
O presidente Jair Bolsonaro tem um ano, a partir deste m�s, para escolher um partido e disputar a elei��o de 2022. Pressionado pela volta do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva ao cen�rio eleitoral, o chefe do Executivo indicou na segunda-feira que deve anunciar seu destino at� a pr�xima semana.
Bolsonaro sobre escolha de partido: ''J� t� atrasado''
Al�m da escolha da nova sigla, em meio a uma sucess�o de crises, seu caminho para tentar a reelei��o passa por reorganizar as bases org�nicas que lhe deram suporte em 2018, nas ruas e nas redes sociais, e que hoje d�o sinais de desgaste. Elas s�o compostas por profissionais de seguran�a p�blica, militares, caminhoneiros, evang�licos, grupos pr�-Lava Jato e conservadores (ligados aos ideais do fil�sofo Olavo de Carvalho).
A defesa, pelo presidente, de seus filhos investigados por corrup��o, a alian�a com o Centr�o e a postura diante da pandemia afastaram parte desses grupos. A exce��o s�o os evang�licos. Entidades que representam profissionais da seguran�a p�blica, por exemplo, t�m subido o tom das cr�ticas.
"Antes, ele tinha apoio de 90% da categoria. Agora, se tiver 20%, � muito", disse F�bio Jab�, presidente do Sindicato dos Funcion�rios do Sistema Prisional do Estado de S�o Paulo. Por outro lado, na ponta das tropas, Bolsonaro tem apoio de pra�as das PMs. "Ele (Bolsonaro) tem hist�rico de afinidade com policiais. Se a elei��o fosse hoje, creio que seria o mais votado", disse Sargento Ailton (SD), ex-vereador de Sobral (CE) que participou do motim de PMs no Estado no ano passado.
Entre os defensores da Lava Jato que sa�ram �s ruas a partir de 2016 para pedir o impeachment de Dilma Rousseff, o rompimento � mais n�tido. "N�o existe nenhum cen�rio em que a gente apoiaria Bolsonaro em 2022", disse o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), um dos l�deres do Movimento Brasil Livre (MBL), que apoiou Bolsonaro no segundo turno de 2018.
O grupo, influente nas redes, rompeu com o presidente em 2020. "O estopim foi a atua��o na pandemia. Houve tamb�m a utiliza��o da m�quina p�blica para blindar a fam�lia dos esc�ndalos de corrup��o", citou Kataguiri, apontando ainda o abandono da agenda econ�mica liberal.
A categoria dos caminhoneiros � outra que, agora, est� descontente. S�o cerca de 242 mil profissionais filiados a sindicatos pelo Pa�s. Jos� da Fonseca Lopes, presidente da Associa��o Brasileira dos Caminhoneiros, disse que "o que o caminhoneiro precisa � de vacina". "Os caminhoneiros est�o andando doentes dentro da cabine, sem ajuda, sem aux�lio. O presidente n�o comprou vacinas", protestou.
Base
Entre os religiosos ligados a igrejas neopentecostais, o apoio se mant�m. "Os evang�licos s�o a maior base de sustenta��o social de Bolsonaro", disse o deputado Marco Feliciano (Republicanos-SP), pastor da Catedral do Avivamento. Os la�os com o segmento s�o cultivados com dedica��o pelo presidente, que anunciou a escolha de um ministro "terrivelmente evang�lico" para a vaga de Marco Aur�lio Mello no Supremo Tribunal Federal. O decano se aposenta em julho.
A rela��o entre Bolsonaro e suas bases � tida como vital para seu plano de reelei��o. Mas ele ainda precisa afinar a rela��o com um partido para que possa disputar a elei��o. A Lei Eleitoral prev� que, para concorrer, o candidato deve ter o registro em um partido deferido pelo menos seis meses antes do pleito.
O presidente j� manifestou interesse em se filiar a alguma legenda da qual possa ser "o dono". No entanto, a cria��o de um partido pr�prio, o Alian�a pelo Brasil, foi posta de lado ante a falta de tempo para viabiliz�-lo. Na avalia��o da pesquisadora Carolina Botelho, ao manifestar desejo de ser "dono" de um partido, o presidente busca um "curral". "Bolsonaro n�o negocia poder. O poder � ele e, por extens�o, os filhos dele", disse a especialista em estudos eleitorais.
Procurado, o Planalto n�o quis se manifestar.