
Com otimismo e confian�a na candidatura do senador Rodrigo Pacheco ao cargo de presidente da Rep�blica em 2022, Gilberto Kassab, presidente do Partido Social Democr�tico (PSD), falou com exclusividade ao Estado de Minas sobre o que se desenha para o plano de governo. Kassab, que � ex-prefeito de S�o Paulo, ex-deputado federal e ex-ministro, adiantou que educa��o e sa�de ter�o prioridade na pauta do PSD.
No �ltimo levantamento da Ipespe, divulgado na sexta-feira (14/1), o pr�-candidato do PSD aparece com apenas 1% das inten��es de voto. O cen�rio n�o preocupa Kassab: "Na minha campanha eleitoral para prefeito de S�o Paulo, no m�s de junho eu tinha 3%, e ganhei as elei��es do Geraldo Alckmin e da Marta Suplicy. Hoje, com os meios de comunica��o �geis, com as redes sociais, n�s conseguimos mandar uma proposta a todo o Brasil em um espa�o muito curto de tempo", argumenta.
Quanto � poss�vel candidatura de Alckmin como vice do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), Kassab afirma que seria "leviandade comentar sem saber as circunst�ncias", e, por isso, prefere aguardar as cenas dos pr�ximos cap�tulos. Apesar disso, garantiu que n�o h� vaga no PSD para que Alckmin entre como candidato a vice com Lula. Confira a entrevista:
Quais s�o os planos do PSD para 2022? O partido ter� candidatos em todos os estados?
No in�cio do ano passado, n�s iniciamos um projeto de levar � Presid�ncia do Senado uma pessoa muito qualificada, que � o senador Rodrigo Pacheco. Ele ganhou a elei��o do Senado, depois com o tempo acabou aceitando o convite do PSD. Depois da sua filia��o, n�s fizemos um grande encontro nacional do partido, onde abra�ou a candidatura. Acredito que, at� mar�o, n�s teremos um momento adequado para a manifesta��o dele. Tenho muita confian�a de que ele acabe aceitando o convite. Quanto �s candidaturas de governador, � evidente que n�o d� para aguardar at� mar�o. N�s nos antecipamos, como qualquer partido. N�s temos um bom encaminhamento para as candidaturas a governador em, aproximadamente, 12 estados. N�s teremos bons candidatos em Santa Catarina, no Paran�, S�o Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Esp�rito Santo, Sergipe, Maranh�o, Macei�, Mato Grosso do Sul… A partir de abril, com as pr�-candidaturas, inicia-se a pr�-campanha, a forma��o das chapas para deputado federal, deputado estadual, e, com isso, vamos nos consolidar como um dos grandes partidos do Brasil.
O senhor desistiu de Geraldo Alckmin como candidato em S�o Paulo? Ele vai mesmo ser vice do Lula?
O Geraldo Alckmin iniciou dizendo que seria candidato a governador, e n�s acolhemos a sua candidatura, qualquer que fosse o partido. Em um determinado momento, ele nos procurou, desistindo de ser candidato a governador, o que eu entendo. N�o existe nenhuma m�goa, nenhuma restri��o � conduta. A partir desse momento, n�s voltamos a procurar discutir os melhores nomes para nos representar, e estamos nessa fase. � dif�cil fazer uma an�lise quando a gente n�o conhece as circunst�ncias. Vamos aguardar, porque falar que tem ou n�o tem sentido sem entender o que est� sendo discutido � at� leviandade.
O senhor v� perspectiva dessa uni�o dar certo, uma vez que j� tem um grupo do PT com manifesto correndo contra a coloca��o de Geraldo Alckmin como vice numa chapa com Lula?
