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Estado de Minas POL�TICA

Centr�o j� admite derrota de Bolsonaro no primeiro turno

At� mesmo nas bancadas de legendas com assento na Esplanada de Minist�rios, h� deputados que admitem muitos obst�culos na campanha para 2022


26/08/2021 19:12 - atualizado 26/08/2021 20:16

 O diagnóstico marca uma mudança significativa na avaliação de políticos próximos do Planalto(foto: EVARISTO SA / AFP)
O diagn�stico marca uma mudan�a significativa na avalia��o de pol�ticos pr�ximos do Planalto (foto: EVARISTO SA / AFP)
Aliado de Jair Bolsonaro no Congresso, o Centr�o se dividiu para a disputa de 2022 e uma importante ala do bloco avalia que a chance de o presidente conquistar o segundo mandato est� cada vez mais distante. Em conversas reservadas, o n�cleo do Progressistas, partido do presidente da C�mara, Arthur Lira (AL), e do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tem tra�ado esse cen�rio e aposta que a elei��o para o Pal�cio do Planalto pode at� mesmo ser decidida no primeiro turno, se o presidente n�o mudar radicalmente o comportamento e a popula��o n�o sentir no bolso uma melhoria econ�mica.

O diagn�stico marca uma mudan�a significativa na avalia��o de pol�ticos pr�ximos do Planalto. At� ent�o, o palpite era de que Bolsonaro voltaria a ser competitivo novamente no ano que vem com crescimento econ�mico e com um novo Bolsa Fam�lia, agora batizado de Aux�lio Brasil.

Apoiadores do presidente tamb�m argumentavam que, com todo mundo vacinado, ningu�m mais se lembraria do desastre na gest�o da pandemia de covid-19. O que mudou? Com infla��o, juros e desemprego em alta, a popula��o sente os efeitos da deteriora��o econ�mica e do aumento do pre�o dos alimentos, do g�s de cozinha, da conta de luz e da gasolina. N�o se trata de uma situa��o vista como passageira e, al�m de tudo, � agravada por uma nova onda da pandemia, crise h�drica e arroubos autorit�rios de Bolsonaro, que investe em amea�as � democracia e em conflitos institucionais.

At� mesmo nas bancadas de legendas com assento na Esplanada de Minist�rios, como o Progressistas e o PL, h� deputados que admitem muitos obst�culos na campanha de Bolsonaro para 2022.

Presidente do PL no Rio, o deputado Altineu Cort�s, por exemplo, disse apoiar a reelei��o do presidente, mas afirmou que o governo necessita com urg�ncia fazer mudan�as importantes na seara econ�mica. Bolsonarista de carteirinha, Cort�s argumentou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, atrapalha o governo por n�o ter "sensibilidade social" e deve sair do cargo.

"Precisamos de um ministro que trate da responsabilidade fiscal, mas que tenha sensibilidade social. Essa sensibilidade social, hoje, infelizmente, o ministro Paulo Guedes tem na sola do p�", criticou.

O chefe da equipe econ�mica trava atualmente uma queda de bra�o com a articula��o pol�tica do Planalto sobre o valor a ser pago pela nova vers�o do Bolsa Fam�lia.

"Jogo de Cintura". Cort�s destacou n�o ter nada pessoal contra o ministro, mas disse considerar que ele inviabiliza politicamente o governo. O dirigente do PL avaliou que falta a Guedes "jogo de cintura" nos projetos de refinanciamento das d�vidas de companhias e de aux�lio financeiro a microempresas.

No Progressistas j� h� quem considere que n�o vale a pena ficar com Bolsonaro. � o caso do deputado Eduardo da Fonte (PE), ex-l�der do partido, ligado ao ministro Ciro Nogueira e apoiador da pr�-candidatura do ex-presidente Lula. Na Bahia, Estado comandado por Rui Costa (PT), o vice-governador Jo�o Le�o (Progressistas) � outro nome que recha�a uma alian�a com Bolsonaro.

O deputado Fausto Pinato (Progressistas-SP) afirmou que a �nica maneira de o chefe do Executivo ter viabilidade eleitoral em 2022 � contendo os arroubos autorit�rios. Para Pinato, Bolsonaro precisa ouvir o ministro da Casa Civil e os presidentes da C�mara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, al�m de cessar os ataques �s institui��es.

"Se (Bolsonaro) ouvir Ciro Nogueira, Arthur Lira e Pacheco, tem chance (de ser reeleito). Caso contr�rio, todo mundo vai usar todo mundo e, na hora H, vai ser um salve-se quem puder", previu o deputado, ao alertar sobre poss�vel debandada do governo.

O presidente tem feito constantes ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ao questionar a credibilidade do sistema eleitoral, Bolsonaro acusa, sem provas, parte do Judici�rio de ter um conluio para eleger Lula.

