, de centro, que tem vis�o correta dos problemas nacionais.

No Senado as rela��es com o governo n�o est�o t�o tensas quanto na C�mara, n�o �?

No Senado temos Rodrigo Pacheco versus Simone (Tebet). Os dois s�o de centro. � uma elei��o muito tranquila. A C�mara � mais complicada pelo elevado n�mero de parlamentares. H� grande fragmenta��o.

Mas tamb�m h� o embate entre o presidente e Maia...

O deputado Rodrigo Maia ataca muito frontalmente o presidente, inclusive com palavras fora do tom, chamando-o de covarde, mentiroso.

Depois que Trump foi banido das redes sociais, Bolsonaro e ministros migraram para o Telegram. O sr. tamb�m aderiu?

Eu n�o dou bola para isso, n�o. At� porque olho para aquele tro�o (WhatsApp) todo dia e, em qualquer momento que pego meu celular, est� com 999 mensagens. Paradas (risos). Agora, o silenciamento que foi feito do presidente Trump, para mim, � incoerente.

Com a posse de Joe Biden nos Estados Unidos, a pol�tica externa vai mudar?

Bismarck, no s�culo 19, dizia que, quando existem cinco pot�ncias dominantes, � importante que voc� esteja alinhado com tr�s. Hoje, h� duas pot�ncias dominantes (EUA e China), que est�o se digladiando. Ent�o, n�s temos que saber nos posicionar, com pragmatismo. N�o � uma quest�o de liga��o pessoal. N�o podemos entrar em brigas de varejo. As brigas t�m de ser no atacado.

O sr. comanda o Conselho da Amaz�nia e respondeu em franc�s ao presidente Emmanuel Macron, para quem comprar soja brasileira significa apoiar o desmatamento. Por que ele faz essas cr�ticas?

Ele est� com a popularidade baixa e precisa se reerguer. A� ele fala duas coisas que s�o inver�dicas, maledic�ncias, querendo colocar que comprar soja do Brasil � cooperar com o desmatamento, quando, na realidade, s� 0,4% da nossa produ��o de soja vem da Amaz�nia. E depois dizer que a Fran�a vai produzir soja? � meio dif�cil. Ele vai derrubar os vinhedos? Vai derrubar beterraba?

Como reverter o desgaste internacional sobre a Amaz�nia?

A Opera��o Verde Brasil 2 permitiu redu��o no desmatamento, ao longo do ano passado. Tamb�m houve redu��o no n�mero de queimadas. No pr�ximo dia 27 eu tenho uma live com o pessoal do World Economic Forum. E no dia 29 eu fa�o nova reuni�o virtual com aqueles investidores que haviam feito uma carta sobre os problemas da Amaz�nia.

O Brasil est� quebrado, como disse o presidente?

N�o. Isso � uma figura de ret�rica. O governo tem dificuldades. Mas o Brasil n�o est� quebrado. O Brasil � muito grande para quebrar.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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