Eu sou contra a coliga��o nas elei��es. Trabalhei para que a gente acabasse com as coliga��es nas elei��es proporcionais. E se a gente tivesse acabado com as coliga��es nas elei��es majorit�rias, a gente n�o estaria vivendo esse processo. N�s estar�amos discutindo propostas de governo, compromisso com a na��o. Hoje, voc� s� tem jogo de palavras, as pessoas prometendo isso ou aquilo, e ningu�m examinando com profundidade a quest�o das contas p�blicas, como vamos zelar pelas contas p�blicas, a quest�o da sa�de, como vamos investir, mas, por outro lado, acompanhar com fiscaliza��o mais rigorosa. Essa pandemia mostrou que o SUS � fundamental, a sa�de p�blica � fundamental. N�s temos que falar de informatizar a rede. Como pode num pa�s dessa dimens�o a rede p�blica n�o estar informatizada? Tem algo por tr�s... Seria t�o f�cil, � uma quest�o s� de investimento. Na educa��o, n�s tivemos, com essa pandemia, uma clara evid�ncia de quanto n�s estamos mal no ensino p�blico. N�s vimos as crian�as que est�o no ensino p�blico ficarem paralisadas dois anos, ao passo que as crian�as do ensino particular n�o tiveram em nenhum momento a interrup��o dos seus estudos. Aumentou o distanciamento social. � isso que a gente precisava ficar discutindo, n�o discutindo se v�o apoiar fulano ou ciclano. N�o � isso que o brasileiro quer saber, ele quer saber quando n�s vamos melhorar o Brasil.
J� est� consolidado, a gente pode dizer que Rodrigo Pacheco vai ser candidato? Ou isso ainda pode mudar?
N�o podemos considerar consolidado porque ele ainda n�o deu o seu ok. E eu dou raz�o a ele, � presidente do Senado, tem muitas responsabilidades, n�o percebi nenhuma tens�o no partido em rela��o � sua candidatura, ent�o, ele tem que avaliar com muita calma. Eu sou daqueles que torce e trabalha para que ele aceite, e, com muita calma, eu imagino que ao longo do m�s de mar�o ele vai se definir. Eu tenho uma confian�a muito grande que a defini��o ser� pelo aceitamento.
E d� tempo dele subir nas pesquisas e quebrar essa polariza��o? Ou algum outro candidato o senhor acredita que possa quebrar essa polariza��o?
Na minha campanha para elei��o para prefeito de S�o Paulo, em junho, eu tinha 3%, e eu ganhei as elei��es do Geraldo Alckmin e da Marta Suplicy. Hoje, com os meios de comunica��o �geis, com as redes sociais, n�s conseguimos mandar uma mensagem, uma proposta a todo o Brasil em um espa�o muito curto de tempo. Eu n�o vejo nenhum problema e nenhuma necessidade de antecipar o calend�rio.
Pacheco est� vindo a� meio espremido entre o Centr�o, que faz parte do grupo que ajudou a eleger (e que j� est�) com Bolsonaro, e a oposi��o est� com Lula. Como vai ser essa atra��o de partidos? O senhor vislumbra alian�as para Rodrigo Pacheco?
Nesse momento, o partido est� muito bem estruturado, n�s, a partir do momento que o Rodrigo der o ok ao convite do partido, ele ter� uma rede aqui dentro muito importante, e vai ter a disposi��o dele os meios de comunica��o e as redes sociais para levar a sua mensagem, o que levar� ele, em pouco tempo a ser muito conhecido, e mais do que ele ser conhecido, as suas propostas serem conhecidas. Ele � muito bem preparado, talentoso, tem tudo para conquistar a confian�a do eleitor, como ele conquistou quando foi candidato a deputado federal, como conquistou quando foi candidato a senador, e n�o ser� diferente como candidato a presidente.
E como o senhor v� a candidatura de Jo�o Doria, o senhor que j� trabalhou no governo dele, que j� esteve mais ao lado do PSDB?. Como o senhor v� o PSDB hoje e essa pr�-candidatura? H� possibilidade de uni�o entre ele e Pacheco num primeiro turno?
N�o. O Pacheco vai at� o fim, eu espero, e eu acredito que realmente o Jo�o Doria est� em campanha desde que assumiu a Prefeitura de S�o Paulo. E depois se elegeu como governador, e n�o est� decolando com uma campanha intensa de praticamente seis anos. Ele est� com dificuldades. � uma situa��o distinta, porque o Rodrigo nem come�ou a pr�-campanha, nem disse ainda se vai aceitar ser candidato.
Em rela��o ao ex-juiz Sergio Moro, como o senhor v� a candidatura dele?
Assim como o Jo�o Doria, ele j� est� em campanha. Est� com um n�mero um pouco mais elevado, acho que a sua pr�-candidatura colocada nesse momento atrapalhou um pouco os planos do Doria, porque ele ocupou um espa�o que poderia ser do Doria, mas temos que aguardar as pr�ximas semanas para ver se crescer� ou seguir� estagnado.
