
No entanto, apesar de ter no passado prometido apresentar provas dessas fraudes, ele reconheceu que n�o existe essa comprova��o.
"N�o tem como se comprovar que as elei��es n�o foram ou foram fraudadas. S�o ind�cios. Um crime se desvenda com v�rios ind�cios. Vamos apresentar v�rios ind�cios aqui", disse.
"Os que me acusam de n�o apresentar provas, eu devolvo: apresente provas de que ele (sistema eleitoral) n�o � fraud�vel", afirmou em outro momento.
A apresenta��o reuniu uma s�rie de v�deos antigos que circulam na internet apontando supostas fraudes nunca confirmadas.
Um deles mostra uma pretensa an�lise matem�tica da evolu��o da apura��o minuto a minuto no segundo turno de 2014 para tentar provar que a contagem foi manipulada para seguir um padr�o que favoreceria a reelei��o da ent�o presidente Dilma Rousseff (PT) contra o candidato derrotado, A�cio Neves (PSDB).
Bolsonaro anunciou que o v�deo ser� encaminhado � Pol�cia Federal (PF) para que seja produzido um laudo sobre as den�ncias.
"Em 2014, por ocasi�o do 2º turno, o TSE disponibilizou apura��o das elei��es minuto a minuto. E pessoas especialistas no assunto, de matem�tica, probabilidade e estat�stica buscaram saber se existia um padr�o", disse Bolsonaro.
"Por que as curvas (da evolu��o dos votos) de A�cio e Dilma, A�cio come�ou l� em cima e Dilma l� em baixo, e elas foram se aproximando. Quando se cruzaram estabeleceu-se um padr�o dali para frente. E n�o tem padr�o em elei��es", continuou.
"Ent�o um dado complexo que chegou ao nosso conhecimento, n�s aqui achamos que procedia a informa��o, e vai para a Pol�cia Federal, que eu espero que em poucas semanas d� um lado se procede ou n�o isso a�", cobrou o presidente.
O v�deo citado por Bolsonaro foi produzido e divulgado por Naomi Yamaguchi, que tentou ser eleita deputada federal em 2018 pelo PSL e � irm� da m�dica Nise Yamaguchi, apoiadora de Bolsonaro conhecida por defender o uso da cloroquina no tratamento de covid-19, apesar de o rem�dio n�o ter efic�cia comprovada contra a doen�a.
Nele, ele entrevista um homem an�nimo que analisa a evolu��o da contagem dos votos minuto a minuto, identificando o que seria um supostamente um padr�o estatisticamente imposs�vel de ocorrer naturalmente. A argumenta��o exposta na grava��o, por�m, � contestada pelo TSE e por especialistas em seguran�a de dados e estat�stica, mostrou reportagem da BBC News Brasil publicada antes da apresenta��o.
O entrevistado de Yamaguchi diz no v�deo que achou estranho o fato de A�cio Neves ter come�ado a apura��o com vantagem sobre Dilma, mas a petista ter conseguido virar. Ele conta, ent�o, que buscou uma forma de provar a fraude a partir de uma an�lise da evolu��o da contagem de votos minuto a minuto, divulgada pelo TSE. "Se eu analisar esses n�meros e descobrir um padr�o, eu comprovo que esses n�meros foram frutos de uma f�rmula matem�tica, de um algoritmo", disse.
A partir da�, ele afirmou ter analisado a varia��o do incremento de votos de Dilma e A�cio em cada minuto e encontrou um padr�o que seria praticamente imposs�vel estatisticamente: por 241 minutos seguidos, os dois candidatos teriam se alternando na lideran�a da varia��o do ganho de votos.
"Aqui n�s temos (a altern�ncia) Dilma, A�cio, Dilma, A�cio, Dilma, A�cio, Dilma, A�cio, Dilma, A�cio. Quantas vezes, Naomi? 241 vezes Dilma, A�cio (se alternando)", sustentou o entrevistado de Yamaguchi.
"Aqui eu encontrei o padr�o que eu procurava. E isso aqui n�o � o resultado de uma elei��o natural, aonde se abrem urnas de v�rios pontos do pa�s e voc� tem minuto a minuto uma varia��o imprevis�vel. Aqui, � totalmente previs�vel. E eu concluo com isso que somente uma f�rmula poderia produzir este minuto a minuto que a gente enxergou em 2014", disse ainda o homem.
Ao analisar os dados brutos da apura��o minuto a minuto, a BBC News Brasil n�o encontrou um padr�o de altern�ncia entre os incrementos de votos de Dilma e A�cio em 2014 durante os 333 minutos que duraram a contagem.
Os n�meros oficiais do TSE indicam, na verdade, que A�cio liderou sozinho o ganho de votos nos minutos iniciais. Depois, Dilma apresentou maior incremento de votos na maior parte do tempo, com o tucano recebendo mais votos em alguns momentos pontuais.
Isso ocorreu porque naquele ano a apura��o da regi�o Sul e de parte do Sudeste, onde o tucano foi melhor, come�ou antes do que no Norte e Nordeste, onde Dilma teve mais votos.
