
O deputado federal mineiro Andr� Janones teve sua pr�-candidatura � Presid�ncia da Rep�blica lan�ada pelo Avante, s�bado, no Recife. E j� tem claras as suas convic��es. A primeira: n�o “arreda p�” de disputar o Pal�cio do Planalto, caminho tido por ele como “irrevers�vel”.
A segunda: reduzir as desigualdades sociais � a chave para amenizar os problemas do Brasil. A terceira: � poss�vel reduzir a dist�ncia entre ricos e pobres sem abandonar o que chama de “discurso anticorrup��o”. A quarta: � a �nica “terceira via vi�vel”. “Est� voltando a m�xima do ‘Ali estava errado, a gente sabe, mas pelo menos eu tinha comida � mesa’”, diz ele, em entrevista ao Estado de Minas.
“O desafio � diminuir a desigualdade e mostrar ao povo que n�o tem que escolher entre combater a corrup��o ou matar a fome, mas que d� para fazer os dois. D� para ser �tico, combativo, n�o ceder ao sistema e, ao mesmo tempo, levar comida aos que precisam”, completa.
A segunda: reduzir as desigualdades sociais � a chave para amenizar os problemas do Brasil. A terceira: � poss�vel reduzir a dist�ncia entre ricos e pobres sem abandonar o que chama de “discurso anticorrup��o”. A quarta: � a �nica “terceira via vi�vel”. “Est� voltando a m�xima do ‘Ali estava errado, a gente sabe, mas pelo menos eu tinha comida � mesa’”, diz ele, em entrevista ao Estado de Minas.
“O desafio � diminuir a desigualdade e mostrar ao povo que n�o tem que escolher entre combater a corrup��o ou matar a fome, mas que d� para fazer os dois. D� para ser �tico, combativo, n�o ceder ao sistema e, ao mesmo tempo, levar comida aos que precisam”, completa.
Para se opor ao ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro (PL), Janones pretende chegar ao in�cio da campanha eleitoral com pelo menos 6% das inten��es de voto. O est�mulo para conseguir a meta � uma pesquisa feita pelo Ipec em dezembro.
O levantamento colocou o parlamentar com 2%, ao lado do governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB). Apesar de reconhecer as diferen�as entre eles, o presidenci�vel do Avante tem constru�do pontes como ex-juiz Sergio Moro (Podemos) — houve at� um encontro na semana passada.
O levantamento colocou o parlamentar com 2%, ao lado do governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB). Apesar de reconhecer as diferen�as entre eles, o presidenci�vel do Avante tem constru�do pontes como ex-juiz Sergio Moro (Podemos) — houve at� um encontro na semana passada.
O deputado tece cr�ticas a Bolsonaro e espera que a pauta de costumes n�o d� o tom da elei��o. “Quem precisa de sa�de p�blica � o homossexual, o travesti, o h�tero, o ‘cidad�o de bem’ da fam�lia tradicional, o evang�lico, o esp�rita, o cat�lico e o umbandista.”
Ao falar de Lula, diz que o “saudosismo” sobre os dois mandatos do petista foi impulsionado pelos erros de Bolsonaro. “N�o existe receita de bolo. Por isso, vejo com preocupa��o essa possibilidade de volta ao passado”.
Ao falar de Lula, diz que o “saudosismo” sobre os dois mandatos do petista foi impulsionado pelos erros de Bolsonaro. “N�o existe receita de bolo. Por isso, vejo com preocupa��o essa possibilidade de volta ao passado”.
Em que p� est�o as conversas sobre sua candidatura � Presid�ncia?
