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Estado de Minas ELEI��ES 2022

Leia a �ntegra do discurso de Moro durante ato de filia��o ao Podemos

O ingresso de Moro no partido se d� a pouco menos de um ano das elei��es de 2022


10/11/2021 16:34 - atualizado 10/11/2021 17:02

Moro
Sergio Moro se filia ao Podemos (foto: MATEUS BONOMI/AGIF)
O ex-juiz Sergio Moro filiou-se ao Podemos nesta quarta-feira (10/11). Em um discurso de 42 minutos, o ex-ministro surge como poss�vel candidato � Presid�ncia do pa�s.

 

LEIA TAMB�M: De juiz reservado a poss�vel candidato: relembre a vida pol�tica de Moro 


O ingresso de Moro no partido se d� a pouco menos de um ano das elei��es de 2022.

Ele ainda n�o anunciou qual cargo vai disputar na elei��o do ano que vem, mas o evento do partido o anunciou como "futuro presidente da Rep�blica".

 

Leia:


“Bom dia. Quero agradecer a todos voc�s que vieram, gentilmente, de longe ou de perto, para prestigiar este evento. Aos filiados do podemos, aos filiados de outros partidos pol�ticos, senadores, deputados, prefeitos, vereadores, servidores p�blicos e cidad�os em geral. Agrade�o tamb�m aos empres�rios e trabalhadores aqui presentes. Sei que muita gente veio de lugares distantes e com sacrif�cios.

Eu confesso que estou um pouco ansioso quanto a falar hoje neste palco. N�o tenho uma carreira pol�tica e n�o sou treinado em discursos. Alguns at� dizem que n�o sou eloquente e n�o gostam da minha voz…

Mas, se eventualmente eu n�o sou a melhor pessoa para discursar, posso assegurar que sou algu�m em que voc�s podem confiar. A vida p�blica me testou mais de uma vez, como juiz da Lava Jato e como ministro da Justi�a. Voc�s conhecem a minha hist�ria e sabem que tomei decis�es dif�ceis e que nunca recuei do desafio, nem repudiei meus princ�pios para alimentar ambi��es pessoais. Por isso, pe�o aten��o �s minhas palavras, muito al�m da minha voz. O Brasil n�o precisa de l�deres que tenham voz bonita. O Brasil precisa de l�deres que ou�am e atendam a voz do povo brasileiro.

Quero contar para voc�s um pouco sobre minha hist�ria. Eu nunca fui um pol�tico. Fui juiz por 22 anos e me dediquei a fazer justi�a aplicando a lei. Meu prop�sito sempre foi ser justo com todos. Julguei casos de pessoas necessitadas, que procuravam a Justi�a por amparo assistencial.

Depois, na �rea criminal, julguei processos de grandes traficantes de drogas, de ladr�es de banco e de pessoas que pagaram ou receberam suborno. Tudo para proteger as pessoas, as v�timas e o povo brasileiro.

Fui juiz dos casos da opera��o Lava Jato em Curitiba. Foi um momento hist�rico: quebramos a impunidade da grande corrup��o de uma forma e com n�meros sem precedentes. Julgamos e condenamos pessoas poderosas do mundo dos neg�cios e da pol�tica que, pela primeira vez, pagaram por seus crimes.

Mais de R$ 4 bilh�es foram recuperados dos criminosos e tem uns R$ 10 bilh�es previstos ainda para serem devolvidos. Isso nunca aconteceu antes no Brasil.

Eu sempre fui considerado um juiz firme e fiz justi�a na forma da Lei. Na �poca, todos diziam que era imposs�vel fazer isso, mas n�s fizemos. Claro, com grande apoio da popula��o brasileira. Juntos, eu, voc�, n�s, mostramos que a Lei se aplica a todos.

Em 2018, recebi um convite do presidente eleito para ser ministro da Justi�a. Como todo bom brasileiro, eu tinha, em 2018, esperan�a por dias melhores. Como todo brasileiro, eu pensava no que hav�amos presenciado nos �ltimos anos: os grandes casos de corrup��o sendo revelados dia ap�s dia, os pixulecos, as contas na su��a e milh�es de reais ou d�lares roubados.

