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Estado de Minas ENTREVISTA

'Militares t�m responsabilidade', avalia ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo

Ex-presidente da C�mara diz que For�as Armadas t�m compromisso com o Brasil e n�o v�o querer entrar em aventura indesejada como um golpe de Estado


03/09/2021 09:08 - atualizado 03/09/2021 09:22

Aldo Rebelo: 'Quem comanda a tropa são os profissionais da ativa. E estes permanecem em silêncio, pois agem dentro da legalidade. Não podem opinar sobre a situação política. A exceção é um caso ou outro isolado. A maioria cumpre sua tarefa institucional'
Aldo Rebelo: 'Quem comanda a tropa s�o os profissionais da ativa. E estes permanecem em sil�ncio, pois agem dentro da legalidade. N�o podem opinar sobre a situa��o pol�tica. A exce��o � um caso ou outro isolado. A maioria cumpre sua tarefa institucional' (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Ex-ministro da Defesa, Aldo Rebelo disse n�o ver possibilidade de um golpe de Estado no Brasil, apesar do momento de turbul�ncia que atinge o pa�s: o presidente Jair Bolsonaro tem subido o tom das cr�ticas ao Judici�rio e amea�ado as elei��es de 2022. Al�m disso, o chefe do Executivo busca respaldo nas For�as Armadas.

"O acirramento concentra-se mais na esfera pol�tica e por isso, creio, n�o tenha capacidade de gerar um fen�meno indesejado ao pa�s, como um golpe de Estado. N�o h� for�as capazes de promover uma aventura dessa natureza", frisou Rebelo, em entrevista ao programa CB.Poder, parceria entre o Correio e a TV Bras�lia.

Questionado sobre como est� o clima nos quart�is em meio aos embates na Rep�blica, o ex-ministro da Defesa frisou que militares da ativa, em geral, n�o comentam sobre pol�tica no pa�s. "Aqueles da reserva s�o quase civis. Manifestam-se politicamente. Mas quem comanda a tropa s�o os profissionais da ativa. E estes permanecem em sil�ncio, pois agem dentro da legalidade", ressaltou. Veja os principais trechos da entrevista.

Como v� este momento pol�tico acirrado no pa�s?
� necess�rio observar o panorama pol�tico com serenidade. O Brasil vive, de fato, um momento de turbul�ncia. Contudo, o pa�s continua se dedicando �s outras fun��es. O acirramento concentra-se mais na esfera pol�tica e, por isso, creio, n�o tem capacidade de gerar um fen�meno indesejado ao pa�s, como um golpe de Estado. N�o h� for�as capazes de promover uma aventura dessa natureza, em que pese o presidente da Rep�blica, que deveria ser o chefe da busca pela concilia��o, ter se transformado num fator de turbul�ncia e instabilidade.

Essa turbul�ncia atrapalha muito a economia, como o recuo do Produto Interno Bruto, da produtividade industrial, da renda e na vida dos brasileiros em geral.

A instabilidade agrava o que j� � dif�cil, a economia. O Brasil vive um processo de estagna��o econ�mica e, por isso, n�o consegue retomar o crescimento. Quando o pa�s cresce, h� dinheiro para quase tudo (setores). Quando n�o cresce, n�o se tem recursos para nada. A economia tamb�m vive um processo inflacion�rio em cima dos mais pobres, encarecendo o pre�o do g�s, da gasolina e dos g�neros de primeira necessidade. Outro ponto � a multiplica��o da pobreza, marcada pela redu��o da renda dos mais pobres. Somado a isso, temos um pa�s isolado internacionalmente. Briga frequentemente com pa�ses vizinhos e outros, como a China. � uma situa��o muito dif�cil.

Esse � o motivo para os "donos do dinheiro" se divorciarem de Bolsonaro?
A economia precisa de estabilidade pol�tica, digo, institucional, outra �rea que vive um conflito, que � natural na democracia. Mais do que isso. � quase um momento de confronto. Ent�o, isso gera inseguran�a institucional e jur�dica, o que gera desconfian�a na economia e, por isso, assume posi��o cr�tica em rela��o ao governo e, sobretudo, ao presidente da Rep�blica.

