
Publicamente, como visto nas falas de Jackson, a administra��o municipal n�o atribui o imbr�glio em torno das vacinas � iminente disputa eleitoral entre o governador Romeu Zema (Novo) e o prefeito Alexandre Kalil (PSD) e aos contornos da rela��o entre eles.
O Estado de Minas apurou, por�m, que nos c�rculos internos da prefeitura belo-horizontina a corrida rumo ao pleito de 2022 � elencada como principal motivo para a repentina diminui��o nos repasses.
O governo de Minas, por seu turno, diz n�o ter autonomia para mudar o quantitativo dos repasses, definido preliminarmente pelo Minist�rio da Sa�de.
Nesta ter�a-feira, ao anunciar que todos os cidad�os do estado maiores de 18 anos ser�o vacinados com a primeira dose at� o fim de outubro, o secret�rio estadual de Sa�de, F�bio Baccheretti, afirmou que os c�lculos s�o referendados por pareceres t�cnicos.
Ao ser questionado sobre poss�vel rela��o entre o caso dos imunizantes e a disputa entre Kalil e Zema, Jackson Machado desconversou. Segundo ele, � poss�vel especular motivos para a queda no n�mero de inje��es distribu�das �s autoridades de BH, mas n�o h� como cravar a justificativa.
Antes, quando perguntado sobre as ditas quest�es pol�ticas que afetam o enfrentamento � crise sanit�ria, o m�dico tergiversou na resposta. "Para bom entendedor, meia palavra basta", disse, em entrevista coletiva.
Apesar das esquivas, o secret�rio foi taxativo ao garantir que h� figuras tentando utilizar a vacina para fins pol�ticos. "N�o resta a menor d�vida de que isso foi por uso pol�tico da vacina. Me deixa indignado o fato de usarem a vacina – e a pandemia – como motivo de pol�tica. Fazer aglomera��o para inaugurar hospital, tudo bem. � um crit�rio pol�tico. Uma maneira de fazer pol�tica. Inaugurar e asfaltar estradas, tudo bem. Agora, usar a vacina para isso? Fico indignado", sustentou.
Com as doses projetadas, mas n�o entregues, a prefeitura esperava vacinar cidad�os de 53 a 55 anos. Agora, a sa�de municipal n�o nutre expectativas de convocar novas faixas et�rias nesta semana.
A Prefeitura de BH explicou que o Minist�rio da Sa�de estabeleceu dois crit�rios para os estados distribu�rem as vacinas entre seus munic�pios: a popula��o proporcional a cada p�blico contemplado (tais como idade e comorbidade) e a ades�o � campanha de vacina��o da gripe em anos anteriores.
"Por esse crit�rio, Belo Horizonte tem direito a algo em torno de 14% dos imunizantes destinados a Minas Gerais. Na semana passada, no entanto, o �ndice foi de 3,3% – sem que a administra��o municipal fosse comunicada previamente e nem apresentada qualquer justificativa", informou a gest�o de Kalil, em nota.
Segundo a Secretaria de Estado de Sa�de (SES), o Minist�rio da Sa�de utiliza as bases de dados das campanhas de imuniza��o contra a gripe de 2020, 2019 e 2018 para determinar o n�mero de doses enviadas a cada localidade.
Para equilibrar eventuais diferen�as, c�lculo referendado por entidades como o Conselho de Emerg�ncia em Sa�de (COES) e a Comiss�o Intergestores Bipartite (CIB), ligada � SES, passou a considerar as pessoas com comorbidades em propor��o ao total de habitantes que t�m entre 18 e 59 anos.
"Foi observado que aproximadamente 14% da popula��o de 18 a 59 anos de cada munic�pio corresponde � parcela de pessoas do grupo com comorbidade. Nas �ltimas remessas, por�m, Belo Horizonte recebeu doses correspondentes a 12% da popula��o com comorbidade, enquanto v�rios munic�pios receberam quantitativos menores, entre 7% e 8%. Portanto, para equilibrar essa distribui��o, a �ltima remessa enviada � capital foi com uma quantidade menor de vacinas, conforme decis�o em CIB", l�-se em posicionamento enviado pelo governo mineiro.
A reportagem procurou o secret�rio-geral do governo Zema, Mateus Sim�es, sobre o dito "uso pol�tico" das vacinas citado por Jackson. Em resposta, Sim�es assegurou que os crit�rios seguidos para a distribui��o de doses s�o "extremamente t�cnicos".
Inc�modo com postura de Zema ao se vacinar em BH
Ao discorrer sobre o cronograma de imuniza��o em Belo Horizonte, Jackson Machado transpareceu inc�modo com a forma como Zema conduziu a pr�pria imuniza��o, nesta ter�a-feira, em um posto de Sa�de da Pampulha. Ele o afirmou que, se convidado, Kalil pode se encontrar com o governador para tratar dos repasses de doses.
"Se o governador chamar o prefeito, ele ir� de muito bom grado. Mas duvido que o governador o convide. O governador se vacinou hoje e nem sequer teve a delicadeza de comunicar � secretaria municipal de Sa�de para ir l� receb�-lo", opinou.
"Converso com o secret�rio Baccheretti quase todos os dias, Tecnicamente, Belo Horizonte se afina muito com a Secretaria de Estado de Sa�de. Mas, nesse caso espec�fico das vacinas, essa conversa foi furada", assegurou.
Minist�rio da Sa�de tamb�m vai ser acionado
O chefe da Sa�de belo-horizontina denunciou, ainda, cortes nos repasses de rem�dios necess�rios para a intuba��o de pacientes. A diminui��o na transfer�ncia de medicamentos e o montante de vacinas encaminhados � cidade ser�o alvo de of�cios remetidos, al�m do MPMG, ao Minist�rio da Sa�de.
"Sabemos que o Estado de S�o Paulo tem quase 10 mil leitos; Minas tem 4 mil leitos; Mato Grosso do Sul, 900 leitos. E o Mato Grosso do Sul recebe proporcionalmente uma quantidade muito maior de kit intuba��o do que S�o Paulo ou Minas Gerais", alegou Jackson.
Kalil j� admite pr�-candidatura
Nesta semana, Alexandre Kalil reconheceu que �, sim, pr�-candidato ao governo mineiro. O prefeito, contudo, assegurou que eventual participa��o na corrida eleitoral s� vai se concretizar se puder entregar Belo Horizonte em boas condi��es.
Zema tamb�m reconhece o desejo de buscar a reelei��o.
Na semana passada, o EM mostrou que h� costuras para viabilizar a candidatura do pessedista. O PDT deve caminhar com Kalil, que pode contar com o apoio do presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Agostinho Patrus (PV).
O Novo, que montou chapa "puro-sangue" para a elei��o de 2018, deve ter coliga��o em torno de Zema. Um dos partidos que pode compor o cord�o � o PP, do deputado federal Marcelo Aro, pr�ximo ao governador.