Falas de Kalil a vereadores t�m 'palmada' em bolsonarista e indireta a Zema

A presta��o de contas do prefeito Alexandre Kalil (PSD) aos integrantes da C�mara Municipal de Belo Horizonte, nesta segunda-feira (10/5), foi marcada por troca de farpas entre o chefe do poder Executivo municipal e alguns vereadores. Enquanto detalhava a execu��o do Or�amento do ano passado, Kalil subiu o tom contra um parlamentar bolsonarista, divergiu de correligion�rios de Romeu Zema (Novo) e at� mesmo se desculpou por uma “quest�o familiar”.

 

No momento mais tenso, esteve Nikolas Ferreira (PRTB), apoiador ferrenho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e cr�tico contumaz do prefeito. Com Fernanda Pereira Alto� (Novo), demonstrou irrita��o por compara��es ao governador mineiro, Romeu Zema, do mesmo partido. Na vez de Marcela Tr�pia, outra correligion�ria do governador, houve alfinetadas diretas no ocupante do Pal�cio Tiradentes.

 

 

Ciro Pereira, do PTB, usou parte do tempo para reclamar com o prefeito, que pediu ao pai do parlamentar, o pastor Jeremias Pereira, que convencesse o filho a votar favoravelmente a um empr�stimo bilion�rio para financiar obras de conten��o de enchentes. O Estado de Minas resume os principais “rounds” do encontro.

‘Braveza de garoto a gente responde com palmadas’

A “treta” mais quente desta segunda teve Nikolas Ferreira como um dos protagonistas. Defensor do fim das restri��es econ�micas impostas pela pandemia de COVID-19, o parlamentar teceu cr�ticas a Kalil.

“Voc� n�o tem di�logo, planejamento, nem previs�o para esta cidade. Eu tenho pena dos belo-horizontinos que t�m o senhor como prefeito dessa cidade”, reclamou.

Em mar�o, o vereador, de 24 anos confundiu o filho do prefeito com um empres�rio que estava em uma praia ao criticar as medidas de restri��o do com�rcio. O erro de Nikolas nas redes sociais foi lembrado por Kalil.

“Voc�, vereador, � o que fez a fake news com meu filho, n�o � isso? Primeiro, respeita meu filho, respeita minha fam�lia. Voc� n�o deve respeitar nem seu pai e sua m�e”, disse Kalil.“Braveza de garoto a gente responde com palmada”, disparou.

Inconformado com o tratamento dispensado a ele, Kalil deu uma bronca em Nikolas. “Acho que voc� devia sentar com seu pai, sua m�e, sentar com gente que ainda pode te dar conselho, aprender a respeitar um homem de 62 anos, eleito em primeiro turno, escolhido pela popula��o”.

Kalil seguiu alfinetando o vereador. “Da fake news a esse monte de agress�es — e eu perdi completamente a conta — e essa falsa coragem de internauta pode amedrontar seus coleguinhas, seus amiguinhos – voc� deve jogar bolinha de gude – mas a mim, n�o”, disse o prefeito, na �ltima alfinetada ao bolsonarista.

Rescaldo de um empr�stimo frustrado (parte 1)

Quando pediu a palavra, Fernanda Pereira Alto� disse n�o estar fazendo compara��es, mas fez contrapontos entre as gest�es de Kalil e Zema. Depois, perguntou sobre a possibilidade de cortes na m�quina p�blica municipal com o objetivo de refor�ar os cofres p�blicos.

“Qual o planejamento vai ser feito para a prefeitura, j� que n�o temos mais dinheiro? Ou vai vir um novo pedido de empr�stimo a esta Casa com a alega��o de que o povo passa fome por nossa causa?”, falou.

O empr�stimo citado por Fernanda acabou barrado em mar�o, por apenas um voto. A ideia era captar U$$ 160 milh�es (R$ 907 milh�es, em valores da �poca da rejei��o). O dinheiro seria utilizado para financiar obras de conten��o de enchentes no entorno da Bacia do Ribeir�o Isidora, no Vetor Norte.

