
“Nunca desejei dar reajuste apenas aos oficiais, n�o porque n�o merecessem, mas porque sabia de antem�o que a corpora��o inteira esperaria por um aumento equ�nime para todos os escal�es. Naturalmente, tal medida demandaria tempo para tramitar na Assembleia, al�m de gerar repercuss�o em todo o funcionalismo, bem como grande aumento do custo da folha de pagamento pessoal. Entretanto, no dia seguinte, os dirigentes da PMMG, inclusive o chefe do Estado-Maior, coronel Hebert Magalh�es, voltaram ao meu gabinete. Lembraram uma greve de oficiais que acontecera no governo Newton Cardoso e propuseram que o reajuste de 11% aos coron�is fosse estendido aos oficiais, mediante gratifica��o, que n�o precisava ser aprovada pela Assembleia. Como acabei de observar, ponderei que ser�amos levados a estender o reajuste tamb�m aos pra�as, aos detetives e aos agentes penitenci�rios, o que exigira tempo, discuss�o e aprova��o dos deputados estaduais. Recebi, ent�o, a informa��o de que aquela era a melhor alternativa, segundo a Secretaria de Administra��o, e que tudo seria comunicado � tropa.”
Integra a autobiografia “O ‘x’ no lugar certo – Desafios e mem�rias da vida p�blica”, escrita durante os 18 meses – maio de 2018 a novembro de 2019 – em que esteve detido na sede do 1º Batalh�o do Corpo de Bombeiros. Vinte e tr�s anos ap�s a den�ncia de caixa 2 em sua campanha � reelei��o ao governo de Minas de 1998, Azeredo foi condenado pela Justi�a comum.
Essa decis�o foi suspensa em junho de 2021 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por erros processuais, j� que a compet�ncia para julgar a��o do g�nero seria da Justi�a Eleitoral. No contexto do lavajatismo, Azeredo afirma ter sido v�tima de lawfare e d� a sua vers�o da hist�ria, apelidada pela imprensa de “Mensal�o Tucano”, porque estava envolvido no caso o publicit�rio Marcos Val�rio, mesma personagem do chamado “Mensal�o do PT”.
Editado pelo Instituto Amilcar Martins pela Cole��o Mem�rias de Minas, o livro, organizado pelo jornalista Francisco Brant, ser� lan�ado em 7 de mar�o, segunda-feira, �s 19h, na Academia Mineira de Letras. A venda de exemplares a R$ 45 ser� revertida para a Cidade dos Meninos.
Na Livraria Leitura o livro custar� R$ 55. “A ideia inicial para escrever minhas mem�rias foi de Carlos M�rio Velloso (ministro aposentado do STF). Comecei l� no Corpo de Bombeiros, a m�o, em folhas avulsas porque achei importante deixar o registro de minha vida p�blica, principalmente, � frente da Prefeitura de Belo Horizonte (abril de 1990 – 1º janeiro de 1993) e do governo do estado (1º janeiro 1995 – 1º janeiro 1999)”, conta.
Na Livraria Leitura o livro custar� R$ 55. “A ideia inicial para escrever minhas mem�rias foi de Carlos M�rio Velloso (ministro aposentado do STF). Comecei l� no Corpo de Bombeiros, a m�o, em folhas avulsas porque achei importante deixar o registro de minha vida p�blica, principalmente, � frente da Prefeitura de Belo Horizonte (abril de 1990 – 1º janeiro de 1993) e do governo do estado (1º janeiro 1995 – 1º janeiro 1999)”, conta.
SEM APOIO
Em suas mem�rias, Azeredo evita expor ex-aliados, mas fica subentendido em sua narrativa que nos momentos mais dif�ceis, em que procurava se defender das acusa��es, n�o recebeu apoio do PSDB, legenda que ajudou a fundar e da qual se desfiliou em maio de 2019. Azeredo conta que, em 2014, o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) fez chegar ao seu advogado a sugest�o de que renunciasse ao mandato parlamentar.
