
Na sequ�ncia s�o apresentados os alvos do monitoramento: "1) Grupo Cidad�o - perfis de pessoas com pouco poder de influ�ncia nas redes; 2) Grupo pol�tico - perfis de pol�ticos das esferas Federal, Estadual e Municipal (tags por fun��o - Ex: Pol�tico Senador, Pol�tico Dep Federal); 3) Grupo M�dia e Grupo Blog - perfis de �rg�os de m�dia subdivididos e m�dia (perfil de abrang�ncia nacional), m�dia local (perfil de abrang�ncia regional) e blog (perfil de blog pessoal de jornalistas); 4) For�as Armadas - perfil de �rg�os das For�as Armadas; 5) For�as Auxiliares - perfil de �rg�os das For�as Auxiliares dos Estados; 6) Entidades Religiosas - perfil de �rg�o de entidade religiosa de abrang�ncia"; 7) Grupo Associa��es de Militares - perfil de entidades agregadoras de militares da reserva.
O conte�do desmente declara��es feitas na semana passada pelo ministro da Defesa, general Braga Netto, durante audi�ncia p�blica na Comiss�o de Rela��es Exteriores e de Defesa Nacional da C�mara. Irritado ap�s ser questionado pelo deputado Glauber Braga (PSol-RJ) sobre o assunto, o militar negou que o Ex�rcito fa�a monitoramento de pol�ticos. Na ocasi�o, o congressista disse ter informa��es de que ele foi um dos monitorados. "N�o existe, nem vi o nome do senhor em nada, nem passa perto. N�o existe monitoramento de parlamentares, n�o existe", disse o ministro, ao lado dos comandantes das tr�s For�as Armadas.
A tramita��o do PL 1645 no Congresso foi marcada por muitas tens�es e protestos de associa��es de pra�as da reserva das For�as Armadas. Representantes dessas entidades consideram que o projeto concedeu os maiores benef�cios aos oficiais de altas patentes, em detrimento dos soldados, cabos, sargentos e suboficiais. Durante os debates sobre a proposta, foram parlamentares da oposi��o, e n�o governistas, que prestaram apoio �s demandas dos pra�as.
Oposi��o ao PL 1645
A apura��o do Correio come�ou depois que a revista Sociedade Militar publicou uma s�rie de relat�rios que teriam sido produzidos pelo Ex�rcito e que trazem os nomes de v�rios parlamentares supostamente monitorados. Os textos publicados pela revista, tamb�m intitulados Acompanhamento e an�lise do PL 1645 nas m�dias sociais, apontam como um dos congressistas mais influentes o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), que, � �poca da tramita��o do PL 1645, era filiado ao PSol. "Cabe ressaltar que o Dep. Marcelo Freixo � um forte influenciador de massas radicais no Twitter e possui express�o com seus mais de 1 milh�o de seguidores", diz um trecho publicado por Sociedade Militar.
O conte�do afirma tamb�m que "o PSol, ainda com as manobras regimentais e destaques, apresenta-se como o maior detrator da Comiss�o" onde tramitava o projeto de lei. "Fato relevante a ser ressaltado neste campo de poder foi a articula��o do Psol, ator que assumiu o protagonismo da oposi��o do governo dentro da Comiss�o Especial", diz o texto.
Outro pol�tico do Psol que, segundo o material divulgado pela Sociedade Militar, atraiu as aten��es do Ex�rcito, � o deputado Glauber Braga (RJ). O texto cita uma entrevista concedida pelo parlamentar � mesma revista. "A not�cia apresenta o alinhamento dos integrantes das Associa��es de pra�as e inativos com deputados do Psol", diz o conte�do. Al�m disso, est� escrito que o parlamentar "mostrou-se contra a posi��o do relator e avocou para si e seu partido a responsabilidade pelos direitos de igualdade das pra�as das For�as Armadas".
H� ainda cita��es a outros 19 deputados federais, entre eles Vin�cius Carvalho (Republicanos-SP), relator do PL. "Ele explicou com muita propriedade as gratifica��es de Altos Estudos propostas no PL", diz o texto publicado pela Sociedade Militar.
O Correio, depois de apurar junto � revista que o material divulgado foi recebido de uma fonte militar, fez contato com o Centro de Comunica��o Social do Ex�rcito (Ccomsex) e questionou se o conte�do era aut�ntico. Como resposta, a assessoria negou a autenticidade. Al�m disso, encaminhou algumas explica��es sobre o assunto, mas nada � informado sobre o monitoramento de pol�ticos e de outros alvos. A assessoria tamb�m enviou uma s�rie de relat�rios apresentados como oficiais. Os textos s�o semelhantes aos divulgados pela revista, mas t�m v�rias partes omitidas por tarjas pretas, principalmente nomes de parlamentares e outras autoridades, partidos pol�ticos, ve�culos da m�dia, jornalistas e blogueiros.
