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No dia em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) constatou um recorde de 14,4 milh�es de pessoas sem emprego no Brasil, um comerciante de Venda Nova, em Belo Horizonte, sintetizou o sentimento do terceiro setor durante a pandemia da COVID-19. Na manh� desta sexta (30/4), Thiago Pacheco de Souza, de 35 anos, cobrou o governador Romeu Zema (Novo) cara a cara e pediu socorro.
Pai de duas crian�as, de 5 e 10 anos, Thiago mora no Bairro C�u Azul, em Venda Nova, BH. Ele trabalha h� 12 anos como locutor comercial, 10 deles no Loj�o Pague Meno$, na Rua Padre Pedro Pinto.
Em entrevista ao Estado de Minas, ele contou qual a realidade do estabelecimento. E teme pelo seu futuro.
"Se essa loja fechar, eu n�o sei o que vou fazer. O povo est� desesperado por emprego. Curr�culo aqui � toda hora. Toda hora algu�m entregando. Infelizmente, o desemprego est� gigantesco. S�o 14 milh�es de desempregados. Se fechar aqui, serei mais um", diz.
Ao receber a reportagem, Thiago claramente se sentiu surpreso. “Est� dando audi�ncia l�? Como fa�o para ver?”, perguntou. Quando solicitamos uma entrevista, o locutor comercial logo pede autoriza��o � gerente da loja e se mostra disposto a falar mais sobre o que pensa.
“Eu fiz esse desabafo em nome de todo com�rcio. Muita gente tem medo de falar o que � para o bem da gente. Precisamos de uma vacina��o em massa para parar com esse neg�cio de abre e fecha. Com�rcio nenhum aguenta. Comerciante j� est� cheio disso. Minha briga � essa”, afirma.
De acordo com Thiago, mais da metade das vendas ca�ram. Ele acredita que sem o trabalho de locu��o, que tem como principal objetivo captar a aten��o de quem passa pela via mais movimentada de Venda Nova, o preju�zo seria muito maior.
“Est� sendo dif�cil levar o alimento pra casa. Com esse abre e fecha, a gente n�o sabe o dia de amanh�. Se n�o fosse a loja, meu patr�o, eu estava passando fome”, avalia.
A aposta da loja � no Dia das M�es. Cerca de metade dos funcion�rios foram desligados durante a pandemia, segundo a ger�ncia. Mas, as promo��es e a entidade visual da loja foram pensadas para faturar com as roupas antes da data comemorativa.
“Com muito cuidado, �lcool em gel e sem tirar a m�scara nenhum minuto, esperamos vender mais. Infelizmente, a popula��o tamb�m n�o ajuda", disse ao observar v�rias pessoas cruzarem o apertado passeio da Padre Pedro Pinto sem o equipamento de prote��o das vias a�reas.
Com 400 mil mortos Brasil afora, Thiago se sente aliviado por n�o ter perdido familiar algum para a COVID-19. Amigos, por�m, se foram.
"Parente eu n�o perdi, mas amigos eu j� perdi muitos para a COVID-19. Tenho um amigo de 28 anos intubado nesse momento. Infelizmente, a doen�a existe e est� a� para ser enfrentada. Mas, a gente vai morrer de fome se n�o trabalhar. Se n�o for essa vacina, vai ficar isso a� mais anos", opina.
Cobran�a a Zema
“Precisa liberar uma verba para o povo... Ningu�m tem dinheiro, t� todo mundo quebrado. Precisa ter dinheiro e vacina para a popula��o inteira. Todo mundo quer vacina. � o mais importante”, afirmou o comerciante mais cedo em cobran�a ao governador Romeu Zema (Novo).
A declara��o foi feita durante agenda do governador pela Rua Padre Pedro Pinto, na Regi�o de Venda Nova.
O foco da campanha foi a conscientiza��o do uso de m�scara de prote��o a fim de evitar a propaga��o da COVID-19. O ato � o �nico evento na agenda oficial do governador nesta sexta.
Em conversa posterior com a reportagem, Thiago afirma que a culpa � de todos, mas o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) carrega mais responsabilidade.
"Eu acho que a culpa come�a l� em cima. O presidente, infelizmente, no in�cio, achou que n�o era nada. Agora � o Zema correr atr�s disso a�, e o Kalil parar com esse abre e fecha para deixar o povo trabalhar", diz.