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Estado de Minas LAVA-JATO

Lava-Jato: delegada da PF teia registrado depoimento sem ouvir testemunha

'Ela entendeu que era pedido nosso e lavrou termo de depoimento como se tivesse ouvido o cara', teria dito ex-coordenador da for�a-tarefa


23/02/2021 09:23

(foto: Reprodução)
(foto: Reprodu��o)
A defesa do ex-presidente Lula enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (22/02) mais di�logos que teriam sido trocados entre integrantes da extinta for�a-tarefa da Lava-Jato de Curitiba. Em um deles, procuradores disseram que uma delegada da Pol�cia Federal teria lavrado um termo de depoimento de uma pessoa sem que ela tivesse sido ouvida.

“Como exp�e a Erika: ela entendeu que era pedido nosso e lavrou termo de depoimento como se tivesse ouvido o cara, com escriv�o e tudo, quando n�o ouviu nada… D� no m�nimo uma falsidade… DPFs [delegados da Pol�cia Federal] s�o facilmente expostos a problemas administrativos”, teria escrito Deltan no dia 25 de janeiro de 2016.

A manifesta��o foi enviada ao ministro Ricardo Lewandowski no �mbito de uma reclama��o (43.007), contendo di�logos do relat�rio analisado pelo perito assistente Cl�udio Wagner, contratado pela defesa. Segundo documento, o di�logo teria sido entre Deltan e o procurador Orlando Martello J�nior, que teria respondido sinalizando que a pr�tica (lavrar depoimento sem de fato ouvir a testemunha) j� havia ocorrido.

"Ela [Erika] pode ouvir conosco. Se deixarmos barato, vai banalizar. Podemos combinar com ela de ela nos provocar diante das not�cias do jornal para reinquiri-lo ou algo parecido. Podemos conversar com ela e ver qual estrategia ela prefere. Talvez at� diante da not�cia reinquiri-lo de tudo. Se n�o fizermos algo, cairemos em descr�dito. O mesmo ocorreu com Padilha e outros. Temos que chamar esse pessoal aqui e reinqueri-los. J� disse, a culpa maior � nossa. Fomos displicentes! Todos n�s, onde me incluo. Era uma coisa �bvia que n�o vimos. Confiamos nos advogados e nos colaboradores. Erramos mesmo!", teria escrito Orlando.

Deltan, por sua vez, diz: "Concordo. Mas se o colaborador e a defesa revelarem como foi o procedimento, a Erika pode sair muito queimada nessa... pode dar falsidade contra ela... isso que me preocupa".

Nos di�logos, Erika � citada apenas pelo primeiro nome. Havia uma delegada chamada Erika Marena que atuou na Opera��o Lava-Jato. Depois que o ex-juiz federal Sergio Moro, que julgou casos da Lava-Jato, passou a ser ministro da Justi�a e Seguran�a P�blica, Erika assumiu o cargo de diretora do Departamento de Recupera��o de Ativos e Coopera��o Jur�dica Internacional da Secretaria Nacional de Justi�a.

As mensagens, obtidas no �mbito da Opera��o Spoofing (que prendeu hackers suspeitos de invadir celulares de autoridades), foram repassadas � defesa ap�s autoriza��o do Supremo. Em junho de 2019, algumas mensagens envolvendo procuradores e o ex-juiz federal Sergio Moro come�aram a ser divulgadas pelo site The Intercept, em s�rie de reportagens intitulada “Vaza Jato”. Um m�s depois, a Pol�cia Federal deflagrou a Opera��o Spoofing, a qual obteve mais di�logos como esses.

Em nota, a PF afirmou que “todas as a��es de pol�cia judici�ria, depoimentos e interrogat�rios inclusive, praticadas no �mbito de suas opera��es, s�o pautadas pela legalidade, encontram-se sob controle interno e externo e, nos termos da lei, s�o disponibilizadas aos investigados e advogados que atuam junto �s investiga��es”. “Os termos prestados s�o conferidos e assinados pelo depoente, pela autoridade policial e advogados eventualmente presentes”, pontuou.

J� os procuradores que integraram a for�a-tarefa reafirmaram que as mensagens s�o fruto de atividade criminosa e que n�o tiveram sua autenticidade reconhecida, afirmando que “toda a atua��o oficial dos procuradores se d� nos autos e fica registrada”. Conforme o grupo, “ainda que os di�logos tivessem ocorrido da forma como foram apresentados, foram apresentados absolutamente fora de contexto e omitem parte relevante da quest�o”.

De acordo com eles, “os supostos di�logos apontam que se refeririam a depoimento espec�fico prestado por Fernando Moura que, ap�s confessar seus crimes em acordo de colabora��o premiada e depoimento perante a Pol�cia Federal, negou os fatos perante a Justi�a Federal em depoimento prestado no dia 22 de janeiro de 2016”.

“Naquela ocasi�o, ele questionou se de fato tinha feito as afirma��es que constavam em seu termo colhido perante a Pol�cia Federal. Diante do teor das declara��es do colaborador � Justi�a, � natural que possa ter havido questionamentos e especula��es, entre os procuradores, sobre terem havido todos os cuidados necess�rios na colheita do depoimento de Fernando Moura perante a Pol�cia, j� que o teor dos depoimentos refletia o que havia sido dito por ocasi�o do acordo do colaborador”, pontuou.

Segundo os procuradores, “a verifica��o dos fatos, em momento posterior ao das supostas conversas, demonstrou que todos os depoimentos do colaborador na Pol�cia Federal foram tomados com a sua presen�a acompanhada de seus advogados e que havia confirmado as informa��es que havia prestado em seu acordo de colabora��o”.

“Al�m disso, o colaborador Fernando Moura, no dia 3 de fevereiro de 2016, em um novo depoimento perante o Minist�rio P�blico e num segundo depoimento perante a Justi�a Federal, reconheceu que havia mentido perante a Justi�a na ocasi�o anterior, alegando ter sido amea�ado por algu�m no dia anterior ao seu depoimento”, garantiu o grupo.

Na nova ocasi�o, segundo os procuradores, “ele confirmou as declara��es que havia prestado no acordo de colabora��o ao Minist�rio P�blico e no depoimento perante a Pol�cia Federal, dissipando as d�vidas que ele mesmo havia levantado e que podem ter levado aos questionamentos dos procuradores, caso as supostas mensagens tenham se verificado como apresentadas”.

Sem confirmar as conversas, os procuradores disseram, ainda, que “os supostos di�logos, se tiverem ocorrido como apresentados, revelam ainda o receio de persegui��es e retalia��es administrativas por poss�vel equ�voco no modo como foi registrado o depoimento, mesmo que o conte�do do depoimento estivesse absolutamente correto”. “Se n�o houvesse parcialidade, sele��o ou omiss�o de textos das supostas mensagens que constam no pr�prio material, esta explica��o provavelmente estaria no pr�prio desenvolvimento dos supostos di�logos


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