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Estado de Minas ELEI��ES 2022

Corrida para tirar o t�tulo de eleitor

No primeiro trimestre, TSE registra aumento de 25,4% na quantidade de jovens com menos de 18 anos que se alistaram para votar em outubro


25/04/2022 04:00 - atualizado 25/04/2022 11:55

Isadora Luíza Ferreira de Souza, estudante
''Voc� est� vendo que a hist�ria est� se repetindo ao longo do tempo. N�s, jovens, somos os que podemos mudar, porque uma pessoa mais velha j� tem a concep��o de mundo feita'' - Isadora Lu�za Ferreira de Souza, estudante (foto: TSE/Divulga��o)
Isadora Lu�za Ferreira de Souza tem 15 anos e, at� dois meses atr�s, vivia em Monsenhor Horta, distrito de Mariana, em Minas Gerais. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), a regi�o tem 1.740 habitantes, na qual 889 s�o mulheres. A cidade � parte da hist�ria do Brasil, mas hoje n�o � a mais badalada do circuito hist�rico mineiro.

Considerada �rea rural de Mariana, a maioria de seus moradores ganha a vida pela atividade agr�cola. Foi nesse contexto que Isadora cresceu. A menina, que � apaixonada pelo estudo da hist�ria, quando soube que a lei permitia – mesmo sem os 16 anos completos – antecipar a retirada do t�tulo de eleitor, fez quest�o de realizar o processo.

"Voc� est� vendo que a hist�ria est� se repetindo ao longo do tempo. N�s, jovens, somos os que podemos mudar, porque uma pessoa mais velha j� tem a concep��o de mundo feita. Desde que eu era mais nova tinha interesse em ter a minha voz e fazer minhas pr�prias escolhas. Sempre fui uma crian�a que assistia ao jornal e gostava de acompanhar a pol�tica. Assim que descobri que poderia tirar o t�tulo, j� quis. Falei com os meus pais e n�o pedi, s� avisei que ia tirar. Meu pai me sugeriu tirar depois, mas eu expliquei que tento me conscientizar o m�ximo que posso e por isso fazia quest�o", comentou.



Decidida, Isadora foi com a m�e at� o cart�rio eleitoral. "Ao mesmo tempo em que tenho um pai machista, tenho uma m�e muito empoderada, que vai contra tudo isso. Ent�o, desde o in�cio me apoiou e foi comigo tirar o t�tulo. Minha m�e me ensinou que n�o se deve votar nulo e branco, pelo fato de que foi muito dif�cil, principalmente para n�s, mulheres, termos direito de tirar o voto direto", explicou. Isadora detalhou a sensa��o que teve ao ter o documento em m�os. "Cresci como cidad�. Foi uma sensa��o incr�vel", revelou.

Isadora se informou pelo estudo, mas tamb�m foi estimulada pelas informa��es do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A campanha do �rg�o para estimular o alistamento de eleitores de 15 a 17 anos surtiu efeito. S� nos primeiros tr�s meses deste ano, 1,1 milh�o de adolescentes se cadastraram para participar do pleito de outubro. O n�mero � bem maior que o registrado no primeiro trimestre de 2018, ano das �ltimas elei��es presidenciais, quando 877 mil jovens procuraram a Justi�a Eleitoral para garantir o direito de voto – um aumento de 25,4%.

No m�s passado, o TSE promoveu a Semana do Jovem Eleitor, para conscientizar o p�blico da import�ncia de participar do processo de escolha dos representantes. Somente em 24 e 25 de mar�o foram emitidos mais de 90 mil t�tulos para quem tem menos de 18 anos.

Artistas e influenciadores 

Cientistas pol�ticos apontam outro fator para explicar o aumento do interesse dos jovens: a campanha do TSE ganhou a ades�o espont�nea de artistas e influenciadores digitais, como a cantora Anitta. Mais pr�ximos do di�logo com essa parcela da sociedade, eles ajudaram a refor�ar a mensagem da import�ncia do voto para a solu��o dos problemas do pa�s, em um ambiente democr�tico.

