
Das escadarias da antiga Secretaria de Via��o e Obras, Ant�nio Aroldo de Castro, de 62 anos, observa o vai vem da manifesta��o. Com casaco de frio marrom, ele contrasta com o verde amarelo de quem passa envolvido na bandeira do Brasil. Nas m�os, a edi��o da revista Veja com a manchete "Uma derrota da civiliza��o".
Ant�nio diz que o mundo est� perdido com as "sapat�es". "Estamos num mundo de prostitui��o. Os �ltimos dias da lei", afirma.
Natural de Francisco S�, no Norte de Minas, ele chegou � capital em 1976, mas, nesse meio tempo, conheceu mais 12 estados brasileiros. Est� vivendo h� quatro anos em uma barraca na Pra�a da Liberdade. Mas n�o sai de seu lugar enquanto os manifestantes ocupam o espa�o da pra�a. Tudo dividido. Cada um no seu lugar.
E Girlaine Rodrigues da Silva, de 38 anos, fala (v�deo) qual � a cor do Brasil e analisa o momento do pa�s.
ESPANTO COM A MANIFESTA��O
Com certo espanto, Charles Alves de Souza, de 39 anos, viu um grande n�mero de carros e motos passarem por sua moradia. Ele vive h� cinco anos em um humilde barraco pr�ximo � Avenida Carlos Luz, ao lado da irm� Deise, de 51 anos, e do vira-lata Bradock.
"Isso � manifesta��o? N�o sabia. Vi os carros passando e achei que era desfile de 7 de setembro", diz.N�o tenho casa, comida e nem consigo um emprego. N�o temos nem o arroz com feij�o hoje. Tudo est� muito dif�cil. Espero que as coisas melhorem daqui para a frente. N�o gosto do Bolsonaro. Prefiro o Lula
Charles Alves de Souza, de 39 anos, morador h� cinco anos em um humilde barraco pr�ximo � Avenida Carlos Luz
Enquanto ve�culos e motos de luxo passam por avenidas de Belo Horizonte, Charles e Deise n�o tinham o que comer no feriado. Ambos vivem basicamente da venda de latas e de pequenos servi�os prestados a uma igreja.
O morador em situa��o de rua se mostra revoltado com a situa��o do pa�s: "N�o tenho casa, comida e nem consigo um emprego. N�o temos nem o arroz com feij�o hoje. Tudo est� muito dif�cil. Espero que as coisas melhorem daqui para a frente".
Com rela��o � prefer�ncia pol�tica, ele � direto: "N�o gosto do Bolsonaro. Prefiro o Lula".
Charles foi morar na rua depois que o pai vendeu a casa onde vivia no Bairro Jardim Am�rica, em BH. Mesmo em meio � dificuldades, ele mant�m a f� de sair um dia da faixa extrema da pobreza. "A gente n�o pode perder a esperan�a. Trabalhamos para tentar um dia ser feliz".
H� 12 ANOS VIVENDO NA RUA, A CADELINHA DOBRADINHA � UMA PARCEIRA
Alfrederson Sartler, de 34 anos, ao lado da cadelinha � Dobradinha, � outro que luta diariamente em busca do p�o que est� em falta. Ele vive h� mais de uma d�cada na Pra�a Raul Soares,sendo uma das v�timas da desigualdade social que assola o pa�s.

Alfrederson conta que � um desafio di�rio conviver com os problemas: "Estou sem emprego, sem ter onde morar. Estou na rua h� 12 anos e a situa��o s� piora".
Cr�tico e questionador, Alfrederson pergunta: "Quem desses a� (manifestantes) vai querer me dar um prato de comida? At� agora, n�o comi nada", diz, revoltado. "Ser� que um dia vou sair da rua? Francamente, eu n�o sei".