
O desgaste pol�tico provocado pela CPI da COVID levanta d�vidas sobre a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro mudar o discurso negacionista. Sofrendo com fatos negativos quase di�rios, o presidente acabou se tornando, ao menos em partes, v�tima do que diz, j� que suas falas negacionistas em rela��o � pandemia de coronav�rus tamb�m alimentam a oposi��o no colegiado.
Para parlamentares e cientistas pol�ticos, por�m, o governo dever� assumir um discurso "esquizofr�nico", em que integrantes do primeiro escal�o modular�o de acordo com a necessidade para preservar o chefe do Executivo que, por sua vez, seguir� na mesma toada para manter os eleitores mais radicais.
Para parlamentares e cientistas pol�ticos, por�m, o governo dever� assumir um discurso "esquizofr�nico", em que integrantes do primeiro escal�o modular�o de acordo com a necessidade para preservar o chefe do Executivo que, por sua vez, seguir� na mesma toada para manter os eleitores mais radicais.
Mesmo os parlamentares da base do governo admitem que n�o h� possibilidade de Jair Bolsonaro mudar o tom. L�der do DEM no Senado e principal nome da tropa de choque do governo na CPI, o senador Marcos Rog�rio defende que o presidente n�o precisa mudar de tom, e entende que, apesar das falas de Bolsonaro, o governo faz o que � necess�rio para o combate � pandemia.
"O que tenho visto � o governo do presidente Bolsonaro agindo no sentido de dotar o pa�s de todas as condi��es para o enfrentamento. Refor�ou o or�amento de estados e munic�pios, contratou vacinas dos principais laborat�rios com imunizantes dispon�veis, tem trabalhado no sentido de garantir suporte", argumentou.
"O que tenho visto � o governo do presidente Bolsonaro agindo no sentido de dotar o pa�s de todas as condi��es para o enfrentamento. Refor�ou o or�amento de estados e munic�pios, contratou vacinas dos principais laborat�rios com imunizantes dispon�veis, tem trabalhado no sentido de garantir suporte", argumentou.
Questionado se Bolsonaro n�o dificulta o trabalho da base parlamentar, por exemplo, ao defender o uso da cloroquina, o senador afirmou que esse "n�o � o ponto central".
"O medicamento foi usado pelo Brasil e ainda �, pois tem muitos m�dicos que continuam receitando n�o s� a hidroxicloroquina, cloroquina, como a azitromicina, ivermectina e tantos outros. N�o temos um medicamento pr�prio com indica��o na bula. Quando o presidente fez a defesa, outros pa�ses faziam tamb�m. Outros pa�ses ainda usam a cloroquina. Ent�o, o foco tem que ser enfrentar o v�rus e vencer. Com a vacina e os protocolos de seguran�a”, justificou.
"O medicamento foi usado pelo Brasil e ainda �, pois tem muitos m�dicos que continuam receitando n�o s� a hidroxicloroquina, cloroquina, como a azitromicina, ivermectina e tantos outros. N�o temos um medicamento pr�prio com indica��o na bula. Quando o presidente fez a defesa, outros pa�ses faziam tamb�m. Outros pa�ses ainda usam a cloroquina. Ent�o, o foco tem que ser enfrentar o v�rus e vencer. Com a vacina e os protocolos de seguran�a”, justificou.
J� o l�der do MDB na C�mara, deputado Isnaldo Bulh�es (AL), se diz contr�rio ao discurso negacionista de Bolsonaro. Ele tamb�m afirma que isso n�o vai mudar, mas que o governo caminha para conciliar duas posi��es contradit�rias.
“Na verdade, a ideia de mudar de discurso � complexa. E o que o presidente tem mostrado � que mant�m o discurso e o comportamento. A exemplo do que tem feito em manifesta��es. Agora, n�o julgo que o ministro Marcelo Queiroga esteja indo no mesmo caminho. Ele tem ouvido a ci�ncia. Agora, do presidente, eu imagino que ele vai continuar”, avaliou.
“Na verdade, a ideia de mudar de discurso � complexa. E o que o presidente tem mostrado � que mant�m o discurso e o comportamento. A exemplo do que tem feito em manifesta��es. Agora, n�o julgo que o ministro Marcelo Queiroga esteja indo no mesmo caminho. Ele tem ouvido a ci�ncia. Agora, do presidente, eu imagino que ele vai continuar”, avaliou.
