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Estado de Minas PANDEMIA

CPI da COVID: Wajngarten entra em contradi��o e irrita senadores

O ex-secret�rio de Comunica��o do governo federal deu uma entrevista � revista Veja em abril deste ano e avaliou como incompetente as a��es na pandemia


12/05/2021 12:34 - atualizado 12/05/2021 12:49

O ex-secret�rio de Comunica��o do governo federal, Fabio Wajngarten, irritou os senadores na Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da COVID. Ele foi convocado devido a declara��es para a revista Veja, em abril deste ano, em que falou sobre algumas a��es de enfrentamento � pandemia, classificadas por ele como incompetentes. Integrantes da comiss�o alegaram que declara��es na comiss�o est�o diferentes das que foram publicadas pelo ve�culo de comunica��o.
 

No in�cio da sess�o na manh� desta quarta-feira (12/5), Wajngarten jurou perante os senadores dizer a verdade. No entanto, alguns integrantes da comiss�o avaliaram que o ex-secret�rio tem mentido diante dos questionamentos levantados pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL).

Ele questionou Wajngarten sobre suas declara��es na revista Veja, publicada em 22 de abril de 2021. Segundo o relator, ele disse na revista: “O presidente da Rep�blica n�o poderia ser responsabilizado por n�o ter conduzido o processo de compra das vacinas pois ele teria sido instru�do com informa��es erradas”, relembrou.

“Vossa senhoria disse � revista Veja e tem contradi��es com a l�gica que adota agora. Acabou de dizer que ningu�m falava com o presidente sobre nada e que n�o tinha grupo que o auxiliava nessa consultoria com essa pandemia e os problemas de sa�de”, rebateu Renan Calheiros. Em seguida ele questiona: “Quem orientava o presidente neste sentido?”.

O ex-secret�rio de comunica��o respondeu: “Eu desconhe�o quem tem orientado, o fato � que a gente estava sempre a acelerar a celebra��o do contrato com a Pfizer para que a melhor vacina chegasse r�pido aos brasileiros. O presidente sempre disse que compraria toda e qualquer vacina, uma vez que aprovado pela Anvisa”, disse. Renan Calheiros rebateu: “N�o foi isso que falou � Veja”.
 
Ex-secretário de Comunicação do governo federal, Fabio Wajngarten(foto: Agência Senado)
Ex-secret�rio de Comunica��o do governo federal, Fabio Wajngarten (foto: Ag�ncia Senado)
 

O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM) tamb�m cobrou do depoente a verdade. “O senhor s� est� aqui por causa da entrevista � revista Veja, se n�o fosse por isso a gente nem lembraria que o senhor existe. O senhor chamou o Pazuello de incompetente na revista, disse que a Pfizer tinha cinco escrit�rios de advocacia e o governo estava perdido. � essa a raz�o”, afirmou. “N�o menospreze a nossa intelig�ncia, n�o tem nenhum imbecil aqui. Todo mundo aqui t� por uma qualidade. A �nica qualidade que n�o chega aqui � menosprezar minha intelig�ncia nas suas respostas”, acrescentou.

Ele refor�ou a pergunta: “Chamou ou n�o chamou o Pazuello de incompetente?”. “A revista n�o diz isso e eu n�o chamei”, respondeu Wajngarten. 

O vice-presidente, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), interrompeu para relembrar que a capa da revista foi a entrevista com o ex-secret�rio e diz: “Houve incompet�ncia.”

Em seguida, Omar interrompe a sess�o para que o advogado presente o aconselhe melhor sobre as respostas na CPI. Ap�s alguns minutos, foi retomada a sess�o e o presidente informa a Fabio Wajngarten que caso perceba que est� desviando das perguntas, vai convocar na condi��o de investigado.

“Com todo respeito que o senhor merece aqui na comiss�o, se vossa excel�ncia n�o for objetivo nas suas respostas, iremos dispens�-lo dessa comiss�o, pediremos a revista Veja que mande a grava��o e o convocaremos de novo. N�o mais como testemunha e sim como investigado”, afirmou.

