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Estado de Minas CRISE POL�TICA

CPI da COVID dever� reconvocar ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga

Ao fazer balan�o dos primeiros depoimentos dados ao colegiado, presidente da comiss�o, Omar Aziz, diz que o ministro fugiu �s respostas dos senadores


09/05/2021 04:00 - atualizado 09/05/2021 07:38

Senador Omar Aziz afirma que dificilmente o ministro Marcelo Queiroga não será chamado novamente pelo colegiado(foto: Jefferson Rudy/Agência Senado - 23/3/21)
Senador Omar Aziz afirma que dificilmente o ministro Marcelo Queiroga n�o ser� chamado novamente pelo colegiado (foto: Jefferson Rudy/Ag�ncia Senado - 23/3/21)

O presidente da Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da COVID, instaurada no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), avalia como positiva a primeira semana de depoimentos no colegiado e acredita que as pr�ximas oitivas v�o ajudar os senadores a identificar os motivos de tantas mortes provocadas pelo coronav�rus no pa�s e da escassez de vacinas para proteger a popula��o contra a doen�a respirat�ria.

Em entrevista ao Estado de Minas, Omar Aziz criticou duramente o ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, que, em seu depoimento � comiss�o, na quinta-feir passada, esquivou-se de responder perguntas sobre sua opini�o quanto � defesa que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) faz do uso da hidroxicloroquina no tratamento precoce, medicamento sem efic�cia cient�fica comprovada contra a enfermidade.

“Est� patente que ele � contra [a hidroxicloroquina], mas, para n�o magoar o presidente, ele n�o fala. Porque se ele fosse a favor, pode ter certeza que ele diria 'eu sou a favor'”, diz o presidente da CPI, acrescentando que o depoimento do ministro “foi um dos piores”. Por essa raz�o, de acordo com o senador, ele “dificilmente n�o ser� reconvocado” para depor.

Segundo Omar Aziz, Queiroga deve ser ouvido novamente tamb�m porque, apesar de ter dito que tem autonomia no minist�rio, ele mant�m em sua equipe a secret�ria de Gest�o do Trabalho do Minist�rio da Sa�de, Mayra Pinheiro. Em depoimento ao Minist�rio P�blico Federal do Amazonas, ela assumiu que, durante a gest�o do ex-ministro Eduardo Pazuello, recomendou a m�dicos do Amazonas o uso da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com COVID-19.

“O ministro falou na CPI sobre autonomia, mas, a curto prazo, ele vai ver que n�o tem essa autonomia toda que ele est� dizendo que tem. Tanto � que ele mant�m l�, no gabinete dele, a Mayra, que � m�dica e receita cloroquina abertamente”, afirma o presidente da CPI. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Qual o balan�o que o senhor faz da primeira semana de depoimentos na CPI?
Montamos um programa de trabalho para fazer a cronologia da chegada do v�rus no Brasil. Ent�o, os primeiros a depor seriam o ex-ministro Mandetta (Luiz Henrique Mandetta), o ex-ministro Teich (Nelson Teich). A� houve a interrup��o por causa do ex-ministro Pazuello (general Eduardo Pazuello), que teve contato com duas pessoas que estavam com COVID, recebemos o comunicado do Comando do Ex�rcito, e a� houve essa interrup��o. Mas, nada que tivesse afetado o nosso trabalho, porque conseguimos ouvir o ministro Marcelo Queiroga (da Sa�de), e o andamento da comiss�o parte do princ�pio do que n�s deixamos de fazer, e por que n�o temos as vacinas suficientes para o povo brasileiro. Nesta semana, vamos ouvir a Anvisa [Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria]. A Anvisa � uma parte importante para que a gente possa trazer as vacinas suficientes para o Brasil, e isso vai dar o norte, porque o objetivo principal, desde o primeiro momento, � ter pelo menos duas vacinas para cada brasileiro neste ano.

