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Estado de Minas TENTANDO LIDERAR ATOS DE PROTESTO

Manifesta��o de 12/9: Movimentos que ajudaram a derrubar Dilma t�m for�a para impeachment de Bolsonaro?

Protestos antigoverno est�o marcados para este domingo (12); para analistas ouvidos pela BBC News Brasil, a abertura de um processo contra o presidente dependeria de uma articula��o mais ampla entre direita e esquerda.


12/09/2021 06:52 - atualizado 12/09/2021 10:03


Protestos contra Bolsonaro realizados em 30 de junho; analista aponta que a fragmentação da oposição acaba enfraquecendo a mobilização contra o presidente
Protestos contra Bolsonaro realizados em 30 de junho; analista aponta que a fragmenta��o da oposi��o acaba enfraquecendo a mobiliza��o contra o presidente (foto: Reuters)

O Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua lideraram os atos contra a ent�o presidente Dilma Rousseff, que impulsionaram o processo de impeachment em 2016. Quando come�aram a protestar no in�cio de 2015, por�m, a derrubada da petista ainda parecia improv�vel.

O Vem Pra Rua, inclusive, n�o defendia o impeachment inicialmente, embora participasse dos atos contra seu governo. O movimento pela queda de Dilma, no entanto, foi ganhando f�lego, conforme sucessivos protestos atra�ram milhares de brasileiros �s ruas, em um cen�rio de crise econ�mica e esc�ndalos de corrup��o que desgastavam o PT ap�s mais de uma d�cada no comando do pa�s.

Neste domingo (12/09), os dois grupos voltam �s principais avenidas do pa�s tentando repetir o feito de cinco anos atr�s, dessa vez contra o presidente Jair Bolsonaro. Ser�o capazes de liderar novamente uma escalada pelo impeachment?

Para analistas pol�ticos ouvidos pela BBC News Brasil, h� elementos potencialmente capazes de catalisar um novo processo de cassa��o presidencial, como a queda de popularidade de Bolsonaro e a piora da economia. No entanto, na vis�o desses especialistas, MBL e Vem Pra Rua n�o t�m condi��es de liderar sozinhos esse movimento. Seria preciso, dizem, uma articula��o ampla que agregue as for�as de oposi��o da direita � esquerda.

Isso porque a base que esses grupos lideraram em 2015 e 2016 j� n�o existe da mesma forma. Na verdade, ela rachou, nota o cientista pol�tico e professor do Insper Carlos Melo.

"Aquela massa que defendeu o impeachment de Dilma se dividiu porque uma parte est� com Bolsonaro. Por outro lado, n�o vai ser f�cil o MBL somar com a parte a quem eles enfrentaram em 2016", afirma Melo. "Uma parte da esquerda n�o petista, como o Cidadania, o PDT etc., at� aceita fazer o ato com eles, mas voc� tem uma parte que � a esquerda petista, alguns movimentos sociais, que n�o v�o nesse domingo."

Para o professor do Insper, a fragmenta��o da oposi��o em dois polos acaba enfraquecendo a mobiliza��o contra Bolsonaro. "Provavelmente, o antibolsonarismo vai se articular em manifesta��es diferentes. � claro que isso tira o potencial da mobiliza��o", avalia Melo.

A avalia��o � a mesma do cientista pol�tico Ant�nio Lavareda, presidente do conselho cient�fico do Instituto de Pesquisas Sociais Pol�ticas e Econ�micas (Ipespe).

"O MBL liderou em 2016 uma massa que ia do centro � extrema-direita. A elei��o de Bolsonaro resultou, em certa medida, desses movimentos (contra Dilma). Uma parte dos atores que estavam nas ruas em 2016 estavam nas ruas no 7 de setembro e certamente n�o v�o estar no s�bado", afirma. "Enquanto essa centro-direita n�o tiver capacidade, nas suas iniciativas, de agregar toda a esquerda, me parece que esses movimentos n�o poder�o vir a ter a mesma express�o de 2016."


Protesto pelo impeachment de Dilma Rousseff, no Rio, em 2015; movimento pela queda da presidente foi ganhando fôlego até 2016
Protesto pelo impeachment de Dilma Rousseff, no Rio, em 2015; movimento pela queda da presidente foi ganhando f�lego at� 2016 (foto: Reuters)

Atos da esquerda pelo impeachment t�m sido realizados desde o in�cio do ano por Frente Povo Sem Medo, Frente Brasil Popular e Coaliz�o Negra por Direitos — as tr�s re�nem centenas de sindicatos, movimentos sociais e coletivos negros e de periferia, como Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Central �nica dos Trabalhadores (CUT) e a UNEAfro.

Josu� Rocha, da Frente Povo Sem Medo, disse � BBC News Brasil que a decis�o foi por n�o participar dos atos desse domingo e por convocar outros protestos em breve.