A Petrobr�s foi saqueada, dia e noite, por interesses pol�ticos, como ‘nunca antes na hist�ria deste Pa�s’. Apartamentos forrados de dinheiro roubado em esp�cie, e uma persistente recess�o provocada pelos mesmos governos que permitiram tudo isso, com as pessoas comuns desempregadas e empobrecendo.

Era um momento que exigia mudan�a. Eu, como juiz da Lava Jato me sentia no dever de ajudar. Havia pelo menos uma chance de dar certo e eu n�o podia me omitir: aceitei o convite e ingressei no governo. O meu objetivo era melhorar a vida das pessoas por meio de um trabalho t�cnico, principalmente, reduzindo a corrup��o e outros crimes.

Conseguimos de fato, em 2019, diminuir a criminalidade violenta e enfrentamos para valer o crime organizado. Cerca de dez mil vidas brasileiras deixaram de ser ceifadas pelo crime neste meu primeiro ano como ministro da justi�a.

Combatemos, com afinco, o crime organizado. Isolamos, por exemplo, em pres�dios federais as lideran�as das gangues mais perigosas do pa�s. Ningu�m combateu o crime organizado de forma mais vigorosa do que o minist�rio da Justi�a na nossa gest�o. At� quem n�o gosta de mim reconhece isso. Disseram que reduzir crimes no Brasil e combater o crime organizado era imposs�vel, mas isso foi feito.

O meu desejo era continuar atuando, como ministro, em favor dos brasileiros. Infelizmente, n�o pude prosseguir no governo. Quando aceitei o cargo, n�o o fiz por poder ou prest�gio. Eu acreditava em uma miss�o. Queria combater a corrup��o, mas, para isso, eu precisava do apoio do governo e esse apoio me foi negado.

Quando vi meu trabalho boicotado e quando foi quebrada a promessa de que o governo combateria a corrup��o, sem proteger quem quer que seja, continuar como ministro seria apenas uma farsa. Nunca renunciarei aos meus princ�pios e ao compromisso com o povo brasileiro. Nenhum cargo vale a sua alma.

Depois que sa� do governo, precisei, ent�o, como a maioria do povo brasileiro, buscar um emprego a fim de ganhar a vida. Eu precisava trabalhar, nunca enriqueci sendo juiz ou ministro. Tenho fam�lia para cuidar.

Recebi um convite para trabalhar no exterior e aceitei. Eu acreditei que ficar longe por um tempo me ajudaria a refletir melhor sobre o Brasil. Estava cuidando de minha vida privada, distante dos olhos do p�blico e da imprensa. Mas via com extrema preocupa��o o desdobrar dos fatos desde a minha sa�da do governo. Mesmo fora do Pa�s, nunca deixei o Brasil longe de meu cora��o.

Estamos no final de uma pandemia que afligiu o mundo e s� no Brasil deixou mais de 600 mil v�timas. Vi consternado o crescer do n�mero de v�timas e a desola��o das fam�lias. N�o h� um brasileiro ou brasileira que n�o tenha perdido alguma pessoa querida, um parente ou um amigo.

N�o h� um verdadeiro brasileiro ou brasileira que n�o tenha se emocionado com essas perdas. Registro meu pesar por todas as v�timas e por aqueles que sofreram com a perda delas. Aproveito para endere�ar minhas homenagens aos m�dicos, enfermeiros e cientistas, que foram os verdadeiros her�is. Muitos colocaram a sua vida em risco para salvar a de outros. Eles tamb�m mostraram o valor da ci�ncia e do nosso sistema �nico de sa�de.

Junto com a pandemia, vimos com tristeza outros flagelos. Escolas sem aulas por falta de estrutura. Empregos e neg�cios sendo perdidos. Mercados, padarias e restaurantes de portas fechadas. A pobreza e a fome sendo espalhadas. Pais e m�es com dificuldades para cuidar de seus filhos. O jovem e o idoso, esperan�osos por conseguir um trabalho, encontrando ao rev�s o desemprego.

Como se n�o bastasse, mesmo com o fim pr�ximo da pandemia, a economia n�o vai bem. As pessoas ainda est�o sofrendo. H� brasileiros passando fome. Isso d�i em todos n�s. A infla��o est� muito alta: os t�cnicos falam em um n�mero, mas quem vai no posto de gasolina ou na mercearia sabe que � muito mais.