A CPI da COVID-19 apura poss�veis a��es e omiss�es do governo federal no enfrentamento � pandemia do coronav�rus e repasses de verbas a estados e munic�pios. Os depoimentos tiveram in�cio na �ltima ter�a-feira (04/5), com Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Sa�de.

No dia seguinte, Nelson Teich, sucessor de Mandetta no cargo, dep�s. Na �ltima quinta-feira (06/5), foi a vez de Marcelo Queiroga, atual ministro da Sa�de, prestar depoimento. Nessa ter�a-feira (11/5), o diretor-presidente da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), Antonio Barra Torres, dep�s.

Wajngarten � o quinto depoente na comiss�o e, assim como os demais, fala na condi��o de testemunha. As reuni�es s�o semipresenciais, e os depoentes s�o aconselhados a estarem fisicamente na CPI da pandemia. O encontro com Wajngarten � o s�timo desde a instala��o da comiss�o, em 27 de abril deste ano.

O ex-secret�rio assumiu a chefia da Secretaria Especial de Comunica��o Social (Secom) do Minist�rio das Comunica��es da Presid�ncia da Rep�blica em abril de 2019. Anteriormente, ele havia trabalhado no gabinete do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro. Ele foi exonerado em mar�o deste ano, ap�s enfrentar queixas internas a respeito da comunica��o oficial na pandemia.

Sucessor de Tech e antecessor de Queiroga no Minist�rio da Sa�de, Eduardo Pazuello vai depor na pr�xima quarta-feira (19/5). Inicialmente, ele seria ouvido na �ltima quarta-feira (05/5), mas alegou que estava em isolamento ap�s contato com pessoas com suspeitas de COVID-19.

Confira a agenda completa dos pr�ximos depoimentos na CPI da COVID:

13 de maio – Carlos Murillo, ex-presidente da Pfizer no Brasil;

18 de maio – ex-ministro das Rela��es Exteriores Ernesto Ara�jo;

19 de maio – ex-ministro da Sa�de Eduardo Pazuello;

20 de maio – secret�ria de Gest�o do Trabalho do Minist�rio da Sa�de, Mayra Pinheiro;

25 de maio – presidente da Fiocruz, N�sia Trindade;

26 de maio – presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas;

27 de maio – presidente da Uni�o Qu�mica, que tem parceria com a Sputinik V, Castro Marques.

O que � uma CPI?

As comiss�es parlamentares de inqu�rito (CPIs) s�o instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relev�ncia ligado � vida econ�mica, social ou legal do pa�s, de um estado ou de um munic�pio. Embora tenham poderes de Justi�a e uma s�rie de prerrogativas, comit�s do tipo n�o podem estabelecer condena��es a pessoas.

Para ser instalado no Senado Federal, uma CPI precisa do aval de, ao menos, 27 senadores; um ter�o dos 81 parlamentares. Na C�mara dos Deputados, tamb�m � preciso aval de ao menos uma terceira parte dos componentes (171 deputados).

H� a possibilidade de criar comiss�es parlamentares mistas de inqu�rito (CPMIs), compostas por senadores e deputados. Nesses casos, � preciso obter assinaturas de um ter�o dos integrantes das duas casas legislativas que comp�em o Congresso Nacional.

O que a CPI da COVID investiga?


O presidente do colegiado � Omar Aziz (PSD-AM). O alagoano Renan Calheiros (MDB) � o relator. O prazo inicial de trabalho s�o 90 dias, podendo esse per�odo ser prorrogado por mais 90 dias.



Saiba como funciona uma CPI

Ap�s a coleta de assinaturas, o pedido de CPI � apresentado ao presidente da respectiva casa Legislativa. O grupo � oficialmente criado ap�s a leitura em sess�o plen�ria do requerimento que justifica a abertura de inqu�rito. Os integrantes da comiss�o s�o definidos levando em considera��o a proporcionalidade partid�ria — as legendas ou blocos parlamentares com mais representantes arrebatam mais assentos. As lideran�as de cada agremia��o s�o respons�veis por indicar os componentes.

Na primeira reuni�o do colegiado, os componentes elegem presidente e vice. Cabe ao presidente a tarefa de escolher o relator da CPI. O ocupante do posto � respons�vel por conduzir as investiga��es e apresentar o cronograma de trabalho. Ele precisa escrever o relat�rio final do inqu�rito, contendo as conclus�es obtidas ao longo dos trabalhos. 

