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Programa social de Michelle Bolsonaro gasta mais do que arrecada em doa��es

O 'P�tria Volunt�ria' empregou R$ 9,3 milh�es para publicidade e conseguiu R$ 5,89 milh�es em repasses para pessoas carentes


25/04/2021 16:00 - atualizado 25/04/2021 17:00

Presidente Jair Bolsonaro e a Primeira-Dama Michelle Bolsonaro durante visita ao Instituto Promocional Madalena Caputo(foto: Carolina Antunes/PR)
Presidente Jair Bolsonaro e a Primeira-Dama Michelle Bolsonaro durante visita ao Instituto Promocional Madalena Caputo (foto: Carolina Antunes/PR)
Lan�ado h� quase dois anos, o programa P�tria Volunt�ria segue firme nas redes sociais da primeira-dama Michelle Bolsonaro, que coordena a iniciativa. No mundo real, por�m, o programa praticamente n�o recebe novas doa��es desde julho do ano passado. Dados do pr�prio governo mostram que o P�tria Volunt�ria gastou at� agora mais com propaganda do que destinou em doa��es.

At� mar�o deste ano, o governo empregou R$ 9,3 milh�es para divulgar o P�tria. Foram R$ 9,039 milh�es em publicidade e mais R$ 359 mil para manter no ar o site do programa. J� as doa��es feitas por empresas privadas e pessoas f�sicas que o programa repassou �s entidades que atendem pessoas carentes est�o em R$ 5,89 milh�es. A maior parte foi transformada em cestas b�sicas. O programa parou no momento em que mais da metade dos domic�lios brasileiros enfrentam algum grau de inseguran�a alimentar em consequ�ncia da pandemia da COVID-19.

Os recursos arrecadados s�o depositados numa conta gerida pela Funda��o Banco do Brasil e destinados a entidades parceiras. J� o dinheiro usado na publicidade do programa � p�blico: s�o verbas do Or�amento da Secretaria de Comunica��o, arrecadadas por meio de impostos.

No total, 15 dos 23 ministros participam do conselho que define, por meio de chamamento p�blico, as entidades que ir�o receber as doa��es. As atas das reuni�es mostram, contudo, que eles costumam enviar assessores para represent�-los. Desde maio de 2020, o colegiado s� se reuniu tr�s vezes. A �ltima foi no dia 23 de fevereiro, diz a Casa Civil.

Na ter�a-feira passada, Michelle Bolsonaro visitou tr�s cidades do interior de S�o Paulo para promover o programa. Ela esteve em Presidente Prudente, Ara�atuba e S�o Jos� do Rio Preto, acompanhada da ministra Damares Alves (Mulher, Fam�lia e Direitos Humanos) e do secret�rio especial de Assuntos Fundi�rios do Minist�rio da Agricultura, Nabhan Garcia. O trio visitou institui��es de caridade e distribuiu "cerca de sete mil cestas de alimentos" para as institui��es. A a��o tamb�m rendeu mais de 120 mil visualiza��es em um v�deo postado por Michelle no Instagram, com fotos da viagem.


No dia 1.º de abril, em outra postagem no Instagram, Michelle aparece doando ovos de P�scoa a um projeto social para crian�as no Recanto da Emas, cidade da periferia de Bras�lia. As fotos renderam 74,5 mil "curtidas" para a primeira-dama.

Apesar do ritmo das postagens de Michelle, as doa��es financeiras para o P�tria parecem estar praticamente paradas: um balan�o de julho de 2020 menciona R$ 10,8 milh�es levantados pelo "Arrecada��o Solid�ria", um dos bra�os do P�tria. Oito meses depois, o site da iniciativa da primeira-dama mostra R$ 10,9 milh�es recolhidos em doa��es. Segundo informou a Casa Civil, respons�vel pela gest�o do P�tria no dia a dia, este � o montante arrecadado at� 29 de mar�o deste ano. Desse total, apenas R$ 5,8 milh�es j� foram executados, segundo divulga o governo.

Entre os doadores originais do projeto de Michelle est�o a Via Varejo (por meio da Funda��o Casas Bahia); a rede Carrefour; o frigor�fico Marfrig; as multinacionais Unilever e Bayer; e a rede de est�dios de depila��o Espa�o Laser, a maior do tipo no Brasil e da qual a apresentadora Xuxa Meneghel det�m 50%. Em pelo menos um caso - a Via Varejo - as contribui��es foram pontuais e n�o h� previs�o de novas doa��es para o "Arrecada��o Solid�ria", segundo apurou o Estad�o.

Outra grande doadora do programa de Michelle foi a Associa��o Paulista de Supermercados, a APAS. A entidade re�ne 1.500 empresas que somam mais de quatro mil lojas no Estado. Em junho de 2020, a entidade doou 57 toneladas de alimentos e produtos de higiene por meio do P�tria. Os itens foram distribu�dos para comunidades ribeirinhas de Afu� e Chaves (PA), na ilha do Maraj�.