Da �ltima vez que conversei com o Estado de Minas [em dezembro], antes da pesquisa do Ipec, a gente j� considerava a possibilidade da [pr�] candidatura, mas ainda n�o era absolutamente consolidado. Depois da pesquisa e da cita��o espont�nea por cerca de 2% do eleitorado, costumo dizer que a pr�-candidatura deixou de ser uma op��o, um direito, e passou a ser uma responsabilidade da minha parte. N�o tenho muito mais como negar esse clamor que existe, claro que inicial, para que eu pudesse lan�ar a candidatura. Minha base principal para garantir uma arrancada forte seriam minhas redes sociais. Tenho 13 milh�es de brasileiros que me acompanham ativamente por l�; nem sequer movimentei essa base. N�o fiz mobiliza��o nas redes e n�o houve lan�amento oficial, mas a gente j� tem dois pontos, algo in�dito. Os candidatos que pontuam como eu, ou com inten��es de voto mais expressivas, j� est�o na estrada h� anos, como o governador de S�o Paulo [Jo�o Doria, PSDB], trabalhando, tentando crescer e se expondo diariamente na m�dia, mas n�o conseguiram um percentual muito significativo. Ao contr�rio de n�s, que atingimos 2% de forma natural, org�nica e espont�nea. A perspectiva de crescimento � muito boa. Conjecturo que a gente deve chegar a seis ou oito pontos j� nos pr�ximos meses. N�o tenho d�vidas de que iniciaremos a campanha eleitoral ocupando o terceiro lugar. A�, vamos ter 45 dias para buscar o segundo lugar para chegar ao segundo turno. A gente j� tinha feito um lan�amento interno [da pr�-candidatura]. Discut�amos com o partido a possibilidade. Agora, a gente entra de fato na corrida eleitoral, uma vez que oficializamos com a chancela de todos os presidentes estaduais e da dire��o nacional. Diria que agora � um caminho irrevers�vel. At� aqui, era um caminho revers�vel, algo que a gente estava colocando para ver se ia se consolidar ou n�o. J� � um cen�rio absolutamente consolidado: vou estar na elei��o de 2 de outubro.
Ent�o, n�o h� chance alguma de o Avante abrir m�o de sua candidatura?
N�o � o nosso prop�sito. Nossa constru��o n�o � para pura e mera exposi��o. Tamb�m n�o � para compor uma chapa como vice. A gente tem um projeto para o Brasil. A pr�-candidatura vai ser mantida e se consolidar em candidatura no prazo estipulado pela Justi�a Eleitoral. A gente vai at� o fim, sim. N�o existe nenhuma abertura para composi��o a n�o ser com o Avante na cabe�a de chapa. � irrevers�vel.
J� h� conversas com lideran�as de outros partidos sobre sua candidatura?
Sim. Mas fomos pegos de surpresa. A constru��o se iniciou agora. Estamos dando os primeiros passos. N�o vou tentar vender a imagem de que estamos adiantados em conversa��es. Temos algumas conversas, mas nada que tenha avan�ado. Essa n�o � nossa principal preocupa��o agora. Vamos apresentar ao pa�s um projeto que est� sendo constru�do ouvindo as pessoas. Continuo com uma caravana viajando o Brasil, em que a popula��o, pela primeira vez, participa diretamente da constru��o de um programa de governo, dando ideias. As pessoas deixam de ser coadjuvantes e passam a ser protagonistas. A preocupa��o � o fortalecimento da candidatura e tentar dar aos brasileiros, de fato, uma terceira op��o, diferente, e enriquecer o debate. Claro que, em determinados momentos, vamos nos aprofundar mais em conversa��es, mas isso vai acontecer naturalmente, conforme a campanha for crescendo. Tenho conversado com outros partidos: o Avante dialoga com o antigo PTC, agora Agir, e com o Patriota. Estou mantendo di�logo muito pr�ximo, tamb�m, com o Pode- mos. Me encontrei nesta semana [a �ltima] com Sergio Moro. Temos conversado e aberto di�logos com v�rias lideran�as, mas sempre com a postura de que nossa candidatura vai at� o final. Mas estamos abertos a composi��es de pr�-candidatos e partidos em nossa constru��o, que n�o est� sendo realizada dentro de gabinetes, com meia d�zia de pessoas, mas com participa��o popular. � uma constru��o de uma parcela significativa da popula��o. Por isso, a gente n�o arreda o p� de manter a candidatura at� o final.
O senhor falou em uma conversa com Moro. Se houver composi��o com ele, o Avante continua n�o abrindo m�o da ‘cabe�a’ da chapa?
