
“Fiquei pensando, se eu me senti ofendido, o que dir� os povos ind�genas e aqueles que dedicam a vida nessa defesa eterna da causa?”, questionou. O indigenista anunciou a devolu��o da comenda e a entrega de uma carta endere�ada ao ministro Anderson Torres. Sem mencionar o teor do documento, ele afirmou que a carta � “de f�rum �ntimo e expressa a sensa��o de algu�m que se sentiu ofendido”.
A inten��o de Possuelo � tamb�m de chamar aten��o para a pol�tica anti-indigenista do governo. “A Constitui��o, no artigo 231, determina e d� um prazo para as demarca��es, ele [Bolsonaro], em sua campanha, diz que n�o vai demarcar. � uma a��o contra os povos ind�genas. Por isso, julguei que essa pol�tica � a pior de todas. Dos que aceitaram e foram alardeados todos concordam com essa pol�tica que o governo vem adotando. Tenho a medalha h� 35 anos com orgulho e, de repente, vejo que ela est� desmanchando. Eu n�o vejo de forma nenhuma ele [Bolsonaro] tendo esse cuidado com esses povos”, explicou.
De acordo com o sertanista, entidades indigenistas, como a Articula��o dos Povos Ind�genas do Brasil (Apib), est�o se movimentando para que a Justi�a se manifeste em rela��o � condecora��o direcionada ao presidente da Rep�blica. A homenagem foi duramente criticada no Congresso e nas redes sociais.
Vida dedicada � causa ind�gena
O defensor indigenista recebeu sua comenda em 1987. A medalha de m�rito indigenista foi uma homenagem criada em 1972 para condecorar aqueles que dedicam a vida — ou parte dela — � causa.
Possuelo, em sua gest�o � frente da Funda��o Nacional do �ndio (Funai), na d�cada de 1990, participou da demarca��o das terras Yanomami e de mais 166 novas demarca��es de outros povos ind�genas — a quantidade duplicou sob sua gest�o. Houve, tamb�m, um maior cuidado com os �ndios isolados, com a��es voltadas � prote��o de comunidades amea�as por madeireiras e garimpo ilegal na Amaz�nia.
“Foram 48 anos de indigenismo e sou muito grato � vida por ter dado a oportunidade de trabalhar com �ndios. A conviv�ncia com eles abre a cabe�a e o cora��o para sentimentos perdidos na sociedade. Esse prest�gio cair na m�o de pessoas erradas � desonroso”, considerou.