“Entendi que Sampaio falava em nome do PSDB”, escreve. Com a ren�ncia ao mandato de deputado federal, o caso, que seria julgado no Supremo Tribunal Federal (STF), foi enviado � primeira inst�ncia.
“Entendi que Sampaio falava em nome do PSDB”, escreve. Com a ren�ncia ao mandato de deputado federal, o caso, que seria julgado no Supremo Tribunal Federal (STF), foi enviado � primeira inst�ncia.
Em presta��o de contas, o livro aborda as crises enfrentadas. Apresenta a sua narrativa da greve da Pol�cia Militar de 1997, contextualizando a origem do movimento, que teve ampla repercuss�o nacional, uma vez que, em efeito domin�, espalhou-se por todos os estados. Ao discutir as pol�ticas implementadas, entre as a��es que considera positivas Azeredo menciona a implanta��o do Programa Sa�de da Fam�lia, com 762 equipes em todo o estado, a instala��o de 70 cons�rcios intermunicipais de sa�de.
� frente da PBH, ele cita investimentos de 32% das receitas em educa��o – que afirma terem sido ampliados para 45% quando governador. E afirma ainda que, depois do governo de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, “o metr� da nossa capital n�o recebeu um palmo sequer de trilhos, mesmos nos governos simult�neos do PT na prefeitura, no estado e na Presid�ncia da Rep�blica”.
Reiterando apoio �s urnas eletr�nicas, Azeredo discorre, como t�cnico da IBM e mais tarde como especialista em inform�tica, sobre a sua participa��o no processo de informatiza��o da Justi�a Eleitoral.
Reiterando apoio �s urnas eletr�nicas, Azeredo discorre, como t�cnico da IBM e mais tarde como especialista em inform�tica, sobre a sua participa��o no processo de informatiza��o da Justi�a Eleitoral.
�ltima elei��o em que PT e PSDB estiveram juntos no segundo turno – os dois partidos passariam a polarizar as disputas nacionais pelos pr�ximos 20 anos –, Azeredo dedica boas p�ginas de suas mem�rias para reviver o pleito de 1994. Ele concorreu ao governo de Minas ao lado de Walfrido Mares Guia, vice na chapa.
Ao mesmo tempo em que detalha a atua��o do ex-governador H�lio Garcia em sua campanha; relembra a dram�tica virada eleitoral sobre o ent�o advers�rio H�lio Costa, favorito para vencer no primeiro turno. Pela estreita margem de 1,7 ponto percentual, H�lio Costa n�o venceu no primeiro turno. Como a apura��o dos resultados era manual, as incertezas em rela��o � disputa seguiram por quase 10 dias, at� o fim da contagem dos votos.
Ao mesmo tempo em que detalha a atua��o do ex-governador H�lio Garcia em sua campanha; relembra a dram�tica virada eleitoral sobre o ent�o advers�rio H�lio Costa, favorito para vencer no primeiro turno. Pela estreita margem de 1,7 ponto percentual, H�lio Costa n�o venceu no primeiro turno. Como a apura��o dos resultados era manual, as incertezas em rela��o � disputa seguiram por quase 10 dias, at� o fim da contagem dos votos.
No segundo turno das elei��es de 1994, n�o apenas H�lio Garcia entrou de forma assertiva na campanha de Eduardo Azeredo, como o ent�o tucano – que nas elei��es 1992 � Prefeitura de Belo Horizonte havia apoiado, no segundo turno, o candidato do PT, Patrus Ananias – teve a retribui��o da legenda.
H� farto material fotogr�fico no livro, inclusive registros da campanha de segundo turno, em que Patrus Ananias (ent�o prefeito de BH), Chico Ferramenta (ex-prefeito de Ipatinga), J� Moraes (ex-deputada federal), Walfrido Mares Guia e Eduardo Azeredo panfletam na madrugada, � porta da Fiat, em Betim. Azeredo tamb�m teve a ades�o naquele segundo turno de Jos� Alencar Gomes da Silva, que no primeiro turno fora candidato pelo ent�o PMDB.