Ao responder o questionamento de Fernanda Alto�, Kalil disse que as compara��es com Zema tinham fins eleitorais e criticou o voto contr�rio da vereadora ao empr�stimo.

“Isso n�o faz parte do escopo da presta��o de contas de 2020. Faz parte do palanque eleitoral, elogioso, do qual a senhora votou contra um empr�stimo de (quase) R$ 1 bilh�o, que para a “prefeiturinha” de Belo Horizonte seria muito dinheiro. Para pobre. Para obra”, rebateu.

Rescaldo de um empr�stimo frustrado (parte 2)

A interven��o de Ciro Pereira parecia normal. Ele fazia perguntas ao prefeito quando manifestou descontentamento por uma atitude de Kalil � �poca da vota��o do empr�stimo frustrado. A tentativa de buscar o voto de Ciro por meio do pastor Jeremias Pereira, seu pai, n�o foi bem digerida pelo parlamentar.

Foram 27 votos favor�veis ao texto e outros 12 contr�rios. Ciro foi um dos que optou pelo ‘n�o”. “Da pr�xima vez que o senhor quiser um voto na C�mara, meu, poderia me chamar, e n�o envolver pessoas que n�o foram eleitos. Quem foi eleito foi o senhor, pela popula��o. O vereador (eleito) fui eu, n�o meu pai”, reclamou.

Kalil, ent�o, se dirigiu aos dois integrantes da fam�lia Pereira. “S� pedi ao seu pai para pedir o seu voto. N�o ofendi o seu pai em hora nenhuma. Fui muito bem educado pela minha m�e. N�o ofendo, inclusive, gente mais velha do que eu. Se isso lhe ofendeu, me desculpo. Se isso ofendeu ao seu pai tanto assim, me desculpo. A �nica coisa que pedi foi um voto para ajudar o pobre. N�o pedi nada para mim. N�o pedi camiseta Hering e muito menos um par de sapatos”.

Zema ganha ‘indireta’

Integrante da bancada do Novo no Parlamento belo-horizontino, Marcela Tr�pia questionou a decis�o, da prefeitura, de n�o investir em uma plataforma de ensino remoto. A vereadora afirmou estar preocupada com a recupera��o da aprendizagem dos alunos de BH.

Ela reivindicou a corre��o da “rota da educa��o na cidade”. “Educa��o � uma pol�tica p�blica b�sica. N�o fazer nada n�o � uma op��o para quem senta na cadeira da prefeitura”, falou.

Em determinado momento, Marcela disse que jovens belo-horizontinos poderiam sentir, por muito tempo, os efeitos do que chamou de “omiss�o” do poder p�blico.

“Me parece que Belo Horizonte � uma ilha de desgra�a educacional perante um estado brilhante. E, provavelmente, o estado deve estar todo interligado na internet, pelas suas palavras t�o veementes. Deve ter sido investido muito dinheiro na educa��o tecnol�gica do estado, como foi investido em cesta b�sica, alimenta��o e v�rias coisas, inclusive na tempestade, aqui, de 2020”, respondeu Kalil, enfaticamente, em men��o �s chuvas que assolaram a capital mineira no in�cio do ano passado.

O prefeito utilizou at� mesmo a Segunda Grande Guerra para assegurar a recupera��o do ensino municipal.

“O Brasil foi atingido por um ano — e talvez seja por dois ou tr�s — de pandemia. A Europa foi atingida por seis anos de uma guerra cruel. E a educa��o foi recuperada. Ent�o, por uma quest�o de leitura hist�rica, poderemos, sim, dar um grande salto. Temos uma tecnologia que produziu uma vacina em seis meses. A penicilina, muito mais simples de ser feita, foi descoberta em 1929, mas usada apenas em 1945”.