Os juros subiram, dificultando ainda mais a vida do empres�rio, do agricultor ou das pessoas comuns. E os juros ainda v�o subir neste governo e isso vai tornar a vida das pessoas ainda mais dif�cil. N�o falo por ser pessimista, mas porque o pa�s est� indo para o rumo errado. Como exemplo, � s� olhar o n�mero elevado de pessoas desempregadas e h� quanto tempo as coisas est�o assim. Desde a �poca do governo do PT, o desemprego come�ou a crescer e n�o parou mais: Atualmente s�o 14 milh�es de desempregados, sem contar aqueles que j� desistiram de procurar empregos… e sem perspectivas de melhorar.

Ao mesmo tempo, os avan�os no combate � corrup��o perderam a for�a. Foram aprovadas medidas que dificultam o trabalho da pol�cia, de ju�zes e de procuradores. � um engano dizer que acabou a corrup��o quando na verdade enfraqueceram as ferramentas para combat�-la.

Quase todo dia ouvimos not�cias de criminosos sendo soltos, normalmente com base em formalismos ou argumentos que simplesmente n�o conseguimos entender. O que no fundo a gente entende � que criminosos poderosos est�o escapando impunes de seus crimes e que a Lei n�o est� valendo para todos.

Fica aquela sensa��o amarga de que n�o existe lei, de que n�o existe Justi�a. Como se a Petrobr�s n�o tivesse sido saqueada, como se tudo o que foi feito n�o tivesse valido e como se n�o tivessem import�ncia as manifesta��es de milh�es de brasileiros contra a corrup��o em 2015 e 2016.

Desde que me entendo por gente, ou�o as pessoas falarem que o Brasil � um Pa�s injusto. Que precisamos fazer reformas, mexer nas leis para que o pa�s melhore, para que as coisas comecem a funcionar, para que as pessoas tenham escolas decentes para seus filhos e hospitais que resolvam seus problemas.

Para que a estrada cheia de buracos seja asfaltada, para que as pessoas possam andar com seguran�a na rua. Mas as reformas nunca chegam ou quando chegam s�o malfeitas. E o Brasil fica sendo esse Pa�s do futuro e n�s nos perguntamos: quando vai chegar o futuro do Pa�s do futuro?

E, ao olharmos para as reformas que est�o sendo aprovadas, o que a gente percebe � que ningu�m est� pensando nas pessoas. Mesmo quando se quer uma coisa boa, como esse aumento do Aux�lio-Brasil ou do Bolsa-Fam�lia, que s�o importantes para combater a pobreza, vem alguma coisa ruim junto, como o calote de d�vidas, o furo no teto de gastos e o aumento de recursos para outras coisas que n�o s�o prioridades.

Quando o governo resolve vender uma empresa estatal como a Eletrobr�s, aprova junto uma s�rie de jabutis, coisas que ningu�m entende direito, mas que na pr�tica todo mundo sabe que significa que a conta de luz vai ficar mais cara para algu�m ganhar mais dinheiro.

E a� o governo gasta mais do que pode e l� vem mais infla��o e mais juros. E assim o Pa�s n�o cresce e n�o se v� emprego. E, com tudo isso, as pessoas passam a acreditar que n�o h� governo, que n�o h� futuro, que estamos sozinhos e que tudo � in�til.

Meu amigo e minha amiga, todas essas coisas est�o relacionadas: se o Brasil est� parado e n�o vai adiante, n�o � porque n�o sabemos o que precisamos fazer. Ningu�m tem d�vida de que precisamos melhorar a vida das pessoas. Todo mundo tamb�m sabe que quem desvia dinheiro p�blico tem que ser punido e n�o premiado.

Todo mundo sabe que o dinheiro desviado � o hospital e a escola sucateadas. O problema � que n�o conseguimos fazer o que sabemos que precisamos fazer, porque as estruturas do poder foram capturadas. Elas passaram a servir a si mesmas e j� n�o servem ao povo.

Parte disso � corrup��o, como a que vimos e nos assustou na Lava Jato. Mas outra parte � a degenera��o maior da vida pol�tica: a busca do interesse p�blico foi substitu�da pela busca ego�sta dos interesses pr�prios e dos interesses pessoais e partid�rios. � a m�quina p�blica voltada para si mesma. Isso explica por que o Brasil continua sem futuro, com o povo brasileiro sem justi�a, sem emprego e sem comida.

