
Segundo Alexandre Concei��o, que integra a Dire��o Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), � a primeira vez que a entidade participa de forma organizada das elei��es. Nos anos anteriores, os candidatos foram decididos localmente, sem uma decis�o central do MST.
"O diferencial � essa entrada mais organizada, por conta da crise e da falta de representa��o no Congresso hoje", afirma Alexandre. Segundo ele, a atua��o do movimento durante a pandemia, com a distribui��o de alimentos, colocou as lideran�as pol�ticas do MST em destaque e atraiu pedidos de partidos e do pr�prio ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) para que dirigentes do movimento participem das elei��es.
Atualmente, o movimento tem tr�s representantes na C�mara: Valmir Assun��o, Jo�o Daniel e Marcon, todos do PT. O objetivo, segundo Alexandre, � dobrar a representa��o com Rosa Amorim, por Pernambuco; Ruth Venceremos, pelo Distrito Federal; e Gilv�nia Ferreira, pelo Maranh�o. Todos concorrer�o pelo PT. "N�s queremos construir uma bancada da agricultura familiar, dos povos ind�genas, dos ribeirinhos, que possa debater sobretudo a soberania nacional do pa�s, a produ��o de alimentos saud�veis, a reforma agr�ria", diz Alexandre.
"O Brasil n�o resiste mais a um desgoverno, que n�o deu garantia, que tirou o poder de compra n�o s� da agricultura familiar, mas tamb�m dos trabalhadores", disse a coordenadora-geral da Confedera��o Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar no Brasil (Contraf), Josana Lima. "N�s temos muita disposi��o nesse processo de reconstruir a pauta. A zona rural precisa ser conhecida como um espa�o que tem vida, um espa�o que tem pessoas", continua.
Josana afirma que os agricultores familiares foram os mais atingidos pela pandemia, e tiveram grande dificuldade ao ficar isolados em suas comunidades e n�o conseguirem inser��o com qualidade no ensino on-line para os mais jovens. Segundo ela, as dificuldades e os desmontes dos �ltimos anos fizeram a categoria se mobilizar mais nesta elei��o.
"Est� muito claro na nossa base que as elei��es de 2022 ser�o diferenciadas. E isso come�ou na disputa passada para prefeito", afirma Josana. A categoria est� buscando montar bancadas agora para as assembleias legislativas estaduais e tamb�m para o Congresso. O entendimento � que n�o adianta eleger um presidente alinhado com os interesses dos agricultores familiares, se n�o houver representantes no Legislativo para alterar a legisla��o.
Demandas e propostas
J� a Confedera��o Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) ainda n�o definiu quais candidatos vai apoiar, mas concorda que o governo Bolsonaro foi extremamente prejudicial para a categoria. "Os agricultores e as agricultoras familiares est�o cada vez mais atentos �s propostas em debate nestas elei��es, exatamente pelo cen�rio de pandemia e, sobretudo, da infla��o, do desemprego, do aumento do pre�o dos combust�veis, das tarifas de energia e dos custos de produ��o", disse o presidente da Contag, Aristides Santos.
No momento, a atua��o da Contag ocorre no di�logo com os agricultores familiares para entender quais s�o as demandas e propostas que podem beneficiar a categoria. Com essas informa��es, a confedera��o vai preparar uma Plataforma da Agricultura Familiar para apresentar aos candidatos ao Planalto, al�m de pautar tamb�m os governos estaduais e municipais.
Para o professor de ci�ncia pol�tica da UnB David Fleischer, os movimentos rurais costumam ter for�a nas elei��es locais, mas isso varia muito de acordo com a regi�o. "Em alguns estados, eles t�m mais eleitores; em outros, menos. A estrat�gia � tentar eleger principalmente deputados estaduais, talvez algum deputado federal. Por�m, na elei��o presidencial, eles n�o t�m tanto peso, n�o", afirma.
Fleischer avalia que o atual governo, por desmontar as pol�ticas sociais e pela m� gest�o da pandemia, levou a uma maior mobiliza��o dos movimentos sociais no geral, incluindo rurais.
Demandas
Principais pontos para 2022, segundo os movimentos rurais
Preocupa��o com a situa��o econ�mica: alta infla��o e fome;
Falta de medidas para mitigar a estiagem no Sul e as enchentes no Sudeste e no Nordeste;
Paralisa��o da reforma agr�ria;
Desestrutura��o dos servi�os do INSS;
Falta de recursos para a equaliza��o do cr�dito rural e para o Plano Safra;
Condi��o prec�ria da sa�de na zona rural;
Filas longas para a Previd�ncia Social e para o Aux�lio Doen�a;
Aumento da produ��o de alimentos
Frase
A estrat�gia � tentar eleger principalmente deputados estaduais, talvez algum deputado federal. Por�m, na elei��o presidencial, eles n�o t�m tanto peso, n�o"
David Fleischer, cientista pol�tico