Os primeiros depoimentos confirmaram as suspeitas de que o governo optou por ignorar as medidas cient�ficas que deveriam ter sido adotadas contra a COVID-19?
Necessariamente, esses depoimentos nem precisavam confirmar, porque o pr�prio comandante da na��o, frequentemente, coloca essa posi��o. Ontem mesmo, � poss�vel que tenha sido ele que tenha escrito, ele disse que 'Uns m�dicos receitam Cloroquina, outros a Ivermectina e o terceiro grupo (o do Mandetta) manda o infectado ir para casa e s� procurar um hospital quando sentir falta de ar'. Ele n�o escolhe o pensamento dele, infelizmente. Essa n�o � uma quest�o de 'eu acho, eu quero'. Agora, a Conitec [Comiss�o Nacional de Incorpora��o de Tecnologias no SUS] est� demorando muito a se posicionar. As pessoas falam, 'Ah, n�o, est� dividindo opini�es', n�o � dividir. � que quem � favor�vel [� hidroxicloroquina], somatizados �s redes sociais, que d�o apoio e usam artif�cios para denegrir e tal, eles t�m uma tropa muito mais forte nas redes sociais do que quem � contra. As pessoas que s�o contra n�o atuam como militantes. Ent�o, a impress�o que eles querem passar � de que a maioria � favor�vel a usar cloroquina. Na realidade, n�o passa de meia d�zia de profissionais ali, naquele espa�o de confronto, o 'gabinete do �dio' [grupo de assessores do Pal�cio do Planalto investigados pelo Supremo Tribunal Federal por disseminarem fake news] trabalha muito bem nisso. Ent�o, a impress�o que passa � a de que s�o 90% da popula��o.

O senhor disse que j� foi recomendado a usar cloroquina. Como foi?
Eu n�o sei por que a pessoa se presta a mandar mensagem para mim no Instagram, achando que eu sou um idiota completo, dizendo 'Olha, eu sou fulana de tal, aqui de Minas Gerais, a minha tia tomou cloroquina e ficou boa'. Ela n�o vai mudar minha opini�o sobre isso, eu n�o sou m�dico, eu n�o sou cientista, eu sou engenheiro civil, tenho forma��o em exatas. Onde eu trabalho dois mais dois s�o quatro, n�o cinco nem tr�s. Eu n�o posso ter um n�mero e criar outra vers�o desse n�mero. Ent�o, eu aposto na ci�ncia, n�o aposto no achismo, no curandeiro, para me curar da COVID, ou ent�o os paj�s, aqui do Amazonas, para fazerem uma reza. Eu creio na ci�ncia.

A partir dos primeiros depoimentos, o senhor considera que j� foi confirmado o cometimento de crimes de autoridades durante a pandemia? Houve crime contra a sa�de p�blica e de responsabilidade, por exemplo?
Todo mundo que prescreve um medicamento sem ser profissional de sa�de n�o est� cometendo um ato certo. Hoje, temos, no Brasil, jornalistas que n�o fizeram uma faculdade, e escrevem o que querem, porque t�m um blog. Ent�o, a sua profiss�o n�o tem valor nenhum, porque o cara tem um blog, tem dinheiro, uma estrutura, e come�a a produzir mat�rias inver�dicas, a disseminar desinforma��o. Isso n�o � bom para a sa�de de todos n�s. N�o estou falando s� sobre quest�o de cloroquina, de ivermectina, estou falando de qualquer outra coisa. H� pessoas que alastram uma mentira pelas redes sociais, e o pior, h� pessoas que defendem aquilo com tal afinco, que pessoas desinformadas podem se convencer ....quantas pessoas j� tomaram essa cloroquina e tiveram arritmia no cora��o, sem ter no��o do que estava acontecendo? Eu acho que temos que estabelecer leis rigorosas. A CPI tem que sair com propostas ao Congresso, aprovar uma lei muito rigorosa para quem prescreve medicamentos sem nunca ter passado na porta de uma faculdade de medicina.

