
O lan�amento da pr�-candidatura do cientista pol�tico - que se apresentou apenas como "Felipe d’Avila" - ocorreu no Centro de Conven��es Ulysses Guimar�es, em Bras�lia. "Eu s� vi uma vez o Ulysses perder a compostura e deixar sua indigna��o aflorar. Foi na promulga��o da Constitui��o de 1988. Ele levantou a Constitui��o e disse: ‘Eu tenho nojo da ditadura’. Pois eu tenho nojo desse populismo que faz com que a mis�ria continue, que vira as costas para o povo para defender o corporativismo, o clientelismo e o patrimonialismo", afirmou.
Segundo d’Avila, "n�o adianta culpar ICMS ou governador" pelo aumento de pre�os. "� por incompet�ncia de um governo que n�o fez reformas e n�o privatizou." Sem citar Luiz In�cio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, o pr�-candidato declarou ainda que governos populistas de esquerda arruinaram a moral e a �tica e que o populismo de direita agravou a situa��o. "O populismo de direita e de esquerda vai perpetuar o populismo, portanto, a mis�ria, a pobreza, a corrup��o e o mau funcionamento das institui��es."
Formado em ci�ncia pol�tica pela Universidade Americana em Paris e com mestrado em Administra��o P�blica pela Harvard Kennedy School, d’Avila fundou o Centro de Lideran�as P�blicas (CLP), grupo interessado em promover boas pr�ticas de gest�o. Ele tamb�m criou e � publisher do VirtuNews, plataforma de jornalismo de dados que fornece informa��es sobre pol�tica e economia. Ex-filiado ao PSDB, ele nunca exerceu um cargo eletivo, mas concorreu em 2018 no processo de pr�vias tucanas, vencido por Jo�o Doria, para escolher o candidato do partido para governador de S�o Paulo.
O cientista pol�tico venceu na �ltima sexta-feira, 29, o processo seletivo do partido para definir o pr�-candidato a presidente. Ele � apoiado pela maioria da legenda, em uma fase de crise interna que culminou com a sa�da de Jo�o Amo�do da presid�ncia do Novo e tamb�m da desist�ncia do empres�rio de ser novamente candidato a presidente da Rep�blica. Amo�do foi o candidato em 2018 a presidente pelo partido e um dos fundadores da sigla, mas acumulou insatisfa��es e acusa��es de querer impor a vontade na sigla. Ele prega oposi��o ao governo Jair Bolsonaro, o que contraria a maioria dos eleitos pelo partido.
O lan�amento de d’Avila ocorreu num audit�rio para cerca de 60 pessoas, entre filiados, dirigentes e parlamentares. A cerim�nia chegou a ser interrompida por uma queda de energia - os convidados disseram que o apag�o era um sinal da "velha pol�tica".
O Novo passa por um momento de perda de filiados e do encolhimento da milit�ncia. Como mostrou o Estad�o, mais da metade dos brasileiros que se filiaram ao partido j� se desfiliaram. At� setembro, haviam sido registradas 35,5 mil desfilia��es, mais do que os 33,8 mil regularmente filiados.
A desidrata��o reflete uma cis�o interna entre alas que se posicionam pr� e contra o governo Jair Bolsonaro. Na C�mara, os deputados se dizem independentes, mas apoiam majoritariamente o governo, n�o apenas em pautas econ�micas. A fidelidade supera 90%, assim registrado em partidos do Centr�o.
O pr�-candidato � Presid�ncia disse que a bancada sabe discernir entre a agenda partid�ria e a agenda de Estado, "apesar do governo". Sem citar Bolsonaro, afirmou que "a palavra de ordem do dia � fome" e criticou o avan�o do "fanatismo e intoler�ncia" no v�cuo da cultura.
Questionado sobre as adversidades internas, ele afirmou que o partido "j� est� unido" em prol de sua candidatura, mas admitiu que participar� de conversas com outros candidatos da terceira via.
Notabilizado por sua proximidade com o Pal�cio do Planalto, o mais importante pol�tico do partido, o governador Romeu Zema, de Minas Gerais, n�o compareceu. Zema mandou um representante do governo estadual e enviou um recado por v�deo a d’Avila - disse estar � disposi��o do pr�-candidato.
"Tem meu total apoio e meu entusiasmo. O Brasil precisa de pessoas preparadas e que tenham hist�rico de realiza��es", afirmou Zema. Durante sua apresenta��o, d’Avila retribuiu com elogios a Zema e � bancada de deputados, presente na cerim�nia de lan�amento da pr�-candidatura.
O presidente nacional do partido, Eduardo Ribeiro, disse que o lan�amento deve ser levado a s�rio: "N�o estamos numa aventura ou simplesmente numa brincadeira". Ele afirmou que o Novo tenta ser a terceira via e romper a polariza��o.
O presidenci�vel do Novo defendeu a abertura econ�mica, a privatiza��o de todas as estatais e afirmou que o mercado deve ser colocado na sala para ajudar a solucionar problemas como as mudan�as clim�ticas. Ele fez uma ode ao empreendedorismo e disse que pretende refor�ar o ensino t�cnico profissionalizante.
Al�m de abandonar o prenome Luiz, Felipe d’Avila apresentou-se de terno cinza, sem gravata, com fala pausada e men��es a Santo Agostinho, em estilo similar ao do ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), um dos que estimulou seu ingresso na vida partid�ria e a disputa de cargos eletivos.
No evento, o pr�-candidato do Novo disse que as fam�lias brasileiras est�o divididas, inclusive a dele mesmo (o irm�o Frederico d’Avila, deputado estadual em SP pelo PSL � apoiador de Bolsonaro) e disse que sempre cultivou o di�logo com todas as matizes pol�ticas. "Tem gente boa de todos os partidos em todos os Estados brasileiros", afirmou o pr�-candidato do Novo.
Por�m, ele disse que o di�logo com os demais pr�-candidatos que disputam um eleitorado avesso a Lula e a Bolsonaro a deve ocorrer somente no ano que vem, quando todos tiverem apresentado suas propostas de governo. E descartou uma aproxima��o com ambos. Sem declinar a quem se referia, disse que n�o vai dialogar com que n�o deseja fazer a coisa certa: "N�o conversamos com pilantras".
Terceira Via
O Novo � um dos partidos que busca uma unidade nas elei��es de 2022 e querem ser uma "terceira via" entre Bolsonaro e Lula. Neste m�s de novembro, al�m do Novo, diversos outros partidos fizeram ou planejam fazer movimentos na dire��o de terem pr�-candidaturas � Presid�ncia. O Podemos vai filiar no pr�ximo dia 10 o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro. O PSD trouxe o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), para os seus quadros. O MDB vai lan�ar a pr�-candidatura da senadora Simone Tebet (MS).
J� o PSDB vai escolher no dia 21 deste m�s qual nome apresentar� para a disputa do ano que vem. Nas pr�vias do partido, os governadores Eduardo Leite (RS) e Jo�o Doria (SP) s�o os favoritos e o ex-prefeito de Manaus (AM) Arthur Virg�lio corre por fora.