Em rela��o a essa uni�o no primeiro turno, o senhor v� perspectiva? A uni�o entre esses candidatos chamados de terceira via?
Acho dif�cil, e � compreens�vel. J� s�o poucos candidatos.
Como o senhor v� a candidatura do presidente Bolsonaro? O senhor j� chegou a dizer que n�o acreditava na ida de Bolsonaro ao segundo turno. O senhor continua pensando assim ou essa sua avalia��o j� mudou?
Continuo dizendo que se um dos dois n�o estiver no segundo turno, provavelmente, ser� o Bolsonaro. Diante das pesquisas, � a avalia��o pol�tica que fa�o e da conduta do presidente.
E o senhor criticou o "chute no balde" que ele deu nos tetos de gastos para que pudesse fazer medidas eleitoreiras. Como o senhor est� vendo o Aux�lio Brasil? � uma medida eleitoreira? O brasileiro percebe isso?
N�o, o Aux�lio Brasil n�o � uma medida eleitoreira. O governo tem obriga��o de colocar � disposi��o dos menos favorecidos esse recurso, que � do governo. O que eu vejo com muita preocupa��o, � o descontrole das contas p�blicas. N�o h� controle nenhum das contas p�blicas, o teto de gastos foi para o espa�o. Veja se tem sentido, no decorrer do or�amento, o governo mudar de m�os, tirar da economia, para colocar na Casa Civil. S�o crit�rios diferentes, pessoas diferentes, cad� a l�gica? Como � que pode voc�, como brasileiro, aceitar que o Congresso invista, gaste, mais de R$ 16 bilh�es, no tal do Or�amento Secreto, que n�o tem nenhuma vincula��o com o planejamento, o desenvolvimento do pa�s. Alguma coisa est� errada.
Por falar em Or�amento Secreto, o senhor acha que isso veio para ficar ou vai ser poss�vel tirar, acabar com essas emendas do relator, que receberam esse apelido?
Na pr�xima legislatura eu vou estar entre aqueles que vai se manifestar pelo fim dessas emendas, porque realmente, elas atrapalham o pa�s. Voc� n�o pode ter R$ 16 bilh�es sem vincula��o com o planejamento estrat�gico. Na pr�xima legislatura, vamos trabalhar para acabar com a coliga��o majorit�ria, s�o duas medidas fundamentais.
Ou seja, cada partido vai ter que ter o seu candidato a presidente ent�o?
No segundo turno, apoia. Caso n�o tenha segundo turno, por causa das elei��es municipais, voc�, com os vereadores eleitos, voc� negocia governabilidade, o que acontece em qualquer lugar do mundo.
O senhor acredita que o futuro presidente vai ter que fazer um pacto com o congresso pela governabilidade, em rela��o ao Or�amento?
Pela l�gica, o Congresso, pela sua disposi��o e por ter um volume de recursos maior do que o pr�prio Executivo, isso n�o tem l�gica nenhuma. Cada um dos deputados e senadores fazer o que quiser, basta ir l� bater na porta do presidente da C�mara e falar "olha, quero esse dinheiro para aquele munic�pio". Eu vou trabalhar para n�s retomarmos o Or�amento para o Executivo. Se n�o for bem-sucedido, eu vou estar em paz com minha consci�ncia.
Como � que o senhor v� o Centr�o atuando? At� hoje, quem est� ali mais organizado para concorrer � reelei��o � o presidente Jair Bolsonaro, que j� tem o PL, o PP, o PTB, PSC, o Republicanos… O senhor n�o acha que ele chega bem para se fortalecer para um segundo turno?
O cora��o da candidatura de Bolsonaro � o PP, o PL e o Republicanos. � um cora��o forte, o Centr�o. Eles v�m carregados de recursos com as emendas que s�o distribu�das aos munic�pios. Eu n�o acredito que o presidente Bolsonaro seja carta fora do baralho para o segundo turno.
O PT est� trabalhando para ganhar a elei��o em um primeiro turno. O senhor acredita nessa possibilidade?
N�o acredito, acho muito dif�cil. Com a animosidade compreens�vel da pr�-campanha que se inicia em abril, ter� um desgaste.