E quanto �s a��es e omiss�es do governo na pandemia, o que foi identificado pela CPI at� agora?
O [ex-ministro da Sa�de Luiz Henrique] Mandetta esteve l� [CPI] mas n�o disse qual foi o planejamento que ele deixou. Ele mostrou uma carta dizendo ao presidente que 'n�s podemos chegar a 180 mil mortes', n�s j� estamos em quase 420 mil. Ele alega que entregou o minist�rio com 1.900 mortes, isso � verdade. Mas ele n�o mostrou nenhum dado documental, dizendo 'olha, o planejamento � esse, n�s temos que fazer e tal'. O [ex-ministro da Sa�de Nelson] Teich, disse 'o Brasil � um pa�s continental, n�o tivemos condi��es de fazer barreiras'. Ali, n�o tem que ter vontade de ministro, tem que ter vontade de governo. O que n�s vimos � o ministro puxando para um lado e o governo puxando para outro.

O senhor considera que os depoimentos refor�aram as suspeitas de que o governo optou por promover uma imunidade de rebanho, em detrimento de medidas como o distanciamento social e a vacina��o?
A imunidade de rebanho, acho que muita gente faleceu por causa disso. E fizeram muitas aglomera��es ali. Ent�o, acho que n�s temos um caminho tortuoso a perseguir, dentro da CPI, e sair com uma proposta que possa prevenir n�o apenas esta gera��o, mas tamb�m as outras gera��es de outras pandemias. Aqui, no estado do Amazonas, ontem [sexta-feira passada], houve aumento significativo de casos [de COVID-19], e, se voc� olhar, � parecido com janeiro [deste ano] e com o in�cio da pandemia. Agora, o governador do estado s� n�o pode reclamar da falta de oxig�nio, porque ele tem tempo suficiente para se preparar para que n�o falte oxig�nio. Agora, nem o governador, nem o prefeito podem dizer que foram surpreendidos por uma nova onda, porque a estrutura de medicamentos para intuba��o e oxig�nio n�o pode faltar.

A secret�ria de Gest�o do Trabalho do Minist�rio da Sa�de, Mayra Pinheiro, assumiu, em depoimento ao Minist�rio P�blico Federal, que orientou os m�dicos do Amazonas a usarem hidroxicloroquina e outros medicamentos sem efic�cia comprovada contra a COVID-19. Qual sua opini�o sobre isso?
Isso � muito grave. A doutora Mayra Pinheiro vai ser ouvida na CPI no pr�ximo dia 20.

O vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida Filho (sem partido), disse ao jornal “Folha de S. Paulo” que o governador do estado, Wilson Lima (PSC), e o presidente Jair Bolsonaro fizeram acordo para usar a cidade de Manaus em experi�ncia sobre a imunidade de rebanho. Qual sua opini�o?
N�o tenho conhecimento, eu soube disso agora. N�o tinha conhecimento disso, e � uma acusa��o muito grave, e tem que ter alguma prova, porque colocou o presidente na roda. At� ent�o, o presidente n�o est� sendo investigado, nem nada, o presidente est� fora, mas dar uma declara��o dessa, dizendo que o governador e o presidente fizeram um acordo, eu n�o posso lhe assegurar porque n�o tenho nenhuma comprova��o disso, mas � muito s�rio isso.