Duas caras
Para o analista pol�tico do portal Intelig�ncia Pol�tica, Melillo Dinis, Bolsonaro n�o mudar� o discurso, pois mira a elei��o, e isso significaria abandonar a base de eleitores mais fiel. Mas ter� que conciliar o que diz e o modo com o qual se apresenta com outras estrat�gias para conseguir se apresentar como um candidato vi�vel nas pr�ximas elei��es.
“O que muda � a estrat�gia. O discurso continua o mesmo no campo do folcl�rico agressivo. A estrat�gia muda para que se atinja o objetivo, que � a elei��o. A primeira delas � a tentativa, nas pr�ximas semanas, de definir um partido pol�tico. Segundo � a luta para que tenha influ�ncia nas elei��es do Parlamento, com uma bancada e um partido para chamar de seus", destacou.
“O que muda � a estrat�gia. O discurso continua o mesmo no campo do folcl�rico agressivo. A estrat�gia muda para que se atinja o objetivo, que � a elei��o. A primeira delas � a tentativa, nas pr�ximas semanas, de definir um partido pol�tico. Segundo � a luta para que tenha influ�ncia nas elei��es do Parlamento, com uma bancada e um partido para chamar de seus", destacou.
O mestre em sociologia pol�tica e doutor em direito Geraldo Tadeu Monteiro, por sua vez, destaca que a identidade de Bolsonaro se apresenta nos discursos.
“� o que ele acredita. Ele segue sendo negacionista, chamando de idiota as pessoas que ficam em casa. Chama de atentado � liberdade. Na ess�ncia, ele segue fazendo o mesmo discurso. Mas, diante das circunst�ncias, o governo pode tentar modular o discurso estrategicamente. Instruir os depoentes da CPI para negarem simplesmente. At� agora, o discurso (de outros membros do governo) foi amenizado para evitar que se transformasse em mais um ingrediente contra Bolsonaro. Mas, na ess�ncia eles s�o a mesma coisa. Queiroga tem um pouco mais de liberdade, mas o presidente segue sem m�scara e provocando aglomera��o", lembrou.
“� o que ele acredita. Ele segue sendo negacionista, chamando de idiota as pessoas que ficam em casa. Chama de atentado � liberdade. Na ess�ncia, ele segue fazendo o mesmo discurso. Mas, diante das circunst�ncias, o governo pode tentar modular o discurso estrategicamente. Instruir os depoentes da CPI para negarem simplesmente. At� agora, o discurso (de outros membros do governo) foi amenizado para evitar que se transformasse em mais um ingrediente contra Bolsonaro. Mas, na ess�ncia eles s�o a mesma coisa. Queiroga tem um pouco mais de liberdade, mas o presidente segue sem m�scara e provocando aglomera��o", lembrou.
"O Pazuello saiu? � um fus�vel queimado. O Ernesto tamb�m. A situa��o fica insustent�vel e para n�o repercutir sobre o presidente, voc� tira essas pessoas. Desde o in�cio, as pessoas perguntam se ele vai mudar. Mas ele � o protagonista de um movimento chamado bolsonarismo, mobilizado por ideias b�sicas. Ele n�o pode chegar e dizer para as pessoas ficarem em casa. Ele n�o tem como recuar. Ele, estrategicamente, evita falar certas coisas, mas, em termos pragm�ticos, o governo Bolsonaro, considerando ministros, devem ter considerado modular o discurso, n�o alimentar pol�mica dentro da CPI. Vai ser uma coisa duplamente negacionista. � mais uma estrat�gia", disse.
Enquanto isso...
...Bolsonaro participa de ato hoje no Rio
O presidente Jair Bolsonaro estar� no Rio na manh� de hoje para participar de um passeio de moto promovido por seus apoiadores. A expectativa � de que centenas de apoiadores participem do ato, que sair� da Zona Oeste da cidade e terminar� pr�ximo ao centro da capital fluminense. A concentra��o ser� no Parque Ol�mpico da Barra, e o percurso a ser percorrido � de cerca de 30 quil�metros. O ponto de chegada anunciado pelos organizadores � o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, na Gl�ria, Regi�o Central da cidade. A previs�o � que o passeio termine por volta de meio-dia. A participa��o de Bolsonaro no ato vai mobilizar um esquema especial de seguran�a no Rio. Esta ser� a segunda vez neste m�s que o presidente participar� de um ato com motociclistas. A primeira aconteceu em 9 de maio, em Bras�lia.