(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas POL�TICA

Ap�s perder Fl�vio Dino, fantasma da extin��o cresce no PCdoB

Partido perdeu o �nico governador comunista do pa�s; agora, luta para viabilizar federa��o partid�ria e criar coaliz�o de esquerda


27/06/2021 16:05 - atualizado 27/06/2021 18:46

Flávio Dino, governador maranhense, se mudou para o PSB(foto: Divulgação/Governo do Maranhão)
Fl�vio Dino, governador maranhense, se mudou para o PSB (foto: Divulga��o/Governo do Maranh�o)
Quando o governador do Maranh�o, Fl�vio Dino, anunciou no �ltimo dia 17 sua sa�da do PCdoB ap�s 15 anos no partido, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) enviou nos grupos de WhatsApp da milit�ncia um �udio emocionado e melanc�lico: "Recebi uma not�cia que me deixou muito triste: Fl�vio Dino deixou o PCdoB. Infelizmente mudou o rumo. (...). Mas n�s comunistas estamos voltando para a moda. Teve aquela crise l� na Uni�o Sovi�tica, mas a China j� � o pa�s mais importante do mundo hoje. Do jeito deles, no rumo do socialismo".

Segundo dirigentes da legenda, Dino, �nico governador comunista da hist�ria do Pa�s, surpreendeu a todos ao n�o cumprir o combinado de esperar a vota��o no plen�rio da C�mara dos Deputados um projeto do Senado, de autoria de Renan Calheiros (MDB-AL), que permite a dois ou mais partidos se reunirem em uma federa��o para que ela atue como se fosse uma �nica sigla nas elei��es. O mecanismo � visto como a t�bua de salva��o da legenda.

Se for aprovado, o projeto prev� que depois da elei��o esse "casamento" tem de durar pelo menos uma legislatura de quatro anos. Ou seja: os federados ser�o obrigados a atuar como uma bancada no Congresso, embora possam manter s�mbolos e programas. Nesse cen�rio, o PCdoB vislumbra formar uma coaliz�o com PSB, PSOL, Solidariedade e PDT, ou mesmo se unir a apenas um deles para seguir em frente, mantendo a foice e o martelo na ponta da bandeira vermelha. "O partido � como um trem, tem um destino e vai em uma dire��o. Mas tem esta��es no caminho nas quais pessoas entram e saem. O importante � seguir no rumo definido", concluiu Silva.
Autoproclamado o partido mais antigo do Brasil, o PCdoB planeja comemorar o centen�rio em mar�o de 2022 sem saber qual ser� o destino e dividido sobre o que fazer caso n�o vingue o projeto no Congresso. L�deres de bancadas e parlamentares acham que o texto das federa��es tem poucas chances de aprova��o em um cen�rio dominado pelo Centr�o.

Se isso acontecer, o PCdoB que sobreviveu � ditadura, atuou na clandestinidade e organizou a Guerrilha do Araguaia vai ficar amea�ado de extin��o da vida partid�ria institucional. O motivo � a cl�usula de barreira, um mecanismo criado em 2017 que funciona como uma esp�cie de filtro. Para que as legendas n�o sejam barradas na C�mara, precisam ter uma vota��o m�nima nas elei��es gerais.

Quem passa pela cl�usula obt�m recursos p�blicos, tempo de TV e estrutura na C�mara. Na disputa de 2018, a exig�ncia foi para que candidatos � C�mara dos Deputados somassem ao menos 1,5% dos votos v�lidos em nove Estados, com 1% dos votos em cada um deles. Em 2022, esse piso pular� para 2% (ou eleger 11 deputados) - o piso aumenta de forma progressiva at� chegar a 3% na elei��o de 2030.

Oficialmente o PCdoB informou que esse assunto ainda n�o est� em pauta no Comit� Central, mas nos bastidores os "cabe�as brancas" - ou seja, a ala jovem da legenda - pregam uma fus�o partid�ria, sendo o PSB o partido mais citado. Nesse caso, por�m, seria necess�rio mudar o nome, o programa e a bandeira, que perderia a foice e o martelo. O marxismo-leninismo que norteia a a��o do partido certamente teria de ser suavizado ou mesmo exclu�do do estatuto.

"Se n�o for aprovada (a federa��o), vamos fazer um esfor�o em um processo de unifica��o que assegure a identidade. O PCdoB n�o abre m�o de manter sua identidade pol�tica e ideol�gica. Se isso tamb�m n�o der certo, estamos discutindo outras alternativas", disse o advogado e ex-deputado Constituinte Aldo Arantes, de 82 anos , que est� no Comit� Central desde 1972. Neta de Lu�s Carlos Prestes, a cientista pol�tica Ana Prestes, de 43, concorda. "Vamos manter independ�ncia program�tica e nossa identidade, sem mudar s�mbolo e nome. Essa ideia de mudar n�o teve ades�o no partido."

Certid�o e heran�a

 


Estigmatizado por Jair Bolsonaro como uma amea�a para o Brasil, o PCdoB tem apenas 9 deputados federais, mas seu s�mbolo � o mais xingado nas manifesta��es governistas de extrema-direita. Pelos quadros do partido j� passaram nomes que depois foram para o campo oposto do espectro pol�tico, como o ex-prefeito C�sar Maia (DEM), o vice-presidente da C�mara, Marcelo Ramos (PR), e at� o deputado bolsonarista Osmar Terra (MDB-RS).

O anticomunismo fez quadros formados na escola do PCdoB deixarem o partido para progredirem politicamente. "A luta institucional dos partidos comunistas n�o � um fen�meno particular do Brasil. O partido nunca passou de 15 deputados federais, mas � influente. Ele elegeu um presidente da C�mara (Aldo Rebelo) mesmo tendo 12 deputados na bancada. Isso faz parte de um estigma que se deu desde a Guerra Fria. Nunca deixou de existir", disse Luciana Santos, vice-governadora de Pernambuco e presidente nacional do PCdoB.

O projeto de celebrar o centen�rio do PCdoB reabriu uma disputa hist�rica sobre a "marca" do partido comunista original. "Isso � uma fraude hist�rica", disse Roberto Freire, presidente do Cidadania. O Cidadania veio do antigo PPS, criado em 1992, que por sua vez veio do PCB, em seu 10° Congresso. "O n�mero do Cidadania � o 23, o mesmo pela qual disputei � Presid�ncia em 1989", afirmou Freire.

"Vamos comemorar enquanto Partido Comunista do Brasil, PCdoB, fundado em 1922, reorganizado em 1962, legalizado em 1985. Somos desta tradi��o pol�tica. Em 1962, n�s nos reorganizamos", disse o historiador Fernando Garcia, da Funda��o Maur�cio Grabois, bra�o do PCdoB.

Outro ano importante do PCdoB foi 1992, quando o partido rompeu com o stalinismo. "Na �poca, raspei meu bigode por que estava cheio de fios brancos. A imprensa deu nota que fiz isso por causa da cr�tica ao Stalin. O PCdoB fez uma cr�tica de esquerda. N�o negamos o papel do Stalin na constru��o do socialismo, mas achamos que houve uma centraliza��o excessiva do poder", contou Arantes.


As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)