Como o senhor avalia o depoimento do ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga?
O ministro Marcelo Queiroga, n�s passamos 10 horas, e ele, muito bem treinado. Houve um momento em que eu disse: 'ministro, o senhor � m�dico, � a sua profiss�o, o senhor est� ministro, porque se troca de ministro aqui como se troca de camiseta'. Ent�o o cara passa seis anos cursando medicina, mais dois anos de resid�ncia, se forma, e depois passa dois anos fazendo especializa��es. O cara [Queiroga] � cardiologista, ele passou muitos anos fazendo especializa��es na �rea de cardiologia, para chegar l� [na CPI] e, todas as vezes em que perguntado sobre a cloroquina, ele usar um cargo ef�mero, o do minist�rio, e n�o usar a compet�ncia t�cnica...ele estava ali como m�dico. 'Ah, eu n�o posso me posicionar, porque a Conitec [Comiss�o Nacional de Incorpora��o de Tecnologias no SUS]', n�o sei o qu�, p�, p�, p�...o tempo todo tangenciando sobre essa quest�o. E a� a vontade de perguntar para ele: 'Se o senhor n�o fosse ministro e estivesse em seu consult�rio, o senhor receitaria cloroquina?'. Est� patente que ele � contra [a cloroquina], mas, para n�o magoar o presidente, ele n�o fala. Porque se ele fosse a favor, pode ter certeza que ele diria 'eu sou a favor'. 'Para n�o magoar o chefe, eu n�o vou dizer que sou contra', mas se fosse o contr�rio, a� n�o tinha Conitec, n�o tinha nada. Ent�o ficou um neg�cio em que ele dificilmente n�o ser� reconvocado. Porque ele falou l� sobre autonomia, mas a curto prazo ele vai ver que n�o tem essa autonomia toda que ele est� dizendo que tem. Tanto � que ele mant�m l�, no gabinete dele, a Mayra, que � m�dica e receita cloroquina abertamente.

Ent�o, o ministro ser� reconvocado a depor?
N�o tenho d�vida, porque, ali�s, um dos piores depoimentos foi o dele. Voc� v� que ele n�o citou cloroquina, ele falava 'f�rmacos', lembra?

Quais s�o as expectativas para os depoimentos desta semana?
Vamos ouvir a Anvisa, que, t�cnica e cientificamente, ir� falar muitas coisas que a gente n�o entende. Tem um quadro de cientistas muito bom na Anvisa. Tamb�m v�o depor a Pfizer (representante da farmac�utica), e o Fabio Wajngarten [ex-secret�rio de Comunica��o do governo] depois, porque ele tentou negociar ali, negociar n�o, intermediar, com o laborat�rio. E, ontem [sexta-feira], saiu uma mat�ria dizendo que n�s [Brasil] estamos negociando vacinas [com a Pfizer] a um pre�o um bilh�o mais caro. Eu n�o sei se isso � verdade ou n�o, mas l�gico que ser� perguntado pela CPI, porque voc� ia comprar 70 milh�es [de doses de vacina], numa �poca em que o governo entendeu que n�s � que t�nhamos que impor condi��es para comprar. N�o foi essa a quest�o? Ent�o, quando eu contrato o Butantan ou contrato outras vacinas, n�s vamos ver qual a diferen�a com o contrato da Pfizer. E, se a gente tem vacina hoje, isso se deve � China, porque a CoronaVac � aplicada em 90% das pessoas vacinadas no Brasil.

Como o senhor viu as novas insinua��es do presidente Bolsonaro de que a China inventou o novo coronav�rus?
O problema da China n�o � s� a vacina. O problema s�o as commodities que n�s vendemos para a China e que d�o super�vit ao Brasil, o que n�s n�o temos com os Estados Unidos. A China leva da gente o ferro e eles trazem o a�o deles, porque nossa ind�stria sider�rgica � pequena. Mandamos [para a China] frango, su�nos, carne, soja. A gente manda tanta coisa para a China. Ent�o, a quest�o com a China n�o � s� a vacina, a quest�o � comercial. Acho que n�o � o momento de a gente cutucar ningu�m, o momento � de pedir ajuda. N�o d�, agora, at� porque existe uma investiga��o da Organiza��o Mundial da Sa�de, sobre o v�rus. Ent�o, a gente n�o pode fazer nenhuma an�lise, fazer um pr�-julgamento nesse momento. Seria uma irresponsabilidade muito grande nossa. Essa quest�o de guerra qu�mica, como o presidente coloca, � uma acusa��o muito s�ria. Ele n�o cita a China, ele fala que 'ele j� conhece, n�s militares sabemos o que � uma guerra biol�gica'. Mas n�o s� s�o os militares, qualquer cidad�o que estuda um pouquinho vai saber o que � uma guerra biol�gica. N�o d�, agora, para a gente brigar com ningu�m.



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