Como ex-ministro da Defesa, o senhor tem conversado muito com militares para medir o clima nos quart�is. O que tem ouvido deles referente a esta tens�o pol�tica?
Os militares da ativa s�o transformados, indevidamente, em protagonistas. Aqueles da reserva s�o quase civis. Manifestam-se politicamente. Mas quem comanda a tropa s�o os profissionais da ativa. E estes permanecem em sil�ncio, pois agem dentro da legalidade. N�o podem opinar sobre a situa��o pol�tica. A exce��o � um caso ou outro isolado. A maioria cumpre sua tarefa institucional.

Acredita em engajamento de militares num eventual golpe de Estado?
N�o creio, pois o ambiente pol�tico, no Brasil e no mundo, � muito diferente de 1964 (in�cio da ditadura militar no pa�s). Naquele ano, os militares receberam um apelo da m�dia para realizar interven��o armada. Grandes editorialistas da �poca e entidades pediam o golpe. Ind�strias, setores do agroneg�cio, pol�ticos e outros segmentos queriam um golpe. Hoje em dia, n�o vejo esse movimento. Militares t�m grandes responsabilidades no pa�s em diversas frentes. Ent�o, n�o v�o querer entrar nessa aventura.

E de pol�cias militares?
Tamb�m n�o acredito. Policiais da ativa t�m deveres a cumprir. Ainda que tenham simpatia pelo presidente da Rep�blica, n�o v�o se engajar em uma aventura de golpe.

Como avalia o movimento para o 7 de Setembro? Pode ser um ponto de ruptura?
N�o creio que ser� ponto de ruptura. Mas � um ponto de confus�o. Sete de setembro � a data magna do Brasil. � um momento sublime da nossa p�tria, quando conquistamos a independ�ncia, e deve ser celebrado como um evento de todos os brasileiros, mas, agora, vamos �s ruas para um conflito entre as pessoas. � leg�timo que adeptos de Bolsonaro se manifestem? Sim, acho que �, assim como os opositores se manifestem. Mas � errado escolher o 7 de Setembro para isso. H� mais de 300 dias no ano. Por que escolher o dia da p�tria para dividir o Brasil? � inaceit�vel!

H� segmentos produtivos e neofascistas defendendo o evento?
Teve gente amea�ando invadir o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal), o que s� aconteceria caso os dois �rg�os n�o tivessem autoridade nenhuma. Agora, n�o vi os chefes dessas institui��es se manifestarem duramente, com linguagem incisiva. At� porque s�o institui��es democr�ticas. N�o podem ser amea�adas.

O STF tem cometido excessos, como alega Bolsonaro?
Claro que tem cometido, mas como se enfrentam os excessos do Supremo? Com amea�a aos ministros e � Corte? N�o. Isso s� credencia o STF a promover excessos, que n�o s�o de hoje.

Como impor limites para todos?
Uma das possibilidades � passar por uma nova Constitui��o. Infelizmente, hoje, n�o a temos mais, pois virou a interpreta��o do STF.

Bolsonaro sancionou a Lei de Seguran�a Nacional, mas vetou o trecho que trata da dissemina��o de fake news e o que aumenta a condena��o de militares que cometerem excessos. Como avalia?
Primeiro, o pa�s precisa de uma Lei de Seguran�a Nacional. O mundo, hoje, � carregado de inseguran�as e amea�as em diversas �reas. Segundo, esse dispositivo n�o � para proteger crimes e erros de governantes. Tem de servir para proteger a seguran�a da na��o, inclusive, se necess�rio, contra os seus governantes. Criou-se uma ideia de que a Lei de Seguran�a Nacional amea�a os direitos individuais, e n�o deve ser assim. Em rela��o �s fake news, o tema fica numa fronteira entre a prote��o contra il�citos cibern�ticos e a viola��o da liberdade de opini�o. � uma mat�ria muito dif�cil e controversa no momento.

O que levou o pa�s a eleger Bolsonaro � presid�ncia? Ele tem chance de recondu��o?
O processo de combate � corrup��o destruiu boa parte do mundo pol�tico. Ent�o, quase nada ficou de p�. Na poeira dos escombros, ficou Jair Bolsonaro, que trouxe a imagem de militar e sem envolvimento com corrup��o. As pessoas consideraram que ele pudesse resolver o problema (do pa�s). Mas, como os brasileiros n�o conheciam direito Jair Bolsonaro, sequer imaginariam que ele, no exerc�cio da fun��o, ia atrapalhar. O Brasil � muito mais complexo em rela��o ao que Bolsonaro projetava. Vejo com dificuldade a reelei��o.

* Estagi�rio sob supervis�o de Cida Barbosa


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