
Bolsonaro aproveitou para mexer na Casa Civil, no Minist�rio da Justi�a e na Secretaria de Governo. Ara�jo deixou a chancelaria ap�s balan�ar por dias no cargo e ter a postura do Itamaraty no enfrentamento � pandemia de COVID-19 questionada publicamente por integrantes do Congresso Nacional. Azevedo n�o estava cotado para cair, mas pediu para desembarcar do Planalto, mesmo caminho tomado por Levi.
A sa�da do advogado-geral teve “efeito-cascata”: Andr� Mendon�a deixou o Minist�rio da Justi�a e Seguran�a P�blica, cargo repassado a Anderson Torres, para retornar � AGU. Ele havia feito o caminho inverso em abril do ano passado, quando Sergio Moro, uma das apostas de Bolsonaro, pediu demiss�o.
Na Casa Civil, a “dan�a das cadeiras” fez Walter Braga Netto, agora no Minist�rio da Defesa, ceder lugar para Luiz Eduardo Ramos. Ele, por seu turno, ser� sucedido pela deputada federal Fl�via Arruda (PL-DF). O objetivo da troca � entregar a articula��o junto ao Congresso a algu�m com viv�ncia no poder Legislativo. Para chefiar as Rela��es Exteriores, chega Carlos Alberto Fran�a, chefe do cerimonial da Presid�ncia.
Apesar das trocas, nem todos os ex-ministros desembarcaram do Planalto. Isso porque, al�m de Mendon�a, Braga Netto e Ramos, h� o caso de Onyx Lorenzoni, um dos “escudeiros” do presidente. O ex-deputado ga�cho, j� foi mudado de fun��o algumas vezes. Primeiro, liderou a Casa Civil por um ano, at� ser tornar ministro da Cidadania em fevereiro de 2020. Neste ano, foi deslocado para a Secretaria-Geral da Presid�ncia da Rep�blica.
H�, tamb�m, os que migraram para outros postos de destaque. Jorge Oliveira, ex-secret�rio-geral da Presid�ncia, partiu para o Tribunal de Contas da Uni�o (TCU). O antecessor, Floriano Peixoto, foi presidir os Correios. (Veja todas as trocas ao fim deste texto).
Homem de confian�a foi o primeiro demitido
A primeira mudan�a no governo Bolsonaro ocorreu menos de dois meses ap�s a posse. Gustavo Bebianno, “fiador” da candidatura do capit�o reformado, foi demitido da secretaria-geral da Presid�ncia. Tido como homem de confian�a do chefe do Executivo nacional, Bebianno era advogado dele e assumiu o comando do PSL durante o per�odo eleitoral.
A crise inaugural do governo Bolsonaro foi deflagrada ap�s suspeitas de candidaturas laranjas no partido e desaven�as entre Bebianno e Carlos Bolsonaro (PSC), vereador no Rio de Janeiro e primog�nito do presidente. Morto no ano passado, o advogado passou a disparar contra os filhos do ex-chefe e se filiou ao PSDB.
“Estrelas” tamb�m ca�ram
Se os la�os com Bolsonaro n�o foram capazes de segurar Gustavo Bebianno no Pal�cio do Planalto, a boa avalia��o popular de Luiz Henrique Mandetta e Sergio Moro tamb�m n�o bastou para evitar rotas de colis�o com o presidente. Tidos como duas das principais “estrelas” do governo federal, eles sa�ram h� quase um ano.
Em 8 de abril do ano passado, Mandetta deixou a Sa�de ap�s divergir publicamente do presidente sobre a necessidade de cumprimento das medidas restritivas necess�rias para barrar o coronav�rus. Defensor de atos respaldados pela ci�ncia, o m�dico viu o presidente minimizar o v�rus por diversas ocasi�es. Eles, agora, s�o ferrenhos opositores.
Ex-juiz, Moro pediu demiss�o do Minist�rio da Justi�a e Seguran�a P�blica poucos dias ap�s Mandetta. Ele saiu acusando Bolsonaro de tentar interferir no trabalho da Pol�cia Federal.
Troca-troca na Sa�de
Pasta mais importante do pa�s desde mar�o do ano passado, quando a pandemia do novo coronav�rus passou a assolar fortemente o Brasil, o Minist�rio da Sa�de foi o que mais mudou de m�os: foram quatro comandantes em menos de um ano. Depois de Mandetta, veio o oncologista Nelson Teich, que durou menos de um m�s.
