
Bras�lia – O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar ontem as medidas de lockdown adotadas por governadores e prefeitos. Segundo ele, os chefes do Executivo locais est�o “matando” a popula��o. Durante conversa com apoiadores no Pal�cio da Alvorada, ele citou a a��o enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o toque de recolher adotado por governadores da Bahia, Rio Grande do Sul e do Distrito Federal. No pedido, h� solicita��o para que a corte declare a inconstitucionalidade das medidas adotadas para evitar a dissemina��o da COVID-19. Mas no mesmo dia em que Bolsonaro atacou governadores, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, come�ou a convidar para reuni�o na quarta-feira os presidentes da C�mara, Arthur Lira; do Senado, Rodrigo Pacheco; do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux; do Superior Tribunal de Justi�a, Humberto Martins; do Tribunal de Contas da Uni�o, Ana Arraes; o procurador-geral da Rep�blica, Augusto Aras, e alguns governadores.
Luiz Eduardo Ramos n�o informou quais governadores ser�o convidados. Bolsonaro, apesar das duras cr�ticas aos chefes do Executivo estaduais, deve adotar discurso semelhante ao do novo ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga. Ao visitar o Pal�cio do Planalto, na quinta-feira, Queiroga falou com rep�rteres e disse ser a favor de uma “pol�tica de distanciamento social inteligente”. A pauta do encontro ser� finalizada nos pr�ximos dias.
Ontem, entretanto, Bolsonaro voltou a ao ataque em conversa com apoiadores no Pal�cio da Alvorada. “Entrei com a��o direta de inconstitucionalidade contra tr�s decretos de tr�s governadores – Distrito Federal, S�o Paulo e Rio Grande do Sul –, e a imprensa fala como se eu estivesse preocupado com minha imagem. Minha preocupa��o � com o povo brasileiro. � com a vida, � com vacina, � com trabalho, � com emprego. Eu nunca admiti lockdown. E meu compromisso n�o � com as elei��es, n�o. � com o povo brasileiro”, alegou, trocando Bahia por S�o Paulo.
“Eu espero que a popula��o cada vez mais se inteire do que est� acontecendo, n�o fa�am cr�ticas pelas cr�ticas. Entendam e tenham consci�ncia do que est� acontecendo. Eu estou vendo aqui que o Brasil est� igual �quele animal que foi capturado pela jiboia, que cada vez vai apertando mais. Daqui a pouco a gente n�o pode respirar mais. Espero que essa a��o ontem que eu dei entrada d� certo, t�? Que seja despachado. Tem um pedido de liminar, vai ser sorteado o relator. Vamos preparar uma outra a��o tamb�m. Eu acho que todo mundo tem que buscar uma maneira melhor de achar uma solu��o para isso a�, baseado no direito de ir e vir", relatou.
"N�o pode governadores e prefeitos usurparem a Constitui��o via decreto, retirar o direito de ir e vir das pessoas. Isso � para estado de s�tio, estado de defesa. E n�o � s� eu, � o Congresso tamb�m sendo ouvido. Caso contr�rio, n�s vamos sucumbir. Vamos ter que reagir", completou. Bolsonaro repetiu alfinetadas ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha: “Nunca passou necessidade na vida”. “Estava conversando com senhoras contando dos dramas de seus vizinhos. Perguntei: 'Ah, como os seus vizinhos est�o vivendo?'. '� Deus, mais nada'. N�o tem o que comer, n�o tem emprego. � uma press�o enorme de prefeitos, aqui do governador do DF, esses caras que nunca passaram necessidade na vida. S� sentem o cheiro do povo por ocasi�o das elei��es e olhe l�. E agora ficam ditando regras de 'fique em casa'”, disse Bolsonaro.
“O pr�prio governador do DF quando come�ou o lockdown, aqui, mostrou uma churrasqueira com uns peda�os enormes de picanha. 'Aqui �, vou ficando em casa aqui e fazendo um churrasco'. O governador do DF mostrou isso da�. O povo n�o tem nem p� de galinha para comer mais. O caos vem a�. A fome vai tirar o pessoal de casa, vamos ter problemas que a gente nunca esperava ter, problemas sociais grav�ssimos. Tenho mantido meus ministros informados de tudo o que vem acontecendo e ainda culpam a mim como se eu fosse um insens�vel no tocante a mortes, a fome tamb�m mata”, afirmou tamb�m.