Ainda assim, os trechos que n�o foram omitidos dizem muito sobre a natureza desse trabalho. O texto de um dos relat�rios, elaborado a partir de monitoramento feito entre os dias 1 e 4 de novembro de 2019, mostra como o Ex�rcito agiu para favorecer a aprova��o do PL 1645.
No documento, os militares afirmam que "a tentativa de ganhar a narrativa em busca de uma proposi��o positiva nas Redes Sociais pode se tornar desgastante e ineficiente, quando se usa apenas os pr�prios meios". Eles orientam que "� preciso que influenciadores atuem nas redes social (sic), pois s�o estes que det�m (sic) maior capacidade de reverberar a linha narrativa que se deseja propagar. Perfis pessoais possuem uma capacidade representativa na rede muito superior a perfis institucionais".
Em outro trecho, o documento afirma que, "no cen�rio pol�tico, � preciso esvaziar o discurso do (tarja) e dar visibilidade ou chamar a participa��o, os atores pol�ticos favor�veis ao PL 1645".
Influenciadores
Um outro relat�rio, elaborado a partir de monitoramento realizado no per�odo de 13 a 20 de novembro de 2019, reflete uma preocupa��o especial com os partidos de oposi��o. "Nesse momento, dado o cen�rio pol�tico polarizado somado o acirramento da press�o da opini�o p�blica sobre o Congresso influenciando em decis�es das Casas legislativas, � preciso que influenciadores com uma narrativa favor�vel ao PL atuem nas redes sociais com o intuito de que n�o ocorra a��es semelhantes �s propostas pela bancada do (tarja) durante a tramita��o do projeto na C�mara dos Deputados, quando parlamentares de oposi��o se aproveitaram da pauta criada pelas associa��es de pra�as para atacar o projeto de lei".
Em outro trecho, os militares afirmam que, "com o objetivo de informar o p�blico interno � preciso coordenar entre as tr�s for�as e o (tarja) a divulga��o de palestras que, se for o caso, sejam ministradas para todos os p�blicos, ativa e reserva, e que os sites institucionais e perfis nas plataformas digitais contenham conte�dos informativos sobre o tema".
O documento diz ainda que "cabe avaliar a possibilidade de ser mantida uma rotina de postagens informativas sobre a tramita��o do PL durante os dias de atividade parlamentar no Senado elencando os principais fatos da semana, tudo com a finalidade de evitar a constru��o de narrativas falsas".
Em um outro relat�rio, produzido com base em monitoramento realizado entre 4 e 6 de novembro de 2019, os militares alertam que "os perfis de esquerda, principalmente no Twitter, j� atuam de forma coordenada para desclassificar a pauta econ�mica do (tarja) podendo ser claramente verificado entre os pol�ticos (tarja) e seus partidos sat�lites (tarja), perfis de jornalistas e blogs de esquerda, bem como personalidades alinhadas com a causa lulista a referida postura digital".
O texto diz ainda que "durante a tramita��o na C�mara os partidos de oposi��o se aproveitaram da instabilidade causada pelas associa��es de pra�as e militares da reserva para tumultuar a caminhada do projeto na casa". "Mais uma vez os partidos de oposi��o poder�o se unir � causa das associa��es militares refor�ando a narrativa de que o projeto � desigual em suas medidas entre oficiais e pra�as", afirma o documento. Os analistas destacaram tamb�m que a "esquerda tentar� qualificar a reforma como desmonte do servi�o p�blico e aprofundadora das desigualdades do pa�s".
Sil�ncio
O Correio teve acesso a um Requerimento de Informa��o que o deputado Marcelo Freixo enviou ao Minist�rio da Defesa, em 23 de agosto. No documento, o parlamentar pede uma s�rie de esclarecimentos, sobre a organiza��o do monitoramento, o valor pago pelo Ex�rcito e a modalidade da contrata��o dos servi�os, entre outros. "Os fatos s�o graves e podem representar a quebra da harmonia e independ�ncia entre os Poderes da Rep�blica, al�m de uma afronta � inviolabilidade das opini�es, palavras de votos dos Deputados Federais", escreveu Freixo. Por�m, at� o momento, o deputado n�o recebeu resposta do minist�rio.
Segundo as informa��es encaminhadas pelo Ex�rcito ao Correio, o Acompanhamento e an�lise do PL 1645 nas m�dias sociais foi feito com o uso das ferramentas V-tracker, a busca avan�ada do Twitter (gratuita e oferecida pela plataforma) e o Google Alerts (gratuita e disponibilizada pelo Google). Conforme a for�a terrestre, "todas s�o amplamente conhecidas e fazem o acompanhamento de fontes abertas, n�o havendo, portanto, qualquer grau de sigilo".