Ele foi substitu�do pelo general Eduardo Pazuello, tido como especialista em log�stica. Apenas em setembro, contudo, o general foi efetivado. A press�o sobre Pazuello nunca recrudesceu e, em neste m�s, ele acabou trocado pelo cardiologista Marcelo Queiroga.
Discurso ideol�gico derrubou dois na Educa��o e chanceler
A ala ideol�gica do governo de Jair Bolsonaro conseguiu emplacar alguns ministros. Ernesto Ara�jo, que pediu demiss�o nesta segunda, era um deles. A agenda ultraconservadora do chanceler prejudicou as rela��es internacionais do pa�s. Ele teceu declara��es que incomodaram fortemente parceiros hist�ricos do Brasil, como China e Argentina.
O ex-comandante do Itamaraty estava alinhado a figuras extremistas, que se contrapunham a uma dita agenda “globalista” — ainda que, em mais de dois anos no cargo, Ara�jo nunca tenha explicado, de fato, do que se trata o “globalismo”.
Na Educa��o, Olavo de Carvalho, guru de parte das ideias reverberadas por Bolsonaro, indicou o colombiano Ricardo V�lez Rodr�guez, que come�ou a perder prest�gio ap�s derrapar em sabatina na C�mara dos Deputados e n�o conseguir responder a questionamentos de parlamentares. Ele chegou a dizer, inclusive, que mudaria a forma como livros did�ticos tratam o golpe de 1964 para "ampliar" a vis�o fornecida a estudantes.
Depois, veio Abraham Weintraub, conhecido por incentivar manifesta��es radicais. Em abril do ano passado, durante uma reuni�o da c�pula ministerial, ele chegou a atacar institui��es democr�ticas. “Eu, por, mim, botava esses ‘vagabundos’ todos na cadeia, come�ando no Supremo Tribunal Federal (STF)”, disparou.
Esc�ndalo gerou demiss�o de mineiro
O parlamentar mineiro Marcelo �lvaro Ant�nio (PSL) foi outro entusiasta de primeira hora da candidatura de Bolsonaro � presid�ncia da Rep�blica. Ele foi ministro do Turismo por quase dois anos, mas acabou demitido em meio a investiga��es que apuram suspeita de desvios de recursos destinados a mulheres que disputaram a elei��o de 2018 pelos quadros pesselistas.
Mudan�as no governo Bolsonaro
- Gustavo Bebianno - deixou a secretaria-geral da Presid�ncia - fev/19
- Ricardo V�lez Rodr�guez - deixou o Minist�rio da Educa��o - abr19
- Carlos Santos Cruz - deixou a Secretaria de Governo - jun/19
- Floriano Peixoto - deixou secretaria-geral da Presid�ncia - jun/19
- Onyx Lorenzoni - deixou Casa Civil - fev/20
- Osmar Terra - deixou o Minist�rio da Cidadania - fev/20
- Gustavo Canuto - deixou o Minist�rio do Desenvolvimento Regional - fev/20
- Luiz Henrique Mandetta - Minist�rio da Sa�de - abr/20
- Sergio Moro - deixou Minist�rio da Justi�a e Seg. P�blica - abr/20
- Andr� Mendon�a - deixou a Advocacia-Geral da Uni�o - abr/20
- Nelson Teich - deixou o Minist�rio da Sa�de - mai/20
- Abraham Weintraub - deixou o Minist�rio da Educa��o - jun/20
- Marcelo �lvaro Ant�nio - deixou o Minist�rio do Turismo - dez/20
- Jorge Oliveira - deixou a Secretaria-Geral da Presid�ncia- dez/20
- Onyx Lorenzoni - deixou o Minist�rio da Cidadania - fev/21
- Eduardo Pazuello - deixou o Minist�rio da Sa�de - mar/21
A reforma desta segunda (29/3)
- Ernesto Ara�jo - deixou o Minist�rio das Rela��es Exteriores - entrou Carlos Alberto Fran�a
- Fernando Azevedo e Silva deixou o Minist�rio da Defesa - entrou Walter Braga Netto
- Jos� Levi - deixou a AGU - entrou Andr� Mendon�a
- Andr� Mendon�a - deixou o Minist�rio da Justi�a - entrou Anderson Torres
- Walter Braga Netto - deixou a Casa Civil - entrou Luiz Eduardo Ramos
- Luiz Eduardo Ramos - deixou a Secretaria de Governo - entrou Fl�via Arruda