Bolsonaro sinalizou ainda que pode adotar medidas “duras” caso o Supremo n�o decida a seu favor, mas n�o detalhou quais seriam. “Onde � que vamos parar? Ser� que o governo federal vai ter que tomar uma decis�o antes que isso aconte�a? Ser� que a popula��o est� preparada para uma a��o social do governo federal dura no tocante a isso? Por que dura? � para dar liberdade para o povo. � para dar o direito de o povo trabalhar. N�o � ditadura, n�o. Uns hip�critas a� falando em ditadura o tempo todo, uns imbecis. Agora, o terreno f�rtil para a ditadura � exatamente a mis�ria, a fome, a pobreza, onde o homem com necessidade perde a raz�o. Est�o esperando o qu�? Vai chegar esse momento. Eu gostaria que n�o chegasse esse momento, mas vai acabar chegando”, disparou. Depois de sua fala, Bolsonaro recebeu telefonema do ministro do STF, Luiz Fux, para discutir a pandemia, mas, segundo fontes palacianas, negou que v� declarar estado de s�tio ou qualquer outra medida extrema.
Toque de recolher
Bolsonaro comparou as medidas adotadas em lockdown com estado de s�tio. “O que � toque de recolher? S� em pa�ses ditatoriais. Est�o aqui aplicando a legisla��o de estado de s�tio previsto na Constitui��o, que n�o basta eu decretar o estado de s�tio, o Congresso tem que validar embaixo. E os governadores e prefeitos humilhando a popula��o, dizendo que est�o defendendo a vida dela. Ora, bolas. Que defendendo a vida? Voc�s est�o matando essas pessoas”.
Caso a popula��o desobede�a ao toque de recolher, ele disse que n�o vai enviar o Ex�rcito para fiscalizar. “O meu Ex�rcito n�o vai para a rua cumprir decreto de governadores. N�o vai. Se o povo come�ar a sair, entrar na desobedi�ncia civil, sair de casa, n�o adianta pedir o Ex�rcito que meu Ex�rcito n�o vai. Nem por ordem do papa. N�o vai”, emendou.
O presidente tamb�m criticou o fechamento das praias no Rio de Janeiro. Chamou a medida de hipocrisia e justificou que a a��o impossibilita a popula��o de tomar vitamina D. “V� l� o RJ agora, o prefeito. Eu fiquei sabendo agora, um decreto fechou tudo, at� praia. A vitamina D � uma forma de voc� evitar que o v�rus te atinja com gravidade. E onde se consegue a vitamina D? Tomando sol, p�. � uma hipocrisia, est� tudo... Com todo respeito a voc�s, n�o precisa ser inteligente para ver que tudo o que eu falei estava certo. N�o precisa ser inteligente.”
O presidente tamb�m repetiu a par�bola do sapo fervido aos bolsonaristas e disse que o pa�s est� virando sopa. "A temperatura est� acima de 60 graus, voc� joga um sapo numa panela de �gua quente ele bate e sai fora. Mas voc� coloca a panela de �gua fria e come�a a esquentar chega um ponto de 60 graus, 70 graus, ele n�o tem for�a para sair da panela e vai virar sopa. N�s aqui estamos virando sopa no Brasil."
Por fim, Bolsonaro tentou justificar os mais de 285 mil brasileiros mortos pela COVID-19 afirmando que mortes ocorrem em todos os pa�ses. "Em qual pa�s do mundo n�o morre gente? Em todos os pa�ses morrem. Eu falo desde o come�o. Lamento as mortes, mas temos que enfrentar esse problema. L� atr�s, qual era o objetivo do lockdown? N�o era achatar a curva? Estamos h� um ano achatando a curva. E achatar a curva para qu�? Para dar tempo de os hospitais se prepararem com leitos, UTIs e respiradores. Eu dei dezenas de bilh�es de reais. Onde t� esse dinheiro? Onde est� esse dinheiro? Voc� v�, eu diminuo imposto federal de diesel e do g�s de cozinha. O que muitos governadores fazem? Aumentam o ICMS. O que est�o querendo com isso a�?", atacou.
Enquanto isso...
...Pa�s tem novo recorde de casos
O Brasil registrou 2.815 novas mortes em decorr�ncia da COVID-19 nas �ltimas 24 horas. Os n�meros foram atualizados ontem pelo Minist�rio da Sa�de e, com isso, chega a 290.314 o total de �bitos em raz�o da doen�a. Do total de vidas perdidas contabilizadas no per�odo, 1.031 foram na regi�o Sudeste; 793 no Sul; 519 no Nordeste; 306 no Centro-Oeste; e 166 no Norte. De ontem para hoje, foi registrado novo recorde di�rio de casos, 90.570, levando o total de notifica��es da doen�a no Pa�s para 11.871.390. O maior n�mero at� agora havia sido 90.303, registrado na �ltima quarta-feira.