
Os pa�ses membros se comprometeram a viabilizar U$S 100 bilh�es por ano at� 2025 para financiar medidas para evitar o aumento da temperatura, mas o documento final foi suavizado, sobretudo ap�s interfer�ncia da �ndia, ao remover o termo elimina��o do uso de carv�o e sua substitui��o por redu��o desse que � um dos principais emissores de CO2, o g�s que � um dos principais respons�veis pelo aquecimento global.
“Se nada for feito, a agricultura ser� um dos setores que v�o ser mais prejudicados em Minas Gerais. O aquecimento global muda a reten��o de �gua do cerrado, porque s� as esp�cies mais adaptadas sobrevivem. O cerrado � hoje o bioma mais devastado do Brasil. Aqui h� �rvores com ra�zes profundas que ajudam a trazer umidade ao solo. H� ra�zes que t�m tr�s vezes a altura das �rvores e perdendo isso obviamente se reduzir� a umidade do solo como um todo, prejudicando os cultivos, a economia e a nossa sobreviv�ncia", disse o ambientalista e presidente do Instituto Diadorim para desenvolvimento regional e socioambiental, Gustavo Gazzinelli.
A presidente do Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Poliana Valgas, diz n�o ter d�vidas que os impactos mais pr�ximos dos mineiros com o aquecimento global ser�o referentes � disponibilidade h�drica. “A gente precisa ter pol�ticas p�blicas de revitaliza��o dos territ�rios de produ��o de �gua. Os �ltimos estudos mostram que o Rio das Velhas, por exemplo, perdeu vaz�o e volume e � assim no Brasil todo. Essa situa��o afeta diretamente a disponibilidade da �gua ao longo das bacias hidrogr�ficas”, aponta.
Segundo ela, a cria��o de programas para revitalizar as capta��es de �guas e preserva��o dos mananciais � fundamental. “Os programas que temos hoje ainda s�o fragmentados. � preciso que se tenha uma conex�o, uma verdadeira pol�tica p�blica em Minas Gerais para a recupera��o e revitaliza��o dessas bacias. Em paralelo, precisamos tamb�m estimular a capta��o de �gua das chuvas e o reuso de �gua, preservando as florestas e os mananciais”, afirma Valgas.
Aquecimento
As concentra��es de gases de efeito estufa na atmosfera atingiram um novo recorde em 2020, alcan�ando a marca de 413,2 ppm (partes por milh�o) segundo o Boletim de Gases de Efeito Estufa da OMM (Organiza��o Meteorol�gica Mundial), divulgado no m�s passado. A tend�ncia de alta anual acima da m�dia tem sido detectada desde 2011. O n�vel atingido em 2020 � 149% superior ao per�odo pr�-industrial da hist�ria.
“O aquecimento global ultrapassa as fronteiras. Por isso todos precisam fazer a sua parte. N�o adianta n�s fazermos a nossa e os demais n�o. Precisamos rever o nosso modelo de desenvolvimento. No atual, em que dependemos do transporte rodovi�rio, privilegiamos demais um meio que � forte emissor de CO2", afirma Gustavo Gazzinelli.
Os pa�ses que integram o G-20 (ao qual o Brasil faz parte) respondem por 78% de todas as emiss�es de CO2 mundial. Para alcan�ar a meta do Acordo de Paris, de manter o aumento das temperaturas em at� 2%, seria necess�rio um corte de 7,6% nos n�veis de emiss�es globais de gases de efeito estufa (GEE). A China � a maior poluidora global, com 23,9% de todas as emiss�es do mundo, seguida dos EUA (13,6%), Uni�o Europeia e �ndia (6,8%), Indon�sia (3,5%), R�ssia (3,3%) e Brasil (2,9%).
Desmatamento
Outro fator preocupante na vis�o do diretor do Instituto Diadorim � o desmatamento. De acordo com o monitoramento por sat�lites internacionais da organiza��o n�o governamental World Forest Watch (WFW), a �rea metropolitana de BH perdeu 9.167ha de cobertura arb�rea entre 2015 e o ano passado, mais que duas vezes a extens�o do Parque Estadual da Serra do Rola-Mo�a, que tem 4.006ha.
O levantamento detectou que pelo menos 435ha s�o de mata prim�ria (ainda virgem), ou seja, extens�o que supera o Parque das Mangabeiras (337ha), na Zona Sul da capital. Em 2020, �ltimo per�odo de dados consolidados, foram afetados 1.004ha (11%), quase a extens�o de tr�s parques das Mangabeiras. Desse universo, pelo menos 55,37ha eram constitu�dos de mata nativa prim�ria.
“O desmatamento � um fator agravante do aquecimento global e a� pouco importa se � legal ou ilegal. O impacto � o mesmo. Menos �rvores. Seja pela expans�o das mineradoras seja pela abertura de mais condom�nios e ocupa��es urbanas. Boa parte disso � legal, mas no final se soma e precisaria controlar isso pois h� uma forte influ�ncia local, que se soma a um solo impermeabilizado que ajuda a levar embora a �gua das chuvas que as matas amorteceriam e fariam penetrar no solo para serem liberadas pelas nascentes”, descreve Gazzinelli.