Em nota � reportagem do Estad�o, a entidade diz estar participando de uma nova campanha de doa��o de alimentos, chamada Doa��o Super Essencial. A iniciativa envolve empresas de todo o Pa�s e � coordenada pela Associa��o Brasileira de Supermercados (Abras), mas n�o tem rela��o com o P�tria.

No fim de mar�o, as a��es sociais do governo receberam nova roupagem com o lan�amento de mais um projeto batizado como "Brasil Fraterno". A iniciativa tamb�m � coordenada pelo P�tria Volunt�ria de Michelle Bolsonaro, mas envolve o Minist�rio da Cidadania, dirigido por Jo�o Roma (Republicanos-BA).

No novo projeto, a capta��o de recursos � feita pelo Sistema S. Nesta sexta-feira, 23, Jair Bolsonaro esteve em Bel�m (PA) para a cerim�nia de entrega de cestas b�sicas. A a��o � parte do novo programa, e n�o do "Arrecada��o Solid�ria".

Al�m disso, o P�tria inclui tamb�m um outro projeto, lan�ado em abril de 2020 e chamado "Brasil Acolhedor". Neste caso, o foco s�o entidades assistenciais, como asilos e abrigos.

A queda na arrecada��o do P�tria coincide com a realiza��o de opera��es controversas envolvendo o programa. Em mar�o de 2020, por exemplo, o frigor�fico Marfrig doou R$ 7,5 milh�es para o Minist�rio da Sa�de para a compra de testes r�pidos de covid-19. Em julho, no entanto, o governo solicitou que o dinheiro fosse encaminhado para o programa de Michelle. A verba acabou beneficiando entidades confessionais evang�licas ligadas � ministra Damares Alves, escolhidas de forma discricion�ria. O caso foi revelado pelo jornal Folha de S. Paulo.

Um parecer da �rea t�cnica do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) apontou, nesta sexta-feira, poss�vel "preju�zo ao er�rio" na distribui��o do dinheiro da Marfrig �s entidades. Mesmo que n�o sejam constatadas irregularidades nas doa��es, elas deveriam ter sido feitas segundo "crit�rios objetivos, t�cnicos e ison�micos, e n�o de forma a privilegiar determinadas institui��es", de acordo com a �rea t�cnica do TCU. O parecer responde a representa��o do subprocurador-geral do Minist�rio P�blico junto ao TCU, Lucas Furtado.

Ao Estad�o, ele disse concordar com a opini�o da �rea t�cnica, mas destacou que o parecer n�o reflete a opini�o da Corte - isso s� acontecer� se o ponto de vista dos t�cnicos for endossado pelo plen�rio do TCU.

A reportagem procurou a Presid�ncia da Rep�blica, a Casa Civil e o Minist�rio da Cidadania. Apenas a Casa Civil respondeu com esclarecimentos, mas n�o comentou o fato de o P�tria gastar mais com publicidade do que com doa��es.

Campanha teve mais verba do que covid e dengue

A divulga��o do P�tria Volunt�ria est� a cargo da ag�ncia carioca Artplan, uma das principais prestadoras de servi�o do governo federal. A produ��o dos materiais em si consumiu uma parte pequena do dinheiro - R$ 1,1 milh�o. O grosso da verba publicit�ria do programa presidido pela primeira-dama Michelle Bolsonaro foi para a compra de espa�os de m�dia. A maior beneficiada foi a Rede Record de TV e r�dio, com R$ 1,38 milh�o. Embora n�o seja a campe� de audi�ncia no Pa�s, a empresa tem tido destaque na distribui��o de verba publicit�ria no governo Bolsonaro. Para fins de compara��o: a TV Globo e suas afiliadas em todo o Pa�s ficaram com R$ 839 mil do bolo publicit�rio do P�tria.

A publicidade do programa tamb�m incluiu R$ 545 mil para a veicula��o de propagandas em salas de cinema. Segundo a Casa Civil, no entanto, a propaganda foi veiculada antes do advento da pandemia de covid-19.

A divulga��o via internet tamb�m teve destaque no plano de m�dia do P�tria Volunt�ria. Foram R$ 2,4 milh�es para divulga��o online, principalmente para grandes empresas do setor: Google (R$ 436 mil), Facebook (R$ 402 mil) e Twitter (R$ 337 mil).

Os gastos do governo com a campanha do P�tria Volunt�ria tamb�m ultrapassam os de v�rias outras campanhas. Para divulgar a import�ncia de combater o mosquito Aedes Aegypti, por exemplo, o governo usou R$ 2 milh�es, em 2020. Para a "conscientiza��o das fam�lias sobre os riscos de exposi��o de crian�as na internet" o montante dispendido foi de R$ 1,9 milh�o; j� para falar sobre o "cuidado precoce" contra a covid-19 foram cerca de R$ 6 milh�es, segundo a Secretaria de Comunica��o do governo.

Os R$ 9,3 milh�es da campanha do P�tria s�o compar�veis ao dinheiro destinado a divulgar a��es de enfrentamento � viol�ncia contra a mulher em 2019 (R$ 10,2 milh�es). Procurada, a Secom n�o respondeu.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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