
Apesar das tens�es entre R�ssia e Ucr�nia, o presidente Jair Bolsonaro (PL) n�o desmarcou a viagem a Moscou, capital russa. Ele vai embarcar nesta segunda-feira (14/2) para conversar com Vladimir Putin. Em pauta estar�o assuntos como energia, agricultura e defesa nacional. Al�m de uma reuni�o formal entre os presidentes, est� previsto um almo�o entre Bolsonaro e Putin.
A fala foi feita instantes ap�s encerrar uma entrevista a Anthony Garotinho, ex-governador do Rio de Janeiro e apresentador da "Super R�dio Tupi", emissora fluminense.
Em meio � expectativa pela ida de Bolsonaro � R�ssia, l�deres internacionais conversam com Putin em prol de p�r fim ao imbr�glio diplom�tico com os ucranianos. O presidente brasileiro deve desembarcar na ter�a-feira (15/2), em virtude do longo tempo de deslocamento entre as na��es.
"A gente pede a Deus que reine a paz no mundo para o bem de todos n�s", afirmou o presidente brasileiro, ao abordar o clima b�lico que vivenciar� de perto em breve.
Biden e Putin conversaram ao telefone
Neste s�bado, o presidente estadunidense, Joe Biden, advertiu o governo russo sobre os "custos severos" gerados por eventual ataque � Ucr�nia. Mais de 100 mil soldados de Putin est�o posicionados na fronteira que separa os pa�ses. Os Estados Unidos reiteraram que atacar a Ucr�nia "provocaria um sofrimento humano generalizado e diminuiria a posi��o da R�ssia".Apesar das suspeitas sobre poss�vel invas�o ao solo ucraniano, os russos alegam que n�o querem ferir a soberania nacional alheia - a alega��o � que, na verdade, � a Organiza��o do Tratado do Atl�ntico Norte (Otan), � quem atenta contra a R�ssia por ir rumo ao Leste Europeu para ampliar o seu rol de atua��o.
Ao tratar da suspeita de ataque, Putin classificou o tema como "especula��o provocativa". Seu assessor diplom�tico, Yury Ushakov, denunciou um "auge" da "histeria" dos Estados Unidos. Ushakov informou, no entanto, que durante um telefonema de cerca de uma hora, seu chefe e Biden "concordaram em manter os contatos em todos os n�veis" para desativar a crise.
Putin conversou anteriormente com o presidente franc�s, Emmanuel Macron, que lhe advertiu que "um di�logo sincero n�o � compat�vel com uma escalada militar".
Ontem, o Minist�rio das Rela��es Exteriores do Brasil fez um afago � Ucr�nia. Em nota oficial, a pasta celebrou o anivers�rio de 30 anos das rela��es diplom�ticas entre o pa�s europeu e os brasileiros. O comunicado ressalta o que chama de "m�ltiplos contatos de alto n�vel" entre os chefes dos dois Estados.
Corrida por fertilizantes d� o tom de incurs�o pela R�ssia
Segundo a "BBC Brasil", Bolsonaro ter� de fazer cinco exames de COVID-19 para encontrar Putin. Por l�, al�m de conversar com Putin, deve tratar tamb�m com empres�rios locais. H�, no setor agr�cola brasileiro, certa preocupa��o em torno da pol�tica protecionista russa sobre os fertilizantes.Apesar da sensibilidade do tema, Tereza Cristina, ministra da Agricultura, n�o poder� viajar, porque testou positivo para o coronav�rus.
A agenda de Bolsonaro na R�ssia est� programada desde outubro do ano passado. Ontem, o brasileiro reiterou que foi o pr�prio Vladimir Putin o respons�vel por propor a ida dele ao territ�rio moscovita.
"Nossa pol�tica externa sempre foi pela paz e respeito � soberania de outros pa�ses. O Brasil n�o tem problemas na Am�rica do Sul e sempre optou pelas vias pac�ficas na solu��o de conflitos externos. Vou � R�ssia por convite, com�rcio e paz", pontuou, � "CNN Brasil".
Depois da R�ssia, a Hungria
No dia 17, Bolsonaro passar� pela Hungria, do primeiro-ministro Viktor Orb�n, governante avesso aos interesses ocidentais e � democracia - valores opostos ao que se espera de um pa�s que planeja entrar na Organiza��o para a Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico (OCDE), desejo do Brasil.Segundo Flavia Loss de Ara�jo, professora de rela��es internacionais da Unicsul, o problema da viagem � o contexto atual e a imprevisibilidade de uma eventual declara��o de Bolsonaro.
"O Brasil est� isolado, e a ida � R�ssia e � Hungria � um aceno ao eleitorado e n�o � comunidade internacional", frisou.
Para o pesquisador do N�cleo de Intelig�ncia Internacional da Funda��o Getulio Vargas (FGV) Leonardo Paz Neves, h� um imbr�glio diplom�tico que o Brasil n�o avaliou ao aceitar o convite.
"Se n�o for, o governo vai se indispor com Vladimir Putin", alertou.
O consultor de An�lise Pol�tica da BMJ Consultores Associados, Bernardo Nigri, refor�ou que o governo busca demonstrar o n�o isolamento no cen�rio internacional.
"Um dos principais apelos para Bolsonaro visitar Putin � o conservadorismo do l�der russo. Nesse sentido, busca acenar para sua base eleitoral, que v� no presidente da R�ssia uma outra figura conservadora em posi��o de destaque no cen�rio internacional", explicou.
(Com Deborah Hana Cardoso, do Correio, e AFP)