Na manh� de ontem, em Bras�lia, Bolsonaro participou de um ato, com discurso amea�ando o presidente do STF, Luiz Fux. � tarde, em S�o Paulo, o presidente declarou abertamente que n�o respeitar� "qualquer decis�o" do ministro Alexandre de Moraes, incitando seus apoiadores contra a Corte. Ele ainda xingou o magistrado de "canalha" e pediu sua sa�da diante de cerca de 125 mil pessoas, n�mero estimado pela Pol�cia Militar.
Ap�s as falas de Bolsonaro, v�rios partidos se reuniram para discutir o impeachment. Mas cabe ao presidente da C�mara aceitar um dos mais de 100 pedidos de abertura do processo contra Bolsonaro. Por isso, Lira estava sendo cobrado para se manifestar sobre o caso.

Em pronunciamento na TV C�mara, Lira disse que esperou para falar do assunto porque n�o queria “ser contaminado pelo calor do ambiente”. O presidente da C�mara elogiou os manifestantes que participaram dos atos de forma pac�fica e disse que vai ser uma ponte de pacifica��o para o di�logo e a harmonia entre o Executivo e o Judici�rio.
Lira ainda afirmou que o �nico compromisso inadi�vel e inquestion�vel est� marcado para 3 de outubro de 2022, com as urnas eletr�nicas. “At� l� tenhamos toda a celeridade e respeito �s leis, � ordem e, principalmente, a terra que todos amamos”, disse.
Confira o pronunciamento na �ntegra:
"Diante dos acontecimentos de ontem, quando abrimos as comemora��es de 200 anos como na��o livre e independente, n�o vejo como possamos ter ainda mais espa�o para radicalismo e excessos. Esperei at� agora para me pronunciar porque n�o queria ser contaminado pelo calor do ambiente, j� por demais aquecido. N�o me esque�o 1 minuto que presido o poder mais transparente e democr�tico. Nossa casa tem compromisso com o Brasil real, que vem sofrendo com a pandemia, com o desemprego e a falta de oportunidades.
Na C�mara dos Deputados, aprovamos o aux�lio emergencial e votamos leis que facilitaram o acesso � vacina��o. Avan�amos na legisla��o que permite a cria��o de mais emprego e mais renda. A casa do povo seguiu adiante com as pautas do Brasil, especialmente as reformas. Nunca faltamos para com os brasileiros. A C�mara n�o parou diante de crises que s� fazem o Brasil perder tempo, perder vidas e perder oportunidades de progredir, de ser mais justo e de construir uma na��o melhor para todos.
Os poderes t�m delimita��es, o tal quadrado deve circunscrever seu raio de atua��o e isso define respeito e harmonia. N�o posso admitir questionamentos sobre decis�es tomadas e superadas como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a p�gina. Assim como tamb�m vou seguir defendendo o direito dos parlamentares � livre express�o e a nossa prerrogativa de puni-los internamente se a casa, com sua soberania e independ�ncia, entender que cruzaram a linha. Conversarei com todos e com todos os poderes. � hora de dar um basta a esta escalada em um infinito looping negativo. Bravatas em redes sociais, v�deos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade.
O Brasil, que v� a gasolina chegar a R$ 7, o d�lar valorizado em excesso e a redu��o de expectativas. Uma crise que, infelizmente, � superdimensionada nas redes sociais. Que, apesar de amplificar a democracia, estimula excita��es e excessos. Em tempo, quero aqui enaltecer a todos os brasileiros que foram �s ruas de modo pac�fico. Uma democracia vibrante se faz assim: com participa��o popular e liberdade, respeito � opini�o do outro. Foi isso que inspirou Niemeyer e L�cio Costa quando imaginaram a pra�a dos Tr�s Poderes. Colocaram o Executivo, o Judici�rio e o Legislativo no meio. Equidistantes, mas vizinhos e pr�ximos suficientes para que hoje a gente possa se apresentar como uma ponte de pacifica��o entre Judici�rio e Executivo. � este papel que queremos desempenhar agora. A C�mara dos Deputados est� aberta a conversas e negocia��es para serenarmos, para que todos possamos nos voltar ao Brasil real, que sofre com o pre�o do g�s, por exemplo.
A C�mara dos Deputados apresenta-se hoje como um motor de pacifica��o. Na disc�rdia, todos perdem. Mas o Brasil, nossa hist�ria, tem ainda mais o que perder. Nosso pa�s foi constru�do com uni�o e solidariedade e n�o h� receita para superar a grave crise socioecon�mica sem estes elementos. Esta casa tem prerrogativas que seguem vivas e quer seguir votando e aprovando o que � de interesse p�blico e estende a m�o aos demais poderes para que se voltem ao trabalho, encerrando desentendimentos. Por fim, vale lembrar que temos a nossa Constitui��o que jamais ser� rasgada. O �nico compromisso inadi�vel e inquestion�vel que temos em nosso calend�rio est� marcado para 3 de outubro de 2022 com as urnas eletr�nicas, s�o as cabines eleitorais com sigilo e seguran�a que o povo expressa sua soberania. Que at� l� tenhamos toda a celeridade e respeito �s leis, � ordem e, principalmente, a terra que todos amamos. Muito obrigado."