Eu sonhava que o sistema pol�tico iria se corrigir ap�s a Lava Jato. Que a corrup��o passaria a ser coisa do passado e que o interesse da popula��o seria colocado em primeiro lugar. Isso n�o aconteceu, infelizmente. E embora tenha muita gente boa na pol�tica, n�s n�o vemos grandes avan�os.

Ap�s um ano morando fora, eu resolvi voltar. N�o podia ficar quieto, sem falar o que penso, sem pelo menos tentar mais uma vez, com voc�, ajudar o pa�s. Ent�o resolvi fazer do jeito que me restava: entrando para a pol�tica, corrigindo isso de dentro para fora.

A gota d’�gua para mim foi encontrar um estudante brasileiro no exterior que me perguntou “Moro, � verdade que voc� abandonou o Brasil?”. Aquilo foi como um tiro no meu cora��o. Eu n�o poderia e nunca vou abandonar o Brasil.

Se necess�rio, eu lutaria sozinho pelo Brasil e pela Justi�a. Seria Davi contra Golias. Mas, ao ver esse audit�rio, tenho certeza que n�o estou sozinho.

Tenho essa mesma certeza quando eu encontro as pessoas nas ruas, nos mercados, nas escolas, em qualquer lugar, e elas est�o com um sorriso no rosto, me cumprimentam ou elogiam pelo trabalho que foi feito na Lava Jato ou no Minist�rio da Justi�a. Ent�o, voltei ao Brasil para ajudar a construir um projeto que � de muitos.

Nenhuma pessoa pode ter um projeto s� para si mesmo. Ningu�m existe s� para si mesmo. Para isso, resolvi entrar na vida pol�tica e filiar-me ao podemos, um partido que apoia as pautas da Lava Jato. Mas esse n�o � o projeto somente de um partido, � um projeto de Pa�s aberto para ades�o por todos os demais partidos, pela sociedade brasileira, do empres�rio ao trabalhador, por todo cidad�o e cidad� brasileiros. � o seu projeto, que estava a�, aguardando o momento certo. Chegou a hora.

Queremos construir juntos esse projeto, ouvindo as ideias de todos. N�o � s� um projeto para reconstruir o combate � corrup��o. Isso faz parte dele, mas ele vai muito al�m. � um projeto para construir o Pa�s. � um projeto de reconstru��o de todos os sonhos perdidos. Nesse projeto, n�o h� espa�o para o medo, n�o h� espa�o para rea��es agressivas, mas tamb�m n�o h� espa�o para timidez. Queremos juntos construir hoje o Brasil do futuro.

Quero compartilhar algumas ideias que tenho para esse projeto. Alerto que s�o ainda apenas algumas ideias de um projeto maior e que ser� formulado junto com os brasileiros e as brasileiras. Tenho ouvido especialistas, mas queremos ouvir todo mundo sobre ele.

Precisamos recuperar a ideia de que vivemos e dividimos o mesmo Pa�s, de que somos todos irm�os, amigos e vizinhos. Podemos at� divergir em alguns assuntos, mas temos, como brasileiros, mais pontos em comum do que diferen�as. Ent�o nosso projeto � forte, � vigoroso, mas n�o � agressivo.

Nossas �nicas armas ser�o a verdade, a ci�ncia e a justi�a. Trataremos a todos com caridade e sem mal�cia. Respeitaremos aqueles que gostam e aqueles que n�o gostam de n�s. O Brasil � de todos os brasileiros e nosso caminho jamais ser� o da mentira, das verdades alternativas ou de fomentar divis�es ou agress�es de brasileiro contra brasileiro.

Incluo aqui nessa atitude de respeito e generosidade, a imprensa. Chega de ofender ou intimidar jornalistas. Eles s�o essenciais para o bom funcionamento da democracia e agem como vigilantes de malfeitos dos detentores do poder. A liberdade de imprensa deve ser ampla. Jamais iremos estimular agress�es. Jamais iremos propor o controle sobre a imprensa, social ou qualquer que seja o nome com que se queira disfar�ar a censura e o controle do conte�do. Isso vale para mim e para qualquer pessoa que queira nos apoiar.