A presidente do PT, deputada pelo Paran� Gleisi Hoffmann, disse em sua conta no Twitter que est� em constru��o com partidos de esquerda (PT, PDT, PSB, PSOL, PCdoB, PV, Solidariedade, Rede e Cidadania) um ato nacional pelo impeachment de Bolsonaro em outra data. O objetivo, segundo ela, � atrair tamb�m outros partidos e movimentos que "defendem a democracia".

"Enquanto constru�mos esta grande manifesta��o de unidade pela democracia, pelo Brasil e pelos direitos do povo, incentivamos todos os atos que forem realizados em defesa do impeachment. O pa�s est� cobrando a responsabilidade do presidente da C�mara (Arthur Lira) pela abertura dos processos", disse ainda a presidente do PT, na rede social.

� BBC News Brasil o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), uma das lideran�as do MBL, reconheceu que � necess�rio unificar diferentes for�as pol�ticas para fazer frente aos atos de 7 de setembro, em que Bolsonaro reuniu grande n�mero de apoiadores em S�o Paulo e Bras�lia.

Ele disse que n�o convidou lideran�as do PT porque n�o viu abertura do partido. Por outro lado, chamou outros pol�ticos do centro � esquerda que confirmaram presen�a e devem discursar neste domingo no ato da Avenida Paulista, em S�o Paulo, como o pr�-candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) e os deputados Orlando Silva (PCdoB-SP) e Alessandro Molon (PSB-RJ).

"A gente quer amplificar o m�ximo poss�vel a manifesta��o pra que todos aqueles que queiram o impeachment do Bolsonaro participem. � um ato de defesa da democracia, um ato em contraposi��o ao dia sete (de setembro) e que por isso precisa ser robusto", disse Kataguiri.

Diferen�as e semelhan�as entre as crises de Dilma e Bolsonaro

Os cientistas pol�ticos ouvidos pela BBC News Brasil notam que h� diferen�as e semelhan�as entre o contexto que permitiu o impeachment de Dilma e o cen�rio atual.


Bolsonaro chegando à manifestação em São Paulo, em 7 de setembro; presidente tem o apoio de um quarto da população brasileira e construiu aliança com boa parte do Centrão
Bolsonaro chegando � manifesta��o em S�o Paulo, em 7 de setembro; presidente tem o apoio de um quarto da popula��o brasileira e construiu alian�a com boa parte do Centr�o (foto: Reuters)

Uma diferen�a importante, dizem, � o papel do vice-presidente: enquanto Michel Temer, vice da petista, era uma antiga lideran�a pol�tica, com apoio no Congresso Nacional, o general Hamilton Mour�o, vice de Bolsonaro, n�o inspira a mesma confian�a entre os parlamentares, o que acaba sendo um fator que reduz o interesse em cassar o atual presidente.

Por outro lado, ressaltam os entrevistados, pesquisas de opini�o t�m indicado queda da popularidade de Bolsonaro, em meio ao grande n�mero de mortes provocadas pela covid-19 (mais de 580 mil) e a piora da economia, com infla��o e desemprego elevados.

Para Carlos Melo, do Insper, se a popularidade do presidente continuar recuando e as mobiliza��es de rua contra ele ganharem dimens�o, como ocorreu com Dilma, � poss�vel que ele sofra um impeachment, mesmo com a aproxima��o da elei��o de 2022.

No momento, Bolsonaro mant�m apoio de cerca de um quarto da popula��o e construiu uma alian�a com a boa parte do Centr�o (grupo de partidos da centro-direita, sendo o principal deles o PP, de Arthur Lira e Ciro Nogueira), a partir da distribui��o de cargos e verbas federais para investimentos nos redutos eleitorais de deputados. Com isso, ao menos por enquanto, det�m os votos necess�rios para evitar a abertura de um processo de impeachment na C�mara.

Apesar disso, analistas pol�ticos veem um aumento do risco de impeachment na �ltima semana, depois que Bolsonaro radicalizou ainda mais seus ataques ao Supremo Tribunal Federal durante os atos de 7 de setembro , quando chegou a amea�ar n�o cumprir decis�es da Corte.

Dois dias depois, na quinta-feira, ele divulgou uma nota em tom apaziguador. A manifesta��o reduziu a temperatura da crise, mas n�o reverteu o desgaste causado no feriado da Independ�ncia, avalia o cientista pol�tico Ant�nio Lavareda.

"O presidente mostrou no 7 de setembro, mais uma vez, que suas iniciativas s�o imprevis�veis. E termina que o grande mobilizador contra o presidente � ele pr�prio, atrav�s da rea��o (que ele provoca) aos seus atos. Ent�o, as condi��es para um impeachment v�o depender basicamente dele pr�prio", avalia Lavareda.

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