A manifesta��o foi divulgada na data da posse do novo ministro da Sa�de, o m�dico Marcelo Queiroga. No mesmo dia, o Pa�s registrou recorde de mortos pela COVID: 3.251 v�timas confirmadas nas �ltimas 24h.
No discurso, Bolsonaro tentou desfazer a imagem de negacionista e a barreira para a chegada das vacinas, apesar de ter rejeitado por meses propostas de imunizantes e at� ter levantado d�vidas, sem provas, sobre a efic�cia dos produtos. Abaixo, trechos com mentiras ou exageros do presidente.
Inverdades
- A��es do governo: Logo no come�o do discurso, Bolsonaro disse que "em nenhum momento" o governo deixou de tomar medidas contra o v�rus e o "caos" na pandemia. O presidente, por�m, desestimula desde o come�o da pandemia a ado��o de medidas b�sicas de combate � doen�a, como distanciamento social e o uso de m�scaras. Bolsonaro s� come�ou a usar a prote��o facial mais regularmente nas �ltimas semanas, mas mesmo assim continua desdenhando de medidas de restri��o de circula��o. Ele chegou a ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir que alguns Estados adotem lockdowns ou toque de recolher.
- Doses distribu�das: Bolsonaro disse que o Minist�rio da Sa�de j� entregou "mais de 32 milh�es de doses" da vacina contra a covid-19. Segundo dados da pr�pria pasta, por�m, foram cerca de 29,9 milh�es at� agora.
- Pessoas vacinadas: O presidente disse que mais de 14 milh�es j� foram vacinados no Pa�s contra a covid-19. Na verdade, 11,4 milh�es receberam pelo menos a primeira dose da vacina. Destes, somente 3,62 milh�es receberam a segunda dose, que garante a efic�cia do produto.
- Compra da Coronavac: Bolsonaro afirmou sempre ter dito que compraria "qualquer vacina", desde que aprovada pela Anvisa. N�o � verdade. Irritado com poss�vel ganho pol�tico do governador paulista, Jo�o Doria (PSDB), com a entrega da Coronavac, Bolsonaro mandou o Minist�rio da Sa�de recuar de uma promessa de compra deste imunizante, em outubro de 2020.
Em entrevista, o presidente disse, ainda, que a vacina n�o seria comprada de forma alguma por causa de sua "origem". A Coronavac foi desenvolvida pela chinesa Sinovac. "Da China n�s n�o compraremos. � decis�o minha. N�o acredito que ela transmita seguran�a suficiente � popula��o pela sua origem. Esse � o pensamento nosso", afirmou Bolsonaro, em 21 de outubro, durante entrevista � r�dio Jovem Pan.
Exageros
- Ranking de vacinados: Bolsonaro voltou a afirmar que o Brasil � o quinto pa�s que mais vacina no mundo. O presidente, por�m, considera o n�mero total de doses aplicadas. Quando a compara��o � ajustada � popula��o de cada Pa�s, o Brasil � o 18º no ranking mundial, segundo dados do "Our World in Data", que usa informa��es oficiais.
- Pfizer e Janssen: Bolsonaro disse que intercedeu "pessoalmente" para antecipar o calend�rio da vacina da Pfizer e garantir as doses da Janssen. De fato, o presidente realizou uma reuni�o com a Pfizer neste m�s, mas o atraso na compra destas vacinas se deve justamente � resist�ncia e at� desd�m de Bolsonaro sobre a oferta das empresas. Por meses, o presidente classificou como "abusiva" a exig�ncia da Pfizer de que governo assumisse riscos e custos por eventuais efeitos adversos das vacinas.
Trata-se da mesma cl�usula colocada por fornecedoras do cons�rcio Covax Facility, entre outras companhias. "L� no contrato da Pfizer est� bem claro: 'N�o nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se voc� virar um jacar�, � problema de voc� (sic)'", afirmou o presidente, em 17 de dezembro. Como revelou o Estad�o, um dispositivo para destravar a compra foi inserido em minuta da medida provis�ria 1026/2021, com respaldo da Sa�de, mas acabou exclu�do da vers�o final, publicada em janeiro.
- 500 milh�es de doses: Jair Bolsonaro disse que o Pa�s ter� alcan�ado mais de 500 milh�es de doses de vacina at� o fim do ano. Essa conta, por�m, considera imunizantes que ainda t�m barreiras no Pa�s, como a Covaxin (20 milh�es de doses contratadas) e a Sputnik V (10 milh�es). Ambas n�o entregaram ainda dados exigidos pela Anvisa para liberar o uso emergencial dos imunizantes. H� ainda nesta conta 8 milh�es de doses da vacina de AstraZeneca/Oxford, fabricada pelo Instituto Serum, da �ndia. O governo indiano, no entanto, tem travado as exporta��es.