Precisamos proteger a fam�lia brasileira contra a viol�ncia, contra a desagrega��o e contra as drogas que amea�am nossas crian�as, jovens e adultos. Propomos incentivar a virtude e n�o o v�cio, uma s�lida forma��o moral e cidad�. Nosso projeto de redu��o da criminalidade violenta, do combate ao crime organizado e ao tr�fico de drogas precisa ser retomado com todo o vigor, sempre na forma da Lei, e buscando recuperar aqueles que se desviaram do bom caminho.

Mas agiremos sempre com a compreens�o de que nessa nossa sociedade cada vez mais plural todos merecem ser tratados com respeito e sem qualquer forma de discrimina��o. Precisamos de uma sociedade inclusiva, que acolha as diferen�as, e precisamos tamb�m de uma sociedade que respeite todas as cren�as e religi�es.

Nessa sociedade inclusiva, merecem especial aten��o as pessoas com defici�ncia e as pessoas com doen�as raras. Aprendi a admir�-las por meio de minha esposa, Ros�ngela, com quem sou casado h� 22 dois anos e tenho dois filhos. Minha esposa � advogada e atende pessoas com defici�ncia, pessoas com doen�as raras e igualmente associa��es que promovem os direitos delas. Ela me despertou quanto � import�ncia da ado��o de pol�ticas que atendam a essas pessoas em suas necessidades espec�ficas e que permitam que seus talentos e habilidades possam florescer.

Acreditamos na capacidade empreendedora e inovadora de cada brasileiro. Todo cidad�o tem o potencial de se tornar uma vers�o melhor de si mesmo. E, quero lhe dizer, esta � minha cren�a fundamental, que cada indiv�duo tem a sua dignidade e tem a capacidade de se aprimorar continuamente.

Por acreditarmos no potencial de cada um, defendemos o livre mercado, a livre empresa e a livre iniciativa, sem que o governo tenha que interferir em todos os aspectos da vida das pessoas. Precisamos reformar nosso sistema confuso de impostos. H� quanto tempo falamos nisso sem fazer? Precisamos privatizar estatais ineficientes. Precisamos abrir e modernizar nossa economia buscando mercados externos. O tempo � de inova��o e n�o podemos ficar para tr�s nesse mundo cada vez mais din�mico e competitivo.

Mas nesse pa�s que compartilhamos, o nosso senso de comunidade impede que adotemos um capitalismo cego, sem solidariedade ou compaix�o. O nosso senso de justi�a, os nossos valores crist�os e que s�o compartilhados pelas outras religi�es, exigem que as grandes desigualdades econ�micas sejam superadas.

Uma das prioridades do nosso projeto ser� erradicar a pobreza, acabar de vez com a mis�ria. Isso j� deveria ter sido feito anos atr�s. Para tanto, precisamos mais do que programas de transfer�ncia de renda como o Bolsa-Fam�lia ou o Aux�lio-Brasil. Precisamos identificar o que cada pessoa necessita para sair da pobreza.

Isso muitas vezes pode ser uma vaga no ensino, um tratamento de sa�de ou uma oportunidade de trabalho. As pessoas querem trabalhar e gerar seu pr�prio sustento. Precisamos atender a essas car�ncias com aten��o espec�fica. E, como medida priorit�ria, sugerimos a primeira opera��o especial: a cria��o da For�a-Tarefa de Erradica��o da Pobreza, convocando servidores e especialistas das estruturas j� existentes.

Ela ser� uma for�a-tarefa permanente e atuar� como uma ag�ncia independente e sem interesses eleitoreiros, com a miss�o de erradicar a pobreza no pa�s. Muita gente pensa que isso � imposs�vel, como diziam que era imposs�vel combater a corrup��o. N�o �, e nem precisa destruir o teto de gastos ou a responsabilidade fiscal para faz�-lo. N�s podemos erradicar a pobreza e esse � o desafio da nossa gera��o.

Propomos investir na educa��o de qualidade. Quem vai para a escola p�blica tem que encontrar ensino da mesma qualidade que o das escolas privadas. Eu, menino crescido no interior do Paran�, na minha querida Maring�, fiz tanto escola p�blica como privada.