Ser� a elei��o da diversidade, do di�logo e, talvez, a mais democr�tica que teremos, com grande peso das redes sociais. Se defendemos o di�logo e a pluralidade de opini�es, n�o podemos, em nenhum momento, fechar as portas a algu�m. Estou dialogando com Moro, bem como vou estabelecer o di�logo com outros pr�-candidatos. Mas n�o vou perder o meu tempo, nem fazer com que algu�m perca tempo, deixando no ar a possibilidade de que l� na frente podemos compor, de que posso desistir da minha candidatura ou ser vice. Sempre estabelecemos, no in�cio do di�logo, a condi��o de que nossa candidatura vai at� o final, sim. Todo mundo tem algo convergente. Pol�tica � buscar as converg�ncias, e n�o as diverg�ncias. � o que tenho feito nas aproxima��es com outros pr�-candidatos e partidos.
E o que o senhor conversou com Moro?
Falei [com Moro] sobre minhas propostas e deixei claro que temos um projeto de pa�s que, talvez, tenha o mesmo objetivo final, mas trilha caminhos muito dife- rentes. Tenho feito um trabalho mais ligado aos menos favorecidos, e buscado a participa��o popular na constru��o do meu projeto, o que n�o � feito na constru��o da candidatura do ex-ministro – o que de maneira alguma o desqualifica ou significa um ponto insuper�vel na trajet�ria pol�tica. S�o caminhos diferentes. Ele dialoga com um p�blico um pouco diferente do p�blico com quem dialogo. Mas temos um objetivo em comum, de reconstruir o pa�s e apresentar uma op��o diferente � polariza��o. N�o creio que a candidatura do ex-ministro v� at� o fim. Ent�o, estamos abertos � constru��o e a buscar essa pluralidade de apoios. Democracia � isso.
Qual a base do projeto que o senhor pretende apresentar ao pa�s?
Diminuir a desigualdade social � nosso objetivo. At� h� algum tempo – e atribuo essa mudan�a �s redes sociais – as pessoas se conformavam em ser coadjuvantes. As redes crescem justamente com o sentimento de que n�o s� leio a not�cia, mas comento e ‘cancelo’ as pessoas. A internet devolve ao brasileiro o protagonismo eleitoral. Sempre fiz enquetes com meus eleitores antes de votar temas pol�micos e levei em conta a opini�o deles. N�o acredito na forma de democracia em que voc� d� uma ‘procura��o’ ao parlamentar e ao chefe do Executivo, que vai desprezar sua opini�o por quatro anos e, depois, volta para pedir mais quatro. Acredito em uma democracia participativa e constante, na qual o eleitor participa dia a dia dessa representa��o. A gente faz isso [participa��o popular], al�m da quest�o pol�tica, promovendo a diminui��o da desigualdade social. O ideal � o fim da desigualdade, mas � dif�cil crer que em quatro anos isso vai acontecer. [A meta �] diminuir a dist�ncia entre o mais rico e o mais pobre, introduzir essas pessoas nos mercados de consumo e trabalho e levar dignidade a elas, para que possam participar mais ativamente das decis�es que influenciam na vida. O discurso anticorrup��o perdeu muita for�a por um motivo muito simples: fica dif�cil, para quem est� passando fome, se preocupar com quest�es relacionadas � �tica e � moral. � triste fazer essa constata��o, mas � o que acontece no Brasil: est� voltando a m�xima do ‘ali estava errado, a gente sabe, mas pelo menos eu tinha comida � mesa’. � isso que n�o podemos deixar acontecer. O desafio � diminuir a desigualdade e mostrar ao povo que tem que escolher entre combater a corrup��o ou matar a fome, mas que d� para fazer os dois. D� para ser �tico, combativo e n�o ceder ao sistema e, ao mesmo tempo, levar comida aos que precisam.
A situa��o econ�mica ser� a principal vari�vel da elei��o? Bolsonaro poder� se amparar na pauta de costumes?
Desejo que a gente possa voltar a enfrentar os problemas reais, e n�o problemas fict�cios criados por quem n�o tem o que apresentar e est� muito aqu�m do cargo – como o atual presidente – e tenta, de alguma maneira, fomentar o seu projeto de poder. As pessoas est�o acordando e percebendo que esse discurso focado em quest�es ideol�gicas, de costumes n�o melhorou a vida de ningu�m – pelo contr�rio – e voltam a focar em problemas reais. Quero que a pauta de costumes perca, cada vez mais, a relev�ncia. Preocupo-me com problemas que atingem todo mundo. Quem precisa de sa�de p�blica � o homossexual, o travesti, o h�tero, o ‘cidad�o de bem’ da fam�lia tradicional, o evang�lico, o esp�rita, o cat�lico e o umbandista. Precisamos nos preocupar com problemas reais.