Em determinados casos, o texto pode ter recomenda��es para evitar que as ilicitudes apuradas n�o voltem a ocorrer, como projetos de lei. O documento deve ser encaminhado a �rg�os como o Minist�rio P�blico e a Advocacia-Geral da Uni�o (AGE), na esfera federal.

Conforme as investiga��es avan�am, o relator come�a a aprimorar a linha de investiga��o a ser seguida. No Congresso, sub-relatores podem ser designados para agilizar o processo.

As CPIs precisam terminar em prazo pr�-fixado, embora possam ser prorrogadas por mais um per�odo, se houver aval de parte dos parlamentares

O que a CPI pode fazer?

  • chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade
  • convocar suspeitos para prestar depoimentos (h� direito ao sil�ncio)
  • executar pris�es em caso de flagrante
  • solicitar documentos e informa��es a �rg�os ligados � administra��o p�blica
  • convocar autoridades, como ministros de Estado — ou secret�rios, no caso de CPIs estaduais — para depor
  • ir a qualquer ponto do pa�s — ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas — para audi�ncias e dilig�ncias
  • quebrar sigilos fiscais, banc�rios e de dados se houver fundamenta��o
  • solicitar a colabora��o de servidores de outros poderes
  • elaborar relat�rio final contendo conclus�es obtidas pela investiga��o e recomenda��es para evitar novas ocorr�ncias como a apurada
  • pedir buscas e apreens�es (exceto a domic�lios)
  • solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados

O que a CPI n�o pode fazer?

Embora tenham poderes de Justi�a, as CPIs n�o podem:

  • julgar ou punir investigados
  • autorizar grampos telef�nicos
  • solicitar pris�es preventivas ou outras medidas cautelares
  • declarar a indisponibilidade de bens
  • autorizar buscas e apreens�es em domic�lios
  • impedir que advogados de depoentes compare�am �s oitivas e acessem
  • documentos relativos � CPI
  • determinar a apreens�o de passaportes

A hist�ria das CPIs no Brasil

A primeira Constitui��o Federal a prever a possibilidade de CPI foi editada em 1934, mas dava tal prerrogativa apenas � C�mara dos Deputados. Treze anos depois, o Senado tamb�m passou a poder instaurar investiga��es. Em 1967, as CPMIs passaram a ser previstas.

Segundo a C�mara dos Deputados, a primeira CPI instalada pelo Legislativo federal brasileiro come�ou a funcionar em 1935, para investigar as condi��es de vida dos trabalhadores do campo e das cidades. No Senado, comit� similar foi criado em 1952, quando a preocupa��o era a situa��o da ind�stria de com�rcio e cimento.

As CPIs ganharam estofo e passaram a ser recorrentes a partir de 1988, quando nova Constitui��o foi redigida. O texto m�ximo da na��o passou a atribuir poderes de Justi�a a grupos investigativos formados por parlamentares.

CPIs famosas no Brasil

1975: CPI do Mobral (Senado) - investigar a atua��o do sistema de alfabetiza��o adotado pelo governo militar

1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor

1993: CPI dos An�es do Or�amento (C�mara) - apurou desvios do Or�amento da Uni�o

2000: CPIs do Futebol - (Senado e C�mara, separadamente) - rela��es entre CBF, clubes e patrocinadores

2001: CPI do Pre�o do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formula��o dos valores

2005: CPMI dos Correios - investigar den�ncias de corrup��o na empresa estatal

2005: CPMI do Mensal�o - apurar poss�veis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo

2006: CPI dos Bingos (C�mara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro

2006: CPI dos Sanguessugas (C�mara) - apurou poss�vel desvio de verbas destinadas � Sa�de

2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar poss�vel corrup��o na estatal de petr�leo

2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comit� organizador da Copa do Mundo de 2014

2019: CPMI das Fake News - dissemina��o de not�cias falsas na disputa eleitoral de 2018

2019: CPI de Brumadinho (Assembleia de MG) - apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem do C�rrego do Feij�o


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