
A troca de comando no Minist�rio da Sa�de ocorre no pior momento da pandemia no Brasil, quando o pa�s registra 295.495 mortes no total e m�dia di�ria de 2.306. O m�dico Marcelo Queiroga tomou posse da pasta, em cerim�nia �s portas fechadas, nesta ter�a-feira (23), em Bras�lia. O Estado de Minas elaborou levantamento do n�mero de mortos no in�cio e final de gest�o de cada um dos ministros. Tamb�m elenca os posicionamentos dos gestores em rela��o a temas centrais no enfrentamento � pandemia, como vacina��o, medidas de isolamento social e tratamento da doen�a.
�s v�speras de completar um ano em que a Organiza��o Mundial da Sa�de declarou a COVID-19 uma pandemia, o Brasil assumiu a lideran�a no ranking global no n�mero de mortes, ultrapassando os Estados Unidos, onde ainda est�.
Todo o Brasil assistiu �s mudan�as de comando em meio ao aumento nos n�meros de casos e mortes, o que drenava as for�as para discuss�es pol�ticas quando o que deveria existir era um esfor�o de coordena��o nacional da crise. O mais recente na pasta � o cardiologista Marcelo Queiroga, que assumiu o minist�rio na semana em que o pa�s bateu tristes recordes: 2.842 mortes no dia 16 de mar�o.
As gest�es t�m sido envoltas em declara��es pol�micas dos ministros numa rela��o tensionada entre seguir as determina��es da ci�ncia ou as ordens do presidente Jair Bolsonaro. Mas o mais danoso em rela��o �s trocas no comando da Sa�de s�o os n�meros de casos e mortes, que apontam o total descontrole da pandemia - que fez inclusive que a imprensa internacional destacasse o medo em rela��o ao surgimento de novas variantes do v�rus.
Aumento de mortes por COVID-19 a cada gest�o
Mandetta estava no comando pasta, quando a primeira morte foi confirmada e deixou, quando o novo coronav�rus havia vencido 1.952 brasileiros. A m�dia brasileira de novos casos era de 762 e 139 mortes por dia. Quando Teich entrou, a m�dia de novos casos por dia era de 2.006 e a m�dia de mortes por dia era de 155. Depois de desaven�as sobre o uso de hidroxicloroquina e tamb�m de atitudes do presidente, pediu para deixar o cargo. Quando saiu, a m�dia de casos e de mortes era cinco vezes maior - 10.485 casos e 706 mortes. Ao dar adeus, em 15 de maio, o Brasil totalizava 14.962 mortes e 220.291 casos .
Quando Pazuello assumiu interinamente, a m�dia de novos casos por dia era de 11.046 e a de mortes de 715. Em 15 de mar�o, quando foi demitido, a m�dia de novos casos por dia era de 66.849 e a de mortes de 1.841. Quando deixou a pasta o Brasil totalizava 282.127 mortes e ultrapassava 11,6 milh�es de casos. Marcelo Queiroga assumiu a pasta quando o Brasil atingiu 278.327 mortes e 11.483.031 casos.
O primeiro a ocupar o cargo de maior visibilidade da era Bolsonaro foi o deputado federal Luiz Henrique Mandetta, que j� estava desde o in�cio do governo, mas ganhou holofotes quando assumiu publicamente o enfrentamento da COVID-19, desde a confirma��o do primeiro caso em 26 de fevereiro.
Em quase tr�s meses, foram diversos os desencontros com o presidente que discordava, por exemplo, das orienta��es do ministro para ado��o de medidas de isolamento social. Logo no in�cio Mandetta apontou que o pa�s passaria por estresse no atendimento, conforme declara��o de 17 de mar�o.
“Estamos imaginando que vamos trabalhar com espirais ascendentes entre abril, maio e junho. Passaremos de 60 a 90 dias de muito estresse e teremos sobrecarga." Em todas as coletivas, apareceu com o colete do Sistema �nico de Sa�de (SUS). Ao sair, em 16 de abril, destacou o papel do sistema p�blico de sa�de. “Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de p�r de p� o projeto de melhoria da sa�de dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronav�rus, o grande desafio que o nosso sistema de sa�de est� por enfrentar."
Os avisos de Mandetta sobre a possibilidade de um colapso e a recusa, como esperava o presidente, de determinar a ado��o da cloroquina como tratamento precoce fizeram com que Mandetta fosse substitu�do pelo m�dico Nelson Teich, que n�o ficou no cargo nem por um m�s.
Mudan�as atrasam plano de vacina��o nacional
Para o lugar de Teich, assumiu o general Eduardo Pazuello, que compunha a equipe do Minist�rio da Sa�de. Ficou no cargo de forma interina por tr�s meses e meio, quando assumiu definitivamente em 14 de setembro. Pazuello seguiu � risca as ordens de Bolsonaro. Um dos epis�dios que marcou sua gest�o envolveu a Coronavac, vacina produzida pelo laborat�rio chin�s Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
Em um enfrentamento ao governador Jo�o Doria, ao qual o instituto estava subordinado, o presidente desautorizou um memorando assinado em 7 de janeiro pelo ministro que previa a compra de 46 milh�es de doses da vacina pelo Programa Nacional de Imuniza��es (PNI). Na ocasi�o, mostrou que fazia o que Bolsonaro determinava. Senhores, � simples assim: "Um manda e o outro obedece. Mas a gente tem um carinho, entendeu? D� para desenrolar, d� para desenrolar".
No tempo que esteve � frente do minist�rio, Pazuello passou por momentos pol�micos, como a den�ncia de ter se omitido na crise de oxig�nio nos hospitais de Manaus, que resultou na morte de centenas de pessoas por falta de atendimento. Tamb�m foram dirigidas a ele cr�ticas em rela��o � falta e falhas no Plano Nacional de Vacina��o contra a COVID-19. Quando apertado sobre quando o Brasil come�aria a vacina��o, quando a imuniza��o j� ocorria em 50 pa�ses, respondeu de forma vaga: "A vacina vai come�ar no dia D, na hora H, no Brasil".
Discord�ncia entre ministros e presidente sobre enfrentamento
Pazuello tamb�m foi muito criticado por apoiar o chamado “tratamento precoce”. No discurso de posse, em 16 de setembro de 2020, disse: “O aprendizado [nesse tempo de enfrentamento da doen�a] nos mostrou que quanto mais cedo atendermos os pacientes, melhores s�o as chances de recupera��o. O tratamento precoce salva vidas”. At� o �ltimo momento, ele negou a gravidade da crise no Brasil. Em 11 de mar�o deste ano, para espanto dos governadores, afirmou: “Nosso sistema de sa�de est� muito impactado, mas n�o colapsou nem vai colapsar”.
Marcelo Queiroga, ao ser indicado em 15 de mar�o, deu ind�cios de que n�o pretende contrariar o presidente Jair Bolsonaro. “O lockdown n�o pode ser uma pol�tica de governo." E completou: “Esse termo de lockdown decorre de situa��es extremas. S�o situa��es extremas em que se aplica. N�o pode ser pol�tica de governo fazer lockdown. Tem outros aspectos da economia para serem olhados”. Enquanto isso, os n�meros de mortes e casos seguem em alta no Brasil.