Carol Yoki Pataxó, jovem índia
''O meu papel � o de mudar o que est� acontecendo para as pr�ximas gera��es, igual meus ancestrais fizeram. E eles tentaram o m�ximo poss�vel resistir para existir'' - Carol Yoki Patax�, jovem �ndia (foto: TSE/Divulga��o)

Entre os jovens eleitores contabilizados pelo TSE est� Anabel Almeida, de 17, estudante da unidade p�blica de ensino do Recanto das Emas, no Distrito Federal. No �ltimo ano do ensino m�dio, ela diz que foi incentivada a tirar o t�tulo. "Acho importante os jovens fazerem esse movimento para contribuir com a democracia brasileira. Tamb�m fiz o t�tulo porque quero ajudar a tirar o Bolsonaro do poder. Se todos os adolescentes que eu conhe�o votassem contra ele, eu tenho certeza de que j� seria uma grande ajuda”, declarou.

D�bora Messenberg, soci�loga e professora da Universidade de Bras�lia (UnB), observa que essa dificuldade inicial de incluir o jovem e fazer com que ele tenha iniciativa em rela��o � vida p�blica pode vir de um sentimento coletivo de desinteresse da sociedade � pol�tica institucional. Portanto, ela defende que o est�mulo � educa��o pol�tica deve come�ar desde a inf�ncia, por uma perspectiva de a��o coletiva.

"Primeiro, � preciso desmistificar que a pol�tica � algo ruim ou algo externo a n�s e esclarecer que a pol�tica a gente faz diariamente, seja percebendo isso, seja n�o percebendo. E, de outra forma, mostrar que � importante essa participa��o ativa na vida p�blica. Por isso, quanto mais cedo, melhor. Eu acredito que esteja com os jovens a perspectiva de mudan�a social, porque s�o eles que ainda trazem o esp�rito e o desejo da transforma��o", complementou.

Recado para futuras gera��es

Carol Yoki Patax� tem 18 anos e � nativa do povo patax�, localizado em Minas Gerais. Ela comentou que n�o pesquisa sobre temas pol�ticos, tamb�m acha que s�o poucas as pessoas que explicam sobre o assunto. Mas, com a ascens�o do presidente Jair Bolsonaro (PL), a cada declara��o do presidente dirigida aos povos ind�genas ela passou a entender a import�ncia de estar inserida nesse ambiente. "Eu decidi (tirar o t�tulo) porque eu vejo que tem muita coisa acontecendo que eu n�o concordo. Acho que eu deveria participar desses governos, de quem est� comandando o meu pa�s, porque, como eu sou nativa, eu acho que tenho que ter alguma influ�ncia no que v�o fazer no meu territ�rio, nas minhas florestas, em tudo”, compartilhou.

“O meu papel � o de mudar o que est� acontecendo para as pr�ximas gera��es, igual meus ancestrais fizeram. E eles tentaram o m�ximo poss�vel resistir para existir. Tentaram mudar o que estava acontecendo, n�o deu muito certo. Ainda assim, eles tentaram e eu vou tentar fazer isso agora: mudar o nosso futuro para as pr�ximas gera��es. Eu acho que o voto vai mudar muita coisa sim”, definiu.

D�bora Messenberg alertou, no entanto, que apesar de os jovens terem uma posi��o pol�tica mais clara, eles ainda se interessam e se alinham a movimentos sociais mais espec�ficos de seu interesse, por isso esse pode ser, no geral, um voto difuso. “Os jovens particularmente t�m uma posi��o mais clara. Pelo menos as pesquisas indicam um maior descr�dito em considera��o do governo Jair Bolsonaro como ruim e p�ssimo. E tamb�m � f�cil entender a rejei��o � pr�pria pol�tica do governo em rela��o ao Minist�rio da Educa��o e mesmo na condu��o da pandemia. Ent�o, nesse sentido, eles s�o muito disputados pela oposi��o para que eles (jovens) antes de mais nada se cadastrem e efetivamente se tornem uma massa de votos contra o governo", conjecturou.

No balan�o do m�s de mar�o, o aumento de registros do TSE para a faixa et�ria entre 16 e 17 anos foi 45% maior do que a quantidade de alistamentos de fevereiro: de 200 mil para 290 mil. Caso abril repita os n�meros do mesmo m�s de 2018, quando houve 290 mil novos registros, as pr�ximas elei��es poder�o ter mais de 2 milh�es de jovens aptos a votar. Um n�mero que n�o vai ser ignorado por partidos e candidatos, mas ainda � distante dos 2,5 milh�es de adolescentes inscritos na Justi�a Eleitoral uma d�cada atr�s, em 2012. 


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