Na minha �poca, a qualidade de ensino era parecida, ent�o � poss�vel fazer com que seja de novo. O futuro do Brasil depende do presente da educa��o p�blica e privada. Queremos trazer os pais para participarem mais da vida das escolas. Queremos incentivar a inova��o e a dedica��o dos professores, cobrar metas e desempenho, premiar os bons por m�rito, sem procurar vil�es.

Queremos diversificar o ensino e tornar real em todo o Pa�s, o que a lei j� autoriza: que os alunos possam escolher parte das disciplinas e, fazendo isso, estudarem com maior motiva��o. Propomos expandir o ensino em per�odo integral. Se isso � custoso e se for necess�rio escolher, vamos primeiro para os lugares mais carentes e depois expandimos. Precisamos de tecnologia e internet nas escolas. � preciso abra�ar essas pol�ticas como um grande programa nacional.

Queremos, como pais e m�es, que nossos filhos e que os filhos de nossos filhos tenham um futuro melhor do que o nosso e isso depende da educa��o. A escola deve ser um lugar para matem�tica, tecnologia, ci�ncias, cultura e literatura, um lugar de liberdade e de aprendizado.

Precisamos falar sobre corrup��o. Muitos me aconselharam a n�o falar sobre o assunto, mas isso � imposs�vel. Combater a corrup��o n�o � um projeto de vingan�a ou de puni��o. � um projeto de justi�a na forma da lei. � impedir que as estruturas de poder sejam capturadas e dessa forma viabilizar as reformas necess�rias para melhorar a vida das pessoas.

� um projeto para termos um governo de leis que age em benef�cio de todos e n�o apenas de alguns. Chega de corrup��o, chega de mensal�o, chega de petrol�o, chega de rachadinha. Chega de querer levar vantagem em tudo e enganar a popula��o.

Propomos, sem mais delongas, aprovar a volta da execu��o da condena��o criminal em segunda inst�ncia, para que a realiza��o da justi�a deixe de ser uma miragem. Precisamos garantir a independ�ncia do Minist�rio P�blico, respeitando as listas, e a autonomia da Pol�cia com mandatos para os diretores, impedindo que haja interfer�ncia pol�tica em seu trabalho.

Propomos ainda a cria��o de uma corte nacional anticorrup��o, � semelhan�a do que fizeram outros pa�ses, usando as estruturas j� existentes e convocando ju�zes e servidores vocacionados para essa t�o importante miss�o.

Precisamos cuidar do futuro e do que vamos deixar para as novas gera��es. O Brasil � um Pa�s que historicamente respeitou e protegeu o meio ambiente. Temos a maior floresta do mundo, a Amaz�nia. Infelizmente, alguns veem a floresta como um inc�modo e hoje nossa imagem no exterior � p�ssima.

Mas a floresta � um patrim�nio valioso e precisamos mudar a percep��o do mundo a nosso respeito. Precisamos dar oportunidades de desenvolvimento para quem vive na regi�o da Amaz�nia, mas precisamos proibir o desmatamento e as queimadas ilegais. Promover as a��es e usar as palavras certas, considerando a popula��o local.

O futuro do mundo depende da preserva��o do meio ambiente, para prevenir a mudan�a clim�tica. O Brasil pode ser n�o s� o celeiro do mundo, com a nossa pujante agricultura, com pequenos e grandes propriet�rios, mas tamb�m a lideran�a e o exemplo para o mundo na preserva��o da floresta, no fomento da explora��o de energias limpas e na cria��o de uma economia verde, sustent�vel e de baixo carbono.

Isso nos trar� investimentos e nos far� orgulhosos de nosso Pa�s. Somos detentores dessa enorme riqueza verde e, infelizmente, fizemos tudo errado nos �ltimos anos. Isso pode e deve ser consertado. O Brasil deve ser o l�der e o orgulho do mundo na economia verde e sustent�vel.

Precisamos cuidar da defesa nacional e de nossa soberania. Vamos valorizar as For�as Armadas. O militar n�o � diferente dos outros. Somos todos brasileiros. Devemos respeit�-las como institui��o de Estado e jamais utiliz�-las para promover ambi��es pessoais ou interesses eleitorais. As for�as armadas pertencem aos brasileiros e n�o ao governo.

Para que todo esse projeto tenha credibilidade, para que possamos demonstrar com sinceridade o nosso desejo de reconstruir o Pa�s e de reformar as institui��es, n�s precisamos provar que estamos dispostos a sacrif�cios. Que a classe dirigente, que a classe pol�tica, n�o ter� por foco aumentar o seu poder ou seus privil�gios, e que agir� para beneficiar a todos, pensando no bem comum e no interesse p�blico.

Para tanto, proponho, desde o in�cio, a elimina��o de dois privil�gios da classe dirigente. O fim do foro privilegiado que trata o pol�tico ou a autoridade como algu�m superior ao cidad�o comum, e o fim da reelei��o para cargos no poder executivo. O foro privilegiado tem blindado pol�ticos e autoridades da apura��o de suas responsabilidades. N�o precisamos dele. Eu nunca precisei quando juiz ou ministro. N�o deve existir para ningu�m e para nenhum cargo, nem para o presidente da Rep�blica.

Quanto � reelei��o para cargos no poder executivo, devemos admitir que � uma experi�ncia que n�o funcionou em nosso Pa�s. O presidente, assim que eleito, come�a, desde o primeiro dia, a se preocupar mais com a reelei��o do que com a popula��o, est� em permanente campanha pol�tica. E ainda tem o risco de gerar caudilhos, populistas ou ditadores, de esquerda ou de direita, pessoas que se iludem com o seu poder e passam a ser uma amea�a �s institui��es e � democracia, seja por corrup��o ou por viol�ncia. N�o devemos mais correr esses riscos.

Entendo que se n�s, da classe pol�tica, cortarmos nossos privil�gios, daremos um bom exemplo e conseguiremos a credibilidade necess�ria para aprova��o de outras reformas dirigidas a melhorar a vida das pessoas. Vamos gerar um ambiente de confian�a e um ciclo virtuoso em favor das reformas, fomentando investimentos, gerando empregos, recolocando o governo na trilha certa. Ele existe para ajudar as pessoas e n�o o contr�rio. O governo tem que estar a servi�o das pessoas e n�o dos pol�ticos.

Essas s�o apenas algumas ideias para o nosso projeto de Pa�s. Queremos constru�-lo com voc�s aqui presentes, com a sociedade e com o povo brasileiro. Podemos construir juntos um Brasil justo para todos. Esse n�o � um projeto pessoal de poder, mas sim um projeto de Pa�s. Nunca tive ambi��es pol�ticas, quero apenas ajudar.

Se, para tanto, for necess�rio assumir a lideran�a nesse projeto, meu nome sempre estar� � disposi��o do povo brasileiro. N�o fugirei dessa luta, embora saiba que ser� dif�cil. H� outros bons nomes que t�m se apresentado para que o Pa�s possa escapar dos extremos da mentira, da corrup��o e do retrocesso.

Todos n�s sabemos que teremos em um momento que nos unir para uma tarefa maior do que cada uma das pessoas envolvidas. Mas precisamos nos unir em torno de um projeto que tenha pelo menos as seguintes linhas essenciais: combater a corrup��o como meio de viabilizar as reformas, erradicar a pobreza, diminuir as desigualdades, controlar a infla��o, preservar a responsabilidade fiscal, fomentar o emprego e o desenvolvimento sustent�vel, prover servi�os de sa�de, educa��o e seguran�a de qualidade, proteger a fam�lia, cultivar as liberdades e o respeito com o pr�ximo e com o diferente. Tudo est� conectado. Todos estamos juntos.

Pretendo atuar como um guardi�o vigoroso do interesse p�blico, como um protetor dos direitos de todos os brasileiros e brasileiras. O Brasil poder� confiar que este filho teu n�o fugir� � luta e que jamais deixar� o seu interesse pessoal, ou de seus filhos ou de sua fam�lia, ou mesmo de seus amigos ou de seu partido pol�tico, acima do interesse do povo brasileiro.

Jamais usarei o Brasil para ganho pessoal. Voc�s sabem que podem confiar que eu sempre vou fazer a coisa certa. Ningu�m ir� roubar o futuro do povo brasileiro. Estou, portanto, recome�ando hoje, � disposi��o de voc�s, por um Brasil justo para todos. Muito obrigado.”


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