Em uma s�rie de declara��es contra o Supremo e o TSE, Bolsonaro tem afirmado que n�o haver� elei��es em 2022 sem uma mudan�a na urna eletr�nica que possibilite a impress�o do voto. A Proposta de Emenda � Constitui��o (PEC) do voto impresso foi rejeitada por uma comiss�o especial da C�mara e pelo plen�rio da C�mara, mas o presidente continua defendendo o tema e tem convocado atos contra o Supremo para o feriado de 7 de setembro.

A PEC do voto impresso foi derrotada com ajuda de parte consider�vel de deputados do Centr�o. O Progressistas liberou os deputados para que votassem como quisessem. Treze foram contra a medida defendida por Bolsonaro, 16 a favor e 11 se ausentaram. O PL foi al�m e orientou o voto contra a PEC, com a maioria dos deputados agindo para derrubar o texto.

Vice-l�der do PL, o deputado Z� Vitor (MG), admitiu dificuldades no horizonte do presidente. "N�o � um bom momento para ele", afirmou. Mesmo assim, o parlamentar evitou dizer como avalia as chances de reelei��o. "Estamos distante da elei��o. Tudo pode acontecer", desconversou. O deputado disse ser contra o apoio a Lula, mas n�o descartou avalizar um candidato alternativo ao petista e a Bolsonaro.

Flerte

O PL ocupa a Secretaria de Governo, comandada pela deputada licenciada Fl�via Arruda (PL-DF). Uma ala do partido, por�m, flerta com Lula. O vice-presidente da C�mara, Marcelo Ramos (PL-AM), por exemplo, se reuniu com o ex-presidente em abril. Embora ainda n�o tenha decidido em qual campanha embarcar� no ano que vem, Ramos j� descartou apoio a Bolsonaro.

"O problema � a infla��o alta, a gasolina a R$ 7, a energia subindo, a comida subindo, o g�s de cozinha a mais R$ 100, os juros em dois d�gitos no longo prazo, a infla��o descontrolada, desemprego e fome. A situa��o dele � muito dif�cil, n�o d� tempo de reverter isso", afirmou o vice-presidente da C�mara.

Um deputado, que j� foi l�der do PL e conversou com a reportagem sob a condi��o de anonimato, afirmou que hoje a maioria da bancada apoia o governo, mas n�o est� descartado que o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, abandone Bolsonaro em 2022.

Pesquisa XP-Ipespe divulgada na semana passada mostra as dificuldades enfrentadas pelo presidente. Lula obteve 40% das inten��es de voto em uma simula��o de primeiro turno, Bolsonaro marcou 24% e Ciro Gomes (PDT), 10%.

Presidente do Progressistas, o deputado Andr� Fufuca (MA), diz em p�blico que Bolsonaro pode recuperar a popularidade. "Acredito que o atual cen�rio � mut�vel. A tend�ncia � que sua popularidade volte a subir e ele chegue com condi��es reais de disputar a reelei��o", afirmou. Nos bastidores, no entanto, Fufuca conversa com Lula.

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, diz em p�blico o que grande parte dos dirigentes de partidos reserva para o bastidor. "Tem uma chance grande de o presidente Bolsonaro n�o estar no segundo turno. A gest�o est� ruim e mal avaliada e uma s�rie de fatores o atrapalham", afirmou Kassab, considerado at� por advers�rios como h�bil analista de cen�rios pol�ticos.

Ao fazer o invent�rio de problemas, Kassab citou "a conduta do presidente na pandemia, as coisas que est�o sendo apontadas na CPI da Covid, a infla��o chegando no pre�o do feij�o e a vacina��o que demorou para come�ar".

O PSD tem em seus quadros o ministro das Comunica��es, F�bio Faria, que est� de sa�da do partido por causa das diverg�ncias da sigla comandada por Kassab com o governo. Faria vai para o Progressistas e Kassab faz articula��es para filiar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ao PSD. A ideia � lan��-lo � cadeira de Bolsonaro.

Presidente do Solidariedade, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da For�a (SP), tamb�m v� possibilidade de Bolsonaro perder j� no primeiro turno. "Se o Lula (ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva) souber trabalhar, ampliar, manter a unidade da esquerda - o que � dif�cil por causa do Ciro (Gomes, candidato do PDT) - e caminhar para o centro, tem muita chance de ganhar a elei��o no primeiro turno", afirmou o deputado. Na elei��o de 2018, o Solidariedade integrava o Centr�o e apoiou a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), mas h� tempos o partido se descolou do grupo.

Kassab diz que nem a melhoria no quadro econ�mico ser� suficiente para ajudar Bolsonaro. "Bolsa Fam�lia ele vai aumentar X e Lula vai falar que vai aumentar dois X. Vou acreditar no Lula", disse o presidente do PSD.

Marcelo Ramos tamb�m descartou que a economia possa auxiliar Bolsonaro. "O presidente apostou em uma recupera��o econ�mica que n�o era motivada por nenhuma a��o do governo. Era uma recupera��o de quem sai da in�rcia", observou. "Quando a crise � muito grande, em um momento p�s-crise voc� sempre tem um boom de crescimento. Mas ele cria tanta confus�o que tudo indica que at� esse boom de crescimento n�o vai se confirmar."


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