
"Por que n�o pode botar R$ 2 bilh�es e fazer uma urna um pouquinho mais segura? Quer dizer, devia ser um problema relativamente simples numa democracia como a nossa. Tem as urnas de primeira gera��o, tem as de segunda, pode ter de terceira. Ningu�m pode ter nada contra um avan�o tecnol�gico”, disse Paulo Guedes, nesta sexta-feira (20/08), em uma videoconfer�ncia para investidores do mercado financeiro organizada pela Genial Investimentos.
No evento, ele ainda minimizou as amea�as de Bolsonaro. Ao ser questionado sobre as amea�as do presidente da Rep�blica contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e �s elei��es de 2022, o ministro minimizou os ataques. Guedes se arriscou a comentar o temperamento do presidente e a insist�ncia em certas ideias fixas.
“Por que n�o podemos ter opini�o? � crime ter opini�o? Agora, se ele n�o aceitar (o resultado das elei��es) � outro papo”, acrescentou. Segundo ele, Bolsonaro � beligerante, “mas tem respeitado as regras do regime democr�tico”. “Se chamar para uma briga, ele gosta”, afirmou Guedes. “Tem gente que fala bonito e, nos atos, � destrutivo. Pelo menos, o presidente, at� agora, n�o saiu das quatro linhas”, afirmou.
Ele ainda desconsiderou as preocupa��es crescentes do mercado financeiro com os riscos fiscais diante das incertezas sobre o aumento de gastos do governo em um ano eleitoral. E emendou: "O presidente Bolsonaro n�o � populista. Ele � popular."
Extremismos
Na avalia��o do chefe da equipe econ�mica, h� extremismos dos dois lados no debate pol�tico. � preciso, segundo o ministro, encontrar um caminho conciliat�rio. E voltou a fazer analogia com o futebol. “Eu confio na democracia brasileira para moderar os excessos dos dois lados. Quem tiver cometendo excesso tem que respeitar o outro. Para quem sair das quatro linhas, tem VAR.
T� todo mundo filmado. � s� voltar”, disse. “Todos n�s erramos. E quando erramos, as institui��es nos reparam. Espero que haja pacifica��o ali na frente”, acrescentou.
Depois, Guedes procurou dar sinais de que defende os princ�pios democr�ticos. “Eu espero e confio na democracia e na resili�ncia dela para moderar os excessos dos dois lados, do golpe e do contragolpe”, refor�ou. No entanto, o ministro confessou que tem um temperamento parecido com o do presidente e contou que a rela��o entre eles � de respeito m�tuo.”Minha regra em rela��o a ele � o respeito. Ele � um conservador e eu sou um liberal”, disse.
"Barulheira pol�tica"
Ao justificar a recente turbul�ncia no mercado financeiro, o ministro disse que ela � reflexo da confus�o entre os atores pol�ticos. “”Essa barulheira pol�tica est� contaminando a economia”, criticou, acrescentando que os fundamentos da economia est�o muito bons e apontam a "retomada do crescimento e dos investimentos".
Guedes ainda centrou fogo ao que chamou de “excessos” de alguns atores, que est�o atrapalhando o processo de retomada da economia, inclusive, a Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da Pandemia do Senado Federal.
“No momento em que estamos avan�ando, h� uma agudiza��o no lado pol�tico, mas alguns atores est�o se excedendo de ambos os lados. Tem deputado que amea�ou o Supremo e outros come�am a quebrar sigilo”, afirmou.
Na avalia��o de Guedes, a CPI est� tentando chegar em algum crime de corrup��o de Bolsonaro, mas n�o consegue. “O presidente est� governando. Antes, a gente trombava em esc�ndalo em cada esquina. A CPI est� procurando, est� em uma ca�ada at� achar”, justificou. “Estamos trabalhando direito e tudo o que dizem do lado de l� � contr�rio. � um golpe que est� sendo preparado.
Depois � o filho (de Bolsonaro) investigado. Na verdade, eu n�o consigo ver o presidente fazendo um neg�cio de corrup��o. A gente s� conversa de Economia, de Mercosul, de problema da vacina. Eu vejo os minist�rios trabalhando”, emendou.
"Mercosul irrelevante"
Em rela��o ao Mercosul, Guedes voltou a defender a redu��o de 10% na Tarifa Externa Comum (TEC) cobrada sobre as importa��es de produtos fora dos pa�ses do bloco integrado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Para ele, essa medida ajudar� a controlar a infla��o em um momento em que h� problema de oferta, como o atual. “Quero reduzir, no primeiro movimento, 10%, em segundo, de mais 10%. Se eu fizer isso, travo a alta do pre�o. A hora de abrir a economia � quando h� press�o de demanda e a oferta n�o respondeu”, afirmou.
O ministro tamb�m lamentou o fato de a Argentina n�o aceitar a proposta, mas reconheceu que o pa�s vizinho est� “em um momento diferente''. Contudo refor�ou que o Mercosul perdeu a import�ncia para o Brasil, pois sua participa��o no com�rcio do pa�s encolheu de 18% para 6% nos �ltimos anos.
“O Mercosul est� ficando irrelevante. Foi uma alian�a ideol�gica que funcionou bem no come�o, mas degenerou por conta de pol�ticas obsoletas”, disse, citando a entrada da Venezuela, “um pa�s do Norte”.