Depois de eleito e empossado, Azeredo recebeu visita de cortesia de Lula no Pal�cio da Liberdade, que lhe entregou o relat�rio de sua Caravana pelo Jequitinhonha. Lula havia sido derrotado por Fernando Henrique Cardoso naquele pleito. Acreditando que H�lio Costa venceria a elei��o no primeiro turno, FHC hesitou em apoiar a campanha de Azeredo.
Quatro perguntas para...
Eduardo Azeredo, ex-governador de Minas
Qual foi a motiva��o para o livro e quando foi escrito?
Em primeiro lugar, gostaria de dizer que nunca fui escritor, cheguei at� a editar a colet�nea “Janelas de Minas”, de fotografias, um outro de entrevistas quando fui governador, outro que foram edi��es de discursos que fiz no Congresso Nacional. A ideia do livro foi preencher uma lacuna, que eu realmente n�o tinha feito um registro de minha vida de governo, principalmente � frente da Prefeitura de Belo Horizonte (abril de 1990 – 1º janeiro de 1993) e de governo do estado (1º janeiro 1995 – 1º janeiro 1999). No Congresso Nacional, foi uma �poca em que divulguei um pouco mais as separatas (textos, artigos e trabalhos publicados em edi��es legislativas). Ent�o, aproveitei para registrar esse per�odo. Assim, procurei abordar tamb�m e discutir uma certa injusti�a que se faz aos pol�ticos, pois quanta coisa que fazemos, quanto esfor�o, as pessoas esquecem. Eu precisava tamb�m apontar os equ�vocos que aconteceram no processo judicial contra mim, que a cada dia ficam mais claros.
A Justi�a foi usada no Brasil para perseguir pessoas?
Sim, n�o tenho dificuldade para dizer que sim. A legisla��o foi desvirtuada e interpretada ao prazer do momento, alguns dos ju�zes chegaram a dizer que decidiram sob o calor da imprensa como um todo. E a� tem uma frase do Bonif�cio Andrada que reproduzi no livro. Ele diz: “No passado, os ju�zes tinham muito receio de condenar, com medo de errar. Hoje eles t�m receio de absolver”. N�o posso garantir, mas tenho informa��es de que o Rodrigo Janot (ent�o procurador-geral da Rep�blica) fez isso para fazer o contraponto ao momento em que o PT vivia. Mas digo, foi algo incentivado por umas poucas pessoas do PT, pois tenho um epis�dio, registro no livro, tamb�m, que a bancada do PT no Senado, de 11 senadores, se reuniu para decidir se pedia a minha cassa��o, quando surgiram os rumores. Dez me apoiaram, s� um votou a favor.
Como foi a perman�ncia no Corpo Bombeiros, que reintegrou grevistas da PM da greve de 1997 expulsos da corpora��o por motim?
A solu��o que o Itamar Franco arrumou foi mand�-los para o Bombeiros. Ele readmitiu contra a vontade do Comando da Pol�cia Militar. Mas como ele tinha prometido eleitoralmente que daria anistia, esse contingente processado foi absorvido no Corpo de Bombeiros. E deram independ�ncia ao Corpo de Bombeiros, que antes era um batalh�o da PM. Agora, ali � Academia de Bombeiros, ent�o eu n�o tinha maior contato com os integrantes.
Qual � a sua opini�o hoje sobre movimentos grevistas de policiais militares?
Eu continuo com a mesma opini�o. Acho que uma for�a armada n�o pode fazer greve n�o, principalmente de rua. E cabe ao comando ter o comando.
Servi�o
“O 'x' no lugar certo – Desafios e mem�rias da vida p�blica”
Eduardo Azeredo
Editado pelo Instituto Cultural Amilcar Martins
92 p�ginas
R$ 55 (Venda na Livraria Leitura/BH Shopping)