
Os dados na tabela abaixo d�o a dimens�o do quanto os indicadores pioraram de janeiro a outubro de 2021, a um ano das elei��es majorit�rias de 2022. Mas o indicador mais eloquente na retrata��o da deteriora��o � a taxa de risco-Pa�s, que � um sensor quase que preciso de incertezas e instabilidades pol�ticas de qualquer pa�s.
Tanto que de janeiro a outubro deste ano pr�-eleitoral o risco-Pa�s disparou de 261 pontos, em 4 de janeiro, para 336 pontos em 21 de outubro, data de corte do levantamento. Isso n�o aconteceu do governo Fernando Henrique Cardoso, passando pelos governos de Luiz In�cio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Todos os presidentes que antecederam Bolsonaro e que concorreram � reelei��o entraram nos seus respectivos anos pr�-eleitorais com uma alta menor ou com uma taxa final de risco-Pa�s melhor que a dele. No mesmo per�odo de FHC, em 1997, a taxa havia ca�do de 514 para 341. Sob Lula, em 2005, a taxa oscilou de 386 para 383. Com Dilma, em 2013, subiu de 136 para 211.
Mais que isso: dados importantes como infla��o e c�mbio tamb�m tiveram deteriora��o mais importante durante esse ano no governo de Bolsonaro do que no mesmo per�odo dos governos de presidentes anteriores. O levantamento toma como base de an�lise dados oficiais do Ipea Data e do Banco Central.
De acordo com diretor-executivo da Duff & Pheps no Brasil, Alexandre Pierantoni, a tend�ncia de aumento da deteriora��o fica mais evidente quando se leva em considera��o outro dado revelado pela consultoria relativo ao primeiro ano da pandemia no planeta e seus impactos no custo de capital das empresas.
Neste quesito, 49,3% dos 730 participantes da pesquisa informaram que passaram a incorporar ajustes de risco-pa�s diretamente em suas estimativas de custo de capital, as chamadas taxas de desconto, diante de um m�nimo de respondentes de 0,7% que disseram n�o acreditar que os investidores globais exijam um pr�mio incremental pelo risco-pa�s.
"Em mais de um ano de Covid, a percep��o de risco do investidor e o custo do capital aumentou no mundo inteiro. Os pa�ses elevaram os riscos e hoje os reduziram para o patamar pr�-pandemia. Em alguns lugares, o risco-pa�s est� at� menor porque voc� teve uma inje��o de liquidez e voc� estimulou com juros todo o sistema financeiro", disse o executivo.
Esse est�mulo do sistema financeiro, segundo Pierantoni, tamb�m veio para o Brasil. O Pa�s foi um dos que, do ponto de vista da atua��o do governo com est�mulo ao sistema financeiro, se equiparou a na��es de primeiro mundo.
"Agora, o Brasil est� mostrando um descolamento da recupera��o mundial por conta da piora da percep��o de risco-pa�s, muito em fun��o da falta de previsibilidade e da instabilidade provocadas por fiscal, infla��o e uma crise energ�tica que afetam a recupera��o. E isso recai sobre o risco-pa�s", declarou o diretor da Duff & Phelps no Brasil.
Sem falar na quest�o da polariza��o ou na discuss�o pol�tica de elei��o no ano que vem. "E o (ano) pr�-eleitoral j� tem, na Am�rica Latina como um todo, um risco maior associado. Particularmente no Brasil neste ano, porque al�m da crise sanit�ria, n�s estamos adicionando fatores econ�micos e pol�ticos que est�o afetando taxa juros, c�mbio, d�vida e emprego", continuou.
Ainda segundo Pierantoni, h� tamb�m uma falta de oferta global que vai afetar todas as cadeias, inclusive a log�stica. E o Brasil, de acordo com ele, se posiciona no final desta cadeia em n�vel mundial.
"Tudo isso traz risco para o Pa�s. Ent�o, o nosso ambiente m�o � s� o pr�-eleitoral. O pr�-eleitoral existe, mas voc� tem todo um outro cen�rio. O Brasil sempre flerta com o perigo, na minha opini�o, mas n�s estamos flertando mais ainda num ambiente de instabilidade pol�tica e de falta de previsibilidade", opinou.