C�lculo foi feito errado, segundo especialista em seguran�a de dados
O especialista em seguran�a de dados Conrado Gouv�a, doutor em Ci�ncia da Computa��o pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), tamb�m analisou a apura��o minuto a minuto e n�o encontrou um padr�o de altern�ncia entre os ganhos de votos de Dilma e A�cio. Sua an�lise est� detalhada em seu site pessoal.
Gouv�a reproduziu as tabelas divulgadas no v�deo de Yamaguchi para tentar entender a an�lise sugerida pelo entrevistado e identificou que foi feito um c�lculo errado que tem o resultado pr�tico de necessariamente levar a altern�ncia de Dilma e A�cio como o vencedor da apura��o minuto.
Isso porque, em vez de analisar quem ganhou o maior incremento de votos a cada minuto, o homem an�nimo elaborou uma metodologia em que analisou alternadamente o desempenho de cada candidato nos minutos �mpares e pares da apura��o.
Ele passou a somar a cada minuto par os votos obtidos em todos os minutos pares anteriores de cada candidato. E fez o mesmo para os minutos �mpares. Depois calculou a evolu��o da propor��o de votos �mpares e pares de cada candidato minuto a minuto.
O problema, afirma Gouv�a, � que com o avan�ar da apura��o a propor��o de "votos pares" e "votos �mpares" de cada candidato tende a se estabilizar de uma forma que necessariamente um dos candidatos sempre aparece como "vencedor" nas linhas pares e o outro sempre como "vencedor" das �mpares.
Isso explica porque nos 241 minutos finais de apura��o, Dilma e A�cio aparecem alternados na an�lise feita pelo homem an�nimo.
"Eu fiz um teste usando o mesmo c�lculo aplicado no v�deo, em que gerei votos aleat�rios para Dilma e A�cio, e o resultado alcan�ado foi o mesmo: dava uma altern�ncia entre os dois. Se a mesma metodologia for usada nos resultados do resultado da elei��o de 2018, fatalmente haver� uma altern�ncia por muitos minutos entre Bolsonaro e Haddad (candidato do PT derrotado). Isso n�o � ind�cio de qualquer fraude", disse Gouv�a � BBC News Brasil.
TSE rebate falas de Bolsonaro em live
Bolsonaro tenta provar que houve fraude nas elei��es para sustentar a necessidade de alterar a urna eletr�nica para incluir um comprovante impresso do voto. Segundo ele, apenas isso permitiria a auditoria do resultado eletr�nico.
J� o TSE afirma que a urna eletr�nica permite a auditoria dos resultados por meio do Boletim de Urna que � impresso ao final da vota��o na se��o eleitoral (o documento possibilita comparar os votos computados em cada urna no sistema eletr�nico do TSE com os do respectivo boletim).
Cr�ticos de Bolsonaro dizem que ele n�o est� de fato preocupado com a seguran�a da vota��o e deseja lan�ar desconfian�as sobre o sistema eletr�nico para contestar o resultado do pleito de 2022 caso n�o consiga se reeleger.
O TSE enviou � imprensa informa��es que contestam os questionamentos contra a confiabilidade da urna eletr�nica apresentados na live do presidente.
Em uma dessas acusa��es contra o sistema eleitoral, Bolsonaro apresentou v�deos antigos de pessoas comuns dizendo que n�o conseguiram votar no candidato que queriam nas urnas. Essas pessoas afirmavam que digitavam o n�mero de seu candidato, mas a foto correspondente ao escolhido n�o era exibida na tela da urna.
Segundo o TSE, esses casos se tratam de pessoas que se confundiram sobre a ordem dos candidatos, tentando votar, por exemplo, no cargo de presidente, quando a tela solicitava o voto para governador.
"Dessa forma, ao ser digitado o pretendido n�mero do candidato � presid�ncia, a urna alertou que o voto seria nulo, visto que n�o havia candidato a governador correspondente �quele n�mero", explica o Tribunal.
Bolsonaro tamb�m acusou o TSE de fazer a apura��o em uma "sala secreta". E insinuou que isso serviria para favorecer a elei��o do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva em 2022.
Ao rebater essas acusa��es, o Tribunal ressaltou que ao final da vota��o � impresso o Boletim da Urna que permite checar se os votos computados na urna eletr�nica s�o os mesmos apurados na contagem eletr�nica. Por isso, diz o TSE, n�o � poss�vel manipular a vota��o em uma suposta "sala secreta".
"A apura��o dos resultados � feita automaticamente pela urna eletr�nica logo ap�s o encerramento da vota��o. Nesse momento, a urna imprime, em cinco vias, o Boletim de Urna, que cont�m a quantidade de votos registrados na urna para cada candidato e partido, al�m dos votos nulos e em branco", diz o site do Tribunal.
"Esse processo de apura��o � realizado pela urna eletr�nica antes da transmiss�o de resultados, que ocorre por uma rede de transmiss�o de dados criptografados. Ao chegarem ao TSE, a integridade e autenticidade dos dados s�o verificados e se inicia a totaliza��o (isto �, a soma) dos resultados de cada uma das urnas eletr�nicas, por supercomputador localizado fisicamente no tribunal. O resultado final divulgado pelo TSE sempre correspondeu � soma dos votos de cada um dos boletins de urna impressos em cada se��o eleitoral do pa�s", esclarece ainda o Tribunal.
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