
O ministro da Educa��o, Milton Ribeiro, afirmou ontem que tinha conhecimento das manobras il�citas de pastores — possivelmente de Gilmar Santos e Arilton Moura, acusados de pedirem propina para libera��o de recursos do MEC — dentro da pasta, que, segundo ele, ocorriam desde 2020. Segundo ele, depois de receber den�ncias an�nimas pediu a apura��o da atua��o da dupla, que, conforme relatou, ocorria em sigilo. Ribeiro disse que, para n�o despertar suspeitas de que os dois religiosos estavam sendo vigiados, foi orientado at� mesmo a receb�-los no gabinete do Minist�rio da Educa��o em quatro ocasi�es diferentes.
Ribeiro garantiu que depois de ter ouvido coment�rios sobre Gilmar e Arilton, recebeu uma den�ncia an�nima sobre a corrup��o praticada pelos dois. Por conta disso, o ministro afirmou ter reunido o gabinete do MEC e, ap�s relatar as suspeitas em um documento, entregou-o ao ministro da Controladoria-Geral da Uni�o (CGU), Wagner Ros�rio.
"Pedi que ele tomasse as provid�ncias. Ele me disse que iria instaurar uma investiga��o sigilosa. Havia uma poss�vel media��o de uma conversa", explicou, sem, por�m, mencionar quem s�o os pastores investigados pela CGU.
"Em agosto de 2020, fui numa determinada cidade e ouvi algum coment�rio dessa natureza e, depois, recebi denuncia an�nima sobre uma poss�vel pr�tica. N�o estou falando que houve esse tipo de pedido. Reuni meu gabinete, conversei com meu secret�rio-executivo (Victor Godoy), e pedi que reduzisse a termo oficial em um documento. Em agosto do ano passado, marquei uma reuni�o com o ministro da CGU. Fui l�, entreguei esse documento e pedi que ele tomasse as provid�ncias. Ele me disse que iria instaurar uma investiga��o sigilosa. O m�rito era que havia uma poss�vel media��o de uma conversa, que n�o era uma conversa que eu achava boa. Diante dessa conversa, n�o fiquei de bra�os cruzados", enfatizou, durante entrevistas a emissoras de r�dio e de tev�.
O ministro negou que houvesse a determina��o de atender "primeiro os munic�pios que mais precisam e, em segundo, a todos os que s�o amigos do pastor Gilmar" — conforme �udio atribu�do a ele. Explicou que os pedidos s�o inseridos em uma lista organizada pelos t�cnicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa��o (FNDE), que avan�am � medida que a documenta��o requerida em cada processo � atendida.
"�s vezes falta um documento. Os que foram atendidos antes, certamente preencheram todos os requisitos. Eu desconhe�o essa velocidade (no atendimento), n�o foi por minha media��o. Se aconteceu, deve ter sido porque eles conseguiram alcan�ar a documenta��o necess�ria", defendeu.
Questionado sobre a presen�a de Gilmar e Arilton na comitiva ministerial que fez uso de avi�es da For�a A�rea Brasileira (FAB), Ribeiro garantiu que "jamais embarcaram nos avi�es da FAB".
Perman�ncia
Ribeiro afirmou que "est� firme" no cargo e que conversou com o presidente Jair Bolsonaro (PL). "Depois do �udio, o presidente me ligou e disse: 'Eu n�o vejo nada demais no �udio'. Eu n�o o procurei. O cargo que eu estou � de confian�a do presidente. O que ele falou � que eu permane�o, eu fico de acordo com a sua confian�a. Se ele quiser, quando quiser, ele pode pedir o cargo. N�o tenho nenhum apego ao cargo", assegurou.
As explica��es de Ribeiro, por�m, amenizaram a crise pelo menos na ala evang�lica — uma das vozes mais fortes no governo. Se mais cedo o grupo pedia a cabe�a de Ribeiro, depois da entrevista o tom mudou.
"Vi na fala do ministro a plena disposi��o na apura��o dos fatos, que � o que n�s queremos, para que se algu�m praticou algum ato il�cito, que seja exemplarmente punido", afirmou o presidente da Frente Parlamentar Evang�lica, deputado S�stenes Cavalcante (PL-RJ). Mais cedo, afirmou que precisava "ser esclarecido a fala final do ministro (no �udio), quando ele cita os recursos para a igreja. Sabemos que � imposs�vel fazer repasse de recursos de qualquer minist�rio � Igreja".
Ribeiro contou com a defesa at� mesmo do vice-presidente Hamilton Mour�o (Republicanos), que o classificou como uma pessoa "honesta". Segundo o general, "n�o h� problema" algum que ele permane�a no MEC at� esclarecer o caso. "Tem honestidade e prop�sito, � uma pessoa extremamente educada, cautelosa nas coisas", explicou.