Quando o senhor falou de pessoas que relativizam a corrup��o por n�o passar fome � �poca, estava se referindo a Lula?
Queria eu estar me referindo s� a ele, mas vai al�m. � um discurso que vai al�m do ex-presidente Lula — e tem tomado conta da pol�tica. A ‘nova pol�tica’ n�o conseguiu entregar o que prometeu ao povo. ‘Votei em um cara que combate a corrup��o, briga e n�o se corrompe, mas a minha vida piorou. Ent�o, tem algo errado. A conta n�o fecha’: esse � o sentimento reinante entre os cidad�os. Quando se fala em realiza��es do governo Lula, n�o h� como discutir com n�meros e dizer que n�o aconteceu. Poderia ter sido melhor? Poder�amos ter explorado melhor a economia favor�vel e o momento do Brasil na pol�tica externa? Creio que sim. Fizeram o que tinham para fazer, mas poderiam ter feito muito mais. � o que vamos provar na elei��o.
O que o senhor pensa da tentativa de Lula de buscar novo mandato?
� natural. O governo Bolsonaro o ressuscitou. Foi t�o ruim e aqu�m do esperado que fez com que as pessoas fizessem uma compara��o e, como n�o se discute com n�meros, trouxe � face uma impress�o de solu��o f�cil e r�pida, que o problema do pa�s pode ser resolvido da noite para o dia. [H�] um saudosismo em rela��o aos dois mandatos de Lula, mas o cen�rio � absolutamente diferente. N�o existe receita de bolo. Por isso, vejo com preocupa��o essa possibilidade de volta ao passado.
O senhor projetou chegar a 6% ou 8%, mas h� grande diferen�a de Lula e Bolsonaro para os outros nomes postos. Como pretende alcan��-los?
O plano � levar o trabalho e as propostas a todo o pa�s. Vamos intensificar as agendas em todos os estados para mostrar uma op��o diferente. Tenho a percep��o de que o eleitor que est� votando no PT tem vergonha de votar no PT, mas tem que votar porque n�o pode deixar um louco, antivacina e terraplanista no governo. E vice-versa: boa parcela dos eleitores do Bolsonaro sabe que ele � despreparado e do dano que causou na condu��o da pandemia, mas o sentimento que predomina entre eles � ‘n�o podemos deixar o PT voltar’. � um cen�rio muito parecido com o que vivemos em Minas em 2018. O eleitor do Anastasia n�o queria votar nele, mas n�o podia deixar o Pimentel. O eleitor do Pimentel sabia do desastre que era a administra��o dele, mas n�o podia deixar o PSDB voltar. Na reta final, descobriu-se uma terceira op��o [Romeu Zema, do Novo], que saiu vitoriosa. Esse ser�, acredito, exatamente o script da elei��o em 2022. O desafio � apresentar a terceira op��o �s pessoas. Ciro � puxadinho do Lula; Moro � puxadinho do Bolsonaro. Apresentamos uma op��o realmente diferente, que foge do debate ideol�gico e parte para resolver os problemas reais do homem comum. Somos a �nica terceira via, de fato, vi�vel.
Em Minas, o Avante comp�e a base aliada a Zema. O senhor cr� que o partido apoiar� a reelei��o do governador?
O cen�rio pol�tico muda muito, mas caminha para isso. Na maioria dos estados, voc� n�o consegue enxergar um bom candidato, que tenha trabalho para mostrar. Minas talvez seja o �nico estado que tem um bom problema. H� dois candidatos [Zema e Alexandre Kalil, PSD] muito bem avaliados, trabalho para mostrar, n�meros a apresentar e que dialogam com eleitor, que vai ter que escolher entre um ou outro. Vejo bom cen�rio para a pol�tica de Minas e com bons olhos o momento do estado.