
A pouco menos de um ano das elei��es de outubro de 2022, o presidente amarga os piores �ndices de popularidade desde que tomou posse — entre 20% e 23%, dependendo do instituto que realiza a pesquisa, perdendo apoio entre grupos importantes, como evang�licos. Isso, ao mesmo tempo em que o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) segue como favorito na prefer�ncia do eleitorado, e o ex-juiz e ex-ministro da Justi�a Sergio Moro (Podemos) tem sido visto como uma amea�a � ida de Bolsonaro ao segundo turno do pleito.
Para quem acompanha o atual cen�rio pol�tico, por�m, ainda � muito cedo para dizer que o presidente chegar� enfraquecido no pleito, j� que contar� com os palanques do PL nos estados, o apoio de outros partidos do centr�o e, o mais importante, o controle da m�quina p�blica. Mas, permanentemente, Bolsonaro vem deixando pontas soltas que podem prejudic�-lo na campanha.
Dificuldades
A mais recente foi a confiss�o que fez, em um evento na Federa��o das Ind�strias do Estado de S�o Paulo (Fiesp), na �ltima quarta-feira, de que interferiu na administra��o do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) para favorecer o empres�rio Luciano Hang, que o ap�ia. Al�m disso, a inabilidade na articula��o pol�tica dentro do Congresso tem tudo para trazer problemas a longo prazo.
Tal como a sa�da de Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) da lideran�a do governo no Senado. Postulante � vaga no Tribunal de Contas da Uni�o (TCU), foi abandonado pelo Pal�cio do Planalto com parcos sete votos — e viu o senador Antonio Anastasia (PSD-MG) levar a vaga, com 52 votos, em eficiente articula��o feita pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), prov�vel advers�rio de Bolsonaro nas urnas.
Na corrida eleitoral, o presidente tem um flanco aberto que, certamente, ser� explorado pelos rivais: a animosidade com o Supremo Tribunal Federal (STF). Tamb�m na semana passada, Bolsonaro voltou a colidir com os ministros da Corte — dessa vez, por�m, n�o foi com seus alvos preferenciais, Alexandre de Moraes e Lu�s Roberto Barroso. Classificou Edson Fachin como "trotskista e leninista" — ali�s, correntes do antigo comunismo sovi�tico que entraram em confronto — por ter votado pela atualiza��o do novo marco temporal de demarca��o de terras ind�genas.
Se a nova cr�tica excitou a fiel base bolsonarista, a resposta institucional veio no mesmo diapas�o. A men��o a Fachin fez com que o ministro Luiz Fux, presidente do STF, mandasse um duro recado ao presidente, na �ltima sexta-feira, no fechamento do ano para o Poder Judici�rio. "Ao longo do �ltimo ano, esta Suprema Corte e o Poder Judici�rio como um todo enfrentaram amea�as ret�ricas, que foram combatidas com a uni�o e a coes�o de seus ministros, e amea�as reais, enfrentadas com posi��es firmes e decis�es corajosas desta Corte. Acima de tudo, o ano de 2021 demonstrou que o Supremo Tribunal Federal n�o consiste em 'onze ilhas', como alguns insistem em dizer", destacou.
O analista pol�tico do portal Intelig�ncia Pol�tica, Melillo Dinis, n�o acredita em uma vit�ria em primeiro turno de nenhum dos candidatos nas elei��es presidenciais de 2022. "Mais que 'eleitores', teremos 'rejeitores', que pensar�o mais em derrotar um candidato do que eleger o seu preferido. Vai depender tamb�m dos demais concorrentes, especialmente da trinca que forma hoje o n�cleo das terceiras vias: (Sergio) Moro, Ciro (Gomes) e (Jo�o) Doria", observa.
Legados
Danilo Morais dos Santos, professor da p�s-gradua��o do Ibmec-DF, ressalta que uma candidatura presidencial custa caro e que Bolsonaro ter� que achar outras fontes de custeio para sua candidatura, j� que uma parcela significativa dos recursos partid�rios do PL ser�o destacados para as campanhas ao Legislativo. Al�m disso, para ele, a disputa de 2022 ser� entre legados, j� que os dois candidatos favoritos j� ocuparam ou ocupam a presid�ncia.
"Lula e Bolsonaro se viram �s voltas com esc�ndalos de corrup��o e esse tema tende a n�o ter a for�a que teve em 2018. De um lado, o governo Lula, com redu��o da pobreza e o aumento do bem-estar a reboque do crescimento econ�mico. De outro, o descalabro econ�mico, fiscal, sanit�rio e humano do atual governo. A elei��o se resolve pelo eleitor mediano, que � pragm�tico: na disputa entre esses legados, a inclina��o � francamente favor�vel a Lula", salienta.