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Estado de Minas PANDEMIA

C�mara registra ao menos 24 casos de COVID-19 ap�s elei��o presencial

Depois de eleito, o novo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que defende a volta do trabalho presencial, participou de uma festa com aglomera��o


09/02/2021 17:43

Arthur Lira (PP-AL) foi eleito presidente da Câmara após eleição presencial em plena pandemia(foto: Ed Alves/CB/D.A Press)
Arthur Lira (PP-AL) foi eleito presidente da C�mara ap�s elei��o presencial em plena pandemia (foto: Ed Alves/CB/D.A Press)
Chega a 24 o n�mero de funcion�rios da C�mara com COVID-19, ap�s as elei��es para a presid�ncia da Casa, ocorridas em 1º de fevereiro. O n�mero efetivo � maior. O pleito mobilizou quase todos os 513 deputados e, pelo menos, outras 3 mil pessoas. Dias antes das elei��es, o ent�o presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ) tentou liberar parte dos parlamentares para votar de casa. Maia, por�m, foi voto vencido na Mesa Diretora, j� comandada por uma maioria de aliados do novo presidente, Arthur Lira (PP-AL).

� �poca, Maia chegou a falar abertamente, em coletivas, sobre o risco. “Se voc� cruzar o n�mero de deputados que est�o no grupo de risco, n�o � t�o grande. A maior parte j� teve o v�rus. Mas temos que mobilizar mais de 2 mil funcion�rios da administra��o direta e indireta, e a imprensa. Ent�o, tem uma circula��o m�nima de 3 mil pessoas no dia da vota��o. Eu entendia que, pelo menos no cruzamento daqueles que est�o no grupo de risco, que pudessem ter o direito de votar de forma remota, isso reduziria a presen�a de parlamentares e, automaticamente, de servidores”, afirmou nos �ltimos dias de janeiro.

Mesmo dentro do plen�rio, onde, supostamente, s� entraria uma parte dos parlamentares, houve aglomera��o. Agora, Lira determinou o retorno dos trabalhos presenciais, e servidores que conversaram com o Correio sob a condi��o de anonimato temem que o n�mero aumente com a volta do trabalho presencial.

Ao todo, a casa conta com 17,7 mil trabalhadores. Desses, inclusive, 3 mil s�o terceirizados, e muitos v�o de �nibus para o Congresso. “Eles falam que ser� s� uma parte dos 140 deputados que trabalhar�. Mas, se chegar um deputado a mais na porta do plen�rio, ningu�m vai impedi-lo de entrar”, afirmou um funcion�rio. “Ainda tem um grupo de deputados que � negacionista”, completou.

Negacionismo
Muitos trabalhadores apontam que h� nega��o do risco de contamina��o por parte do presidente da Casa. Ap�s a elei��o de Lira e membros do Executivo, viralizaram nas redes sociais fotos e v�deos do novo presidente com apoiadores em uma festa com aglomera��o, sem m�scaras, comemorando a vit�ria.

Al�m dos funcion�rios, a Casa recebe visitantes de todo o Brasil. O espa�o � fechado e n�o ventilado. Para completar, mesmo que somente 1/14 do total retorne, ainda ser�o pouco mais de 4,4 mil pessoas.

Para completar, funcion�rios apontam at� mesmo uma indisposi��o de Lira eM receber representantes da categoria. O m�dico e deputado Jorge Solla (PT-BA) comentou a situa��o: “A informa��o que temos � que ao menos 19 foram afastados. Ou seja, o n�mero real de contaminados entre parlamentares, assessores e efetivos deve ser muito maior. Tivemos uma perda grave de um senador (Jos� Maranh�o, morte na segunda-feira, v�tima de complica��es da COVID-19). E hoje pela manh�, tivemos uma peregrina��o de pessoas interessadas em circular nos gabinetes”.

“Eu sou contr�rio ao trabalho presencial. Tem dois aspectos importantes. Primeiro, � o risco grave para servidores da Casa, para assessores, parlamentares, profissionais da comunica��o, terceirizados e outros circulando na C�mara, em um momento que temos cepas novas, que estaremos ajudando a disseminar, aumentando muito o risco. Segundo que a C�mara vai estar dando um p�ssimo exemplo, sinalizando um cen�rio como se n�o houvesse a necessidade de cuidados”, destacou o parlamentar. At� essa segunda-feira (9), o Brasil acumulava de 9,5 milh�es de infectados. O n�mero total de mortos pelo novo coronav�rus no pa�s passa dos 232 mil.

Vice-presidente executivo do Sindilegis da C�mara, Paulo Cezar Alves afirma que a institui��o est� buscando di�logo. O sindicato j� pediu um encontro com o presidente, mas n�o obteve resposta. “Imagino que seja a agenda que est� corrida. N�s, do Sindilegis, vemos com preocupa��o essa volta. No dia de hoje (ter�a-feira), tivemos muita gente, prefeitos e vereadores, visitando o Anexo 4. A arquitetura n�o � prop�cia. N�o temos como manter a dist�ncia. Queremos trabalhar. Mas queremos trabalhar com seguran�a”, afirmou.

Alves relata outros casos. “Mais de 10 terceirizados fazendo trabalho de engenharia tiveram COVID-19. Imagina na vota��o do Or�amento, de grandes mat�rias, teremos pessoas vindo de fora. Queremos que a Mesa Diretora pondere. Estamos buscando o di�logo. N�o conseguindo, vamos procurar o Minist�rio P�blico, o Minist�rio P�blico do Trabalho, a Justi�a Trabalhista, para achar um meio termo”, disse.

Fugindo da imprensa
� na mesma toada que Arthur Lira, apadrinhado de Bolsonaro da disputa pelo cargo que ocupa e que se elegeu com discurso de uma C�mara mais participativa e transparente, trata os profissionais de imprensa que trabalham na cobertura parlamentar. Lira decidiu tirar a imprensa do espa�o que os jornalistas ocupam desde a d�cada de 1960, espa�o designado aos profissionais pelo pr�prio arquiteto Oscar Niemeyer, e mand�-los para o subsolo, afastando os trabalhadores das atividades parlamentares. O projeto � da ex-primeira secret�ria da Mesa Diretora, Soraya Santos (PL-RJ), aliada de Lira.

A inten��o de Lira � aproveitar o feriado de Carnaval para fazer a mudan�a. Dessa forma, o presidente ter� acesso direto ao plen�rio, e poder� evitar a interpela��o de jornalistas na rotina semanal da C�mara. Atualmente, para ir da presid�ncia ao plen�rio, o parlamentar � obrigado a cruzar o Sal�o Verde, onde � abordado pela imprensa. Com a retirada dos jornalistas do comit�, o espa�o servir� como gabinete da presid�ncia. A a��o deve ocorrer sem projeto aprovado ou or�ado.

Lira mandar� os jornalistas para o subsolo, e pretende dispor 41 mesas em um espa�o onde, at� pouco tempo, trabalhavam cerca de 25 pessoas, sem janela, sem banheiro e sem espa�o para fazer as refei��es. Profissionais de r�dio e TV ficar�o sem cabines. O comit� conta, atualmente, com 46 mesas. Em grandes coberturas, o espa�o atual comporta quase 100 profissionais.

Conforme o Correio publicou, especialistas em tombamento consideraram a medida “estranha”. Militante do tombamento de Bras�lia, o jornalista e ex-secret�rio de Cultura do DF, Silvestre Gorgulho destaca que qualquer altera��o tem que ser para melhor. “O pr�dio � tombado. Tem coisas que voc� n�o pode mudar. Agora, gabinete, comit� de imprensa, depende da gest�o. Em termos de oportunidade, log�stica, a mesa � que decide. Ainda assim, o Comit� de Imprensa � em lugar estrat�gico para as coberturas, tanto do Senado quanto da C�mara. Administrativamente, a geografia tem que dar a oportunidade da cobertura e do trabalho”, ponderou.

Ex-superintendente do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), o arquiteto Jos� Leme Galv�o Junior destaca que a �rea interna do Congresso voltada para a fachada do pr�dio nunca sofreu modifica��es. “� muito controverso. O fato de ter um tombamento � menos importante que a organiza��o espacial original e o prop�sito dela deveria ser respeitado. E se est� a� desde a origem do projeto, indica o acerto”, avaliou.

“� estranho que um presidente da C�mara possa assumir um papel de gestor do espa�o impunemente. Isso � o que me causa mais inc�modo, o fato de ele usar esse cargo para uma decis�o de gest�o de espa�o. O pr�dio n�o pode estar sujeito a um gestor de ocasi�o. N�o estou dizendo que � ilegal, mas parece um uso um tanto abusivo. Ele � presidente da C�mara, mas n�o � gestor dos espa�os. Isso tem que ser estudado. D� a impress�o que o interesse maior � afastar a imprensa”, criticou.

Por meio de nota, Lira afirmou que a mudan�a de espa�o n�o interferir� no trabalho da imprensa. “A altera��o de espa�os dentro da C�mara dos Deputados em nada vai interferir na circula��o da imprensa, que continuar� tendo acesso livre a todas as depend�ncias, como o cafezinho, o plen�rio, os corredores, os sal�es e a pr�pria presid�ncia. O objetivo da altera��o � aproximar o presidente dos Deputados, como eu falei em toda a minha campanha”, justificou.


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