
Em 30 de novembro, a Segunda Turma da Corte manteve o foro privilegiado. Por tr�s votos a um, os ministros tamb�m anularam as provas colhidas na investiga��o. Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski consideraram ilegais quatro dos cinco relat�rios do Coaf, o que, na pr�tica enfraquece a acusa��o. Edson Fachin foi o voto divergente nos dois casos.
Fl�vio ainda provoca constrangimento ao pai por causa da compra de uma mans�o, avaliada em R$ 6 milh�es, num dos bairros mais caros de Bras�lia.
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) tamb�m � investigado pelo Minist�rio P�blico, desde julho de 2019, por pr�tica semelhante e pela contrata��o de funcion�rios fantasmas em seu gabinete na C�mara Municipal. A apura��o corre em segredo de Justi�a.
J� o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) est� na mira de inqu�rito que apura organiza��o criminosa digital no �mbito das fake news, em andamento no STF. Em novembro, a Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) arquivou uma apura��o preliminar aberta sobre o uso de R$ 150 mil em esp�cie na compra de im�veis pelo deputado.
Em fevereiro de 2011, �poca em que ainda n�o tinha mandato, ele adquiriu um apartamento em Copacabana por R$ 160 mil — pagou R$ 110 mil com um cheque administrativo e o restante em esp�cie. Em dezembro de 2016, j� como parlamentar, comprou um apartamento em Botafogo por R$ 1 milh�o: deu um sinal de R$ 81 mil e pagou R$ 100 mil em esp�cie. O restante seria quitado por meio de financiamento imobili�rio.
Em fevereiro de 2011, �poca em que ainda n�o tinha mandato, ele adquiriu um apartamento em Copacabana por R$ 160 mil — pagou R$ 110 mil com um cheque administrativo e o restante em esp�cie. Em dezembro de 2016, j� como parlamentar, comprou um apartamento em Botafogo por R$ 1 milh�o: deu um sinal de R$ 81 mil e pagou R$ 100 mil em esp�cie. O restante seria quitado por meio de financiamento imobili�rio.
Por sua vez, Jair Renan Bolsonaro � alvo de um inqu�rito da Pol�cia Federal que apura tr�fico de influ�ncia e lavagem de dinheiro. A investiga��o � sobre o suposto pagamento de propina por empres�rios com interesses na administra��o p�blica. O inqu�rito aponta que o filho 04 do presidente � associado com outras pessoas "no recebimento de vantagens de empres�rios com interesses, v�nculos e contratos com a Administra��o P�blica Federal e Distrital sem aparente contrapresta��o justific�vel dos atos de graciosidade". "O n�cleo empresarial apresenta cerne em conglomerado miner�rio/agropecu�rio, empresa de publicidade e outros empres�rios", destaca o documento.
As suspeitas envolvem o uso da empresa de eventos de Jair Renan, a Bolsonaro Jr Eventos e M�dia, para promover articula��es entre a Gramazini Granitos e a M�rmores Thomazini, grupo que atua nos setores de minera��o e constru��o, e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rog�rio Marinho.
Segundo a PF, o grupo empresarial tem interesses junto ao governo e presenteou, em setembro de 2020, Jair Renan e o empres�rio Allan Lucena, um dos parceiros comerciais do filho do presidente, com um carro el�trico avaliado em R$ 90 mil. Um m�s depois, representantes das empresas se reuniram com Rog�rio Marinho.
O depoimento de Jair Renan estava marcado para 17 de dezembro, mas ele n�o compareceu. Uma nova data deve ser agendada. Todos os filhos de Bolsonaro negam as acusa��es.
Em uma demonstra��o do que pode vir a ocorrer na campanha, o presidente se irritou e abandonou uma entrevista ao programa P�nico, da TV Jovem Pan News, quando foi questionado pelo humorista Andr� Marinho se "rachador teria de ir para cadeia".
Especialistas veem impacto na campanha � reelei��o
Para Andr� C�sar, cientista pol�tico da Hold Assessoria, a situa��o dos filhos do presidente Jair Bolsonaro � uma controv�rsia permanente para o governo e ter� impacto nas elei��es deste ano. "Isso vai ser muito frisado ao longo da campanha. Bolsonaro, em 2018, se apresentou como uma novidade, agora, n�o � mais. Ele vai ser cobrado, e uma das mais fortes cobran�as ser� nessas rela��es, no m�nimo, pol�micas entre o Planalto e os filhos do presidente", destaca.
Na opini�o do cientista pol�tico Cristiano Noronha, da Arko Advice, h� uma estrat�gia de defesa pol�tica, mas sob o argumento de que, se eventualmente h� acusa��o, quem tem de responder s�o os filhos, n�o necessariamente o presidente.

"Diretamente, se for um assunto ligado a ele, a� n�o tem como fugir. Bolsonaro tenta se afastar, obviamente, desses problemas pontuais que alguns filhos enfrentam e n�o quer nenhum tipo de envolvimento direto com essa quest�o, ao menos publicamente. Ele acha que, como presidente, n�o tem que responder sobre a��es que n�o o envolvam diretamente", avalia. "Acredito que est� querendo evitar entrar nessa seara porque os filhos t�m, inclusive, mandatos (� exce��o de Jair Renan), ent�o, cada um responde pelos seus atos."
Vera Chemim, mestre em direito p�blico pela Funda��o Getulio Vargas (FGV), frisa que o calcanhar de aquiles de Bolsonaro s�o os filhos, raz�o pela qual ele tem agido no sentido de proteg�-los.
"Tem sido esse o contexto que vem norteando parte das condutas do presidente, junto ao Legislativo e, de modo especial, no Judici�rio: ora cooptando os principais partidos pol�ticos por meio da concess�o de emendas parlamentares, ora ajuizando demandas junto ao STF para tentar, a qualquer custo, defender os seus filhos", afirma. "Exemplos disso s�o a demanda para a manuten��o de foro privilegiado, a san��o de v�rios dispositivos legais que infirmaram (enfraqueceram) e continuam infirmando a quase extinta Opera��o Lava-Jato."
"Tem sido esse o contexto que vem norteando parte das condutas do presidente, junto ao Legislativo e, de modo especial, no Judici�rio: ora cooptando os principais partidos pol�ticos por meio da concess�o de emendas parlamentares, ora ajuizando demandas junto ao STF para tentar, a qualquer custo, defender os seus filhos", afirma. "Exemplos disso s�o a demanda para a manuten��o de foro privilegiado, a san��o de v�rios dispositivos legais que infirmaram (enfraqueceram) e continuam infirmando a quase extinta Opera��o Lava-Jato."
A especialista lembra que "Bolsonaro tem ojeriza a participar de debates, cujo potencial � suficientemente significativo para prejudic�-lo do ponto de vista eleitoral". "Acrescentem-se temas como a apatia no combate ao coronav�rus e a compra tardia de vacinas. Tudo isso remete � queda de sua popularidade e credibilidade pol�tica", acrescenta.
Outros problemas
Na avalia��o de Raquel Borsoi, analista de risco pol�tico da Dharma Politics, as elei��es de 2022 ser�o marcadas pela polariza��o, incerteza e tumulto. Ela diz, no entanto, ser pouco prov�vel que as acusa��es contra os filhos do presidente atinjam a popularidade dele. "O maior impacto na popularidade de Bolsonaro tende a vir de problemas como infla��o, desemprego e fome", ressalta. "Bolsonaro possui uma estrat�gia bem consolidada de comunica��o junto � sua base mais fiel, via canais n�o oficiais de comunica��o, que mitigar�o os efeitos dessas acusa��es, al�m de contar com aliados na PGR e no STF."
Cientista pol�tico da Pontif�cia Universidade Cat�lica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Ricardo Ismael defende que o debate central para a popula��o ser�o t�picos econ�micos e sociais. "Houve o agravamento de pobreza e da fome, quest�es relativas � educa��o, � moradia e � sa�de. Evidente que a vacina��o deu outra din�mica, mas a quest�o da sa�de p�blica vai merecer ainda mais a aten��o dos candidatos", sustenta. "E, nesse quesito, a avalia��o do governo n�o � boa. O desafio vai ser a redu��o do preju�zo acumulado at� agora, principalmente nos grupos de menor renda."
O soci�logo e analista pol�tico Pedro Celio salienta que Bolsonaro est� sendo avaliado ainda pelas promessas de campanha, especialmente em rela��o ao compromisso de combater a corrup��o. No entanto, a condu��o da pandemia ser� um fator preponderante. "Den�ncias graves apareceram, com malversa��o de recurso no Minist�rio da Sa�de. Essas quest�es v�o aparecer, e a popula��o vai querer ouvir dele uma manifesta��o mais convincente do que tem dado, que � quase que nenhuma", comenta.