
O diret�rio tucano em Minas Gerais “fechou quest�o” e resolveu apoiar Leite. H�, no entanto, quem demonstre descontentamento com a decis�o. A avalia��o � de que o PSDB mineiro pode ser o “fiel da balan�a” a favor do ga�cho em uma disputa que se mostrou acirrada desde o come�o e teve elementos t�picos de corridas eleitorais, como desentendimentos e troca de farpas.
A maior parte das bancadas federal e estadual deve acompanhar a decis�o da dire��o mineira. O deputado federal Domingos S�vio, por�m, tem a inten��o de votar em Doria. H� a possibilidade de que, proporcionalmente, Leite receba mais votos em MG que em seu estado natal. Meses atr�s, uma comitiva de parlamentares tucanos foi ao Rio Grande do Sul convidar o governador local para participar das pr�vias. No grupo estavam Paulo Abi-Ackel e Eduardo Barbosa, dois dos representantes de MG no Congresso Nacional.
Abi-Ackel �, justamente, o presidente do PSDB em MG. “Minas tem tend�ncia muito forte a apoiar Eduardo. N�o s� as bancadas de deputados, como prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. E (tamb�m) os filiados que espontaneamente se apresentar�o �s pr�vias. Quero imaginar que Eduardo ter� ampla, forte e consagradora maioria dos votos”, diz ele, ao Estado de Minas.
O governador do RS veio ao estado em outubro. A jornada foi acompanhada por um s�quito de parlamentares mineiros. Antes, Doria esteve no estado. “Cada filiado ao PSDB de Minas Gerais tem a liberdade de votar em quem, dos tr�s, achar melhor. N�o tem o menor sentido dizer que o partido, em Minas, vai fechar com uma pessoa s�. Isso n�o condiz com a boa pol�tica mineira”, explica Domingos S�vio, que esteve, ainda, com Leite e Virg�lio.
Para tucanos experientes, o resultado da disputa vai passar, tamb�m, por S�o Paulo. Aliados de Leite creem que ele tem o maior n�mero de apoios e, por isso, disp�e de alguma vantagem. Apesar disso, o grande volume de filiados na terra natal de Doria pode pesar em prol do governador paulista. “� ver, por um lado, o comparecimento, algo que conta a favor do Eduardo. E, por outro lado, que conta para o Doria, a taxa de rejei��o que ter� no estado dele”, analisa Abi-Ackel.
No pleito interno, os integrantes do PSDB s�o divididos em quatro grupos, conforme os cargos ocupados. Alguns eleitores poder�o fazer sua op��o por meio de um aplicativo. De Minas Gerais, sair�o 2.445 votos. Na lista de cadastrados, est� Pimenta da Veiga, ex-deputado federal, ex-prefeito de Belo Horizonte e postulante ao governo em 2014. “Os candidatos que disputam as pr�vias, pela legisla��o, falam para o partido, mas s�o ouvidos pela na��o. Eles j� podem ficar mais conhecidos e fazer a difus�o de suas ideias”, assinala Pimenta, que n�o esconde o voto e vai escolher Leite.
Brasil afora, os apoios se dividem. Al�m de Minas e de seu reduto eleitoral, Eduardo Leite conseguiu manifesta��es oficiais das dire��es tucanas em SC, PR, BA, AL, AP, CE, MS e RO. Doria, por outro lado, arregimentou as Executivas de SP, PA, RN, AC e DF. A favor de Arthur Virg�lio est� o AM.
As manifesta��es oficiais, por�m, n�o impedem decis�es individuais. Yeda Crusius, presidente da ala feminina da legenda e ex-governadora ga�cha, declarou ser simp�tica a Doria. Em S�o Paulo, o vice-presidente estadual, Evandro Losacco, aderiu ao grupo de Leite. O senador licenciado Jos� Serra (SP) est� com Doria. Atuantes na CPI da COVID-19, Tasso Jereissati (CE) e Izalci Lucas tomaram rumos distintos: um � partid�rio de Leite; o outro, de Doria.
‘Terceira via’ O PSDB tenta se posicionar como “terceira via”, em alternativa ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a Luiz In�cio Lula da Silva (PT). Mesmo definindo um pr�-candidato, os tucanos n�o precisam lan��-lo oficialmente em 2022. Para Paulo Abi-Ackel, pesa a favor de Leite o fato de ele n�o colocar a sua participa��o na corrida ao Planalto como algo “incondicional” — podendo, portanto, conversar com outras legendas sobre composi��es. “O fato de ter constru�do uma imensa rede de apoio dentro do PSDB me d� a impress�o de que ter� condi��es de fazer o mesmo com as demais for�as de centro Brasil afora”, opina.
“Acho que Eduardo Leite se sentar� � mesa com os demais atores que est�o disputando e buscar� o consenso. Se conseguirmos isso, afirmo com muita convic��o: este nome tem todas as condi��es de ganhar a elei��o”, corrobora Pimenta da Veiga. Ao justificar a disposi��o de votar em Doria, Domingos S�vio, que diz ter se abstido de fazer campanha, cita a experi�ncia do paulista. “O trabalho dele em SP � exemplar. O homem � uma m�quina para trabalhar, forma uma boa equipe de valores morais e �ticos muito r�gidos. N�o existe uma v�rgula contra Jo�o Doria.”
“A meu ver, Eduardo Leite � quem tem as condi��es necess�rias para fazer isso, al�m de significar uma renova��o para o PSDB e para a pol�tica nacional. J� a elei��o do governador de S�o Paulo nos levaria ao isolamento, que n�o faria bem nem ao partido nem ao Brasil”, pontua o deputado federal A�cio Neves.
"Eduardo Leite � o nosso nome. Sempre foi. O PSDB tem nele o momento de mostrar as virtudes e o que desejamos para o pa�s”, sustenta Gustavo Valadares, secret�rio-geral do ninho tucano em Minas e l�der do governo de Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa.
Paulo Brant, vice-governador, e Luisa Barreto, secret�ria de Estado de Planejamento e Gest�o, filiados ao partido, tamb�m v�o digitar o n�mero de Leite.
S�vio, por�m, cr� que a rejei��o a Doria no PSDB faz coro a argumentos de advers�rios de outros partidos. “Os defeitos que colocaram em Doria foram postos por petistas e bolsonaristas. Eu, como tucano, vou me basear na opini�o deles para decidir meu voto nas pr�vias? Claro que n�o”, responde.
Desconfian�a
A contenda interna foi marcada, at� mesmo, por desconfian�as em torno do aplicativo de vota��o. Memes e m�sicas de campanha surgiram. Em Minas Gerais, tucanos chegaram a acusar o tesoureiro da Executiva nacional, C�sar Gontijo, de tentar cooptar prefeitos para apoiar Doria. O caso ocorreu ainda em agosto; � �poca, Gontijo chamou as suspeitas de “levianas”.
Houve, tamb�m, situa��o pitoresca envolvendo o prefeito de uma pequena cidade do interior mineiro. Durante um evento de Doria, ele acabou n�o recebendo, do governador, o prest�gio considerado devido por pessoas ligadas ao PSDB. Dias depois, bateu ponto em um convescote de Leite e recebeu um afago pessoal do ga�cho.
“A gente queria uni�o, mas n�o teve jeito (de acordo) com o grupo o Doria e as pr�vias se fizeram necess�rias”, exp�e Andr� Merlo, prefeito de Governador Valadares. E, apesar dos problemas, quando passadas as pr�vias, os tucanos garantem mirar pacifica��o e converg�ncia.
“Tem que ter maturidade muito grande e entender que treino � treino, e jogo � jogo. Estamos, realmente, em uma ‘pr�’, como nos Estados Unidos”, compara Marcos Vin�cius Bizarro